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Sander retorna com um feixe de folhas amarradas

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Sander retorna com um feixe de folhas amarradas. Seus olhos estão inchados e vermelhos como se estivesse há semanas sem dormir ou tivesse, no mínimo, chorado por um longo tempo. Acho tão bizarro o mero conceito de que possa ter emoções. Que tenha condições de sentir algo.

Ele nos encara e se demora em mim, estudando-me. Sabe que agora eu já sei o que sei. E quer saber o que penso.

Ergo o queixo e dou o melhor olhar que imagino comunicar:

Isso não muda nada, Sander Kravz.

— Talvez você devesse ir ajudar o rapaz — Doutor Salz diz, voltando a se sentar com dificuldade, assim que Sander, com uma careta de desgosto, se retira novamente. — Vá fazer um tour pela nossa bela prisão.

— Obrigada, acho que prefiro ficar por aqui — respondo, voltando a sentar-me no chão rochoso.

Antes um covarde do que um assassino de crianças, certo? Aqui pelo menos ouço histórias interessantes sobre o passado de Tibbutz. E posso tentar extrair informações de como cair fora.

— Ao lado de um velho como eu? — Ele ri levemente e tosse. — Você deveria buscar amizade com alguém da sua idade. Com um rapaz?

Faço uma expressão de nojo.

— Com Sander Kravz? É sério isso?

— Bem, a vida é longa e ser um Imperdoável pode se tornar bem solitário... — ele cantarola e ri, retomando a tarefa de costurar pratos.

Aí percebo que está apenas me provocando. Reviro os olhos e balanço a cabeça negativamente.

— O senhor sabe que existe... um lance entre eu e o seu filho. — Não me sinto à vontade para mentir a respeito disso, mas ao mesmo tempo penso que seja uma resposta convincente. "Um lance" não é longe da verdade.

Doutor Salz para o trabalho e me encara com uma expressão de infinita pena.

— Querida... Não existe nada entre você e meu filho.

Nossa. Ouvir isso em voz alta dói mais do que pensei que faria. Ele não está longe da razão, mas... nada é um pouco forte demais, mesmo nas atuais circunstâncias. Estou prestes a falar que Raah me beijou e tal, mas o senhor se adianta e interrompe minha pretensão de defesa.

— Para todos eles, você não existe mais — ele explica. — Esqueça da outra vida. Ela já é passado agora.

Alongo meus braços para o alto, inspirando fundo, contemplando as formas alternativas sobre como posso reagir a esse conselho. Por fim, resolvo abrir o jogo.

— Com todo o respeito, não estou planejando passar muito tempo aqui.

— Oh, não. — Dr. Salz me observa com um misto de compaixão e exasperação. — Você não pode voltar, minha querida. Nunca mais.

HUMANO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora