Logo apos o portão da entrada principal, um estreito corredor é mal iluminado por duas lampadas florescentes horizontais no teto. O branco das paredes contrasta com as quatro portas de tom mais suave; o elevador permanece parado. Uma das portas aquela localizada mais ao fundo, abre-se em discreto ângulo, sugerindo o acesso ao pequeno apartamento.
Rastros sanguíneos de sapatos marcam o piso úmido e acolhem os visitantes. A sala recebe com intensidade os ultimos raios de sol. O sofá esta perpendicular a televisão ligada no canal da novela. As almofadas repousam espalhadas sobre o tapete encardido com migalhas de pão; no centro do cômodo, um pequeno retângulo de vidro, apoiado por pés de ferro, sustenta um copo com marcas de batom. Em seguida a sala, adentra-se um corredor; a sua direita, apos a porta que dá acesso o banheiro, um quarto; a sua esquerda, outro - aos fundos, onde as sangrentas pegadas terminam, vê-se o que se parece ser a sala de jantar.
Junto ao guarda-roupa do quarto a direita, gavetas estao dispostas no chão. Há camisas e calças masculinas espalhadas sobre a cama desarrumada. Um cheiro de perfume irrita os olhos e cacos de vidro se derramam ao redor da escrivaninha de canto. Batons, pentes, escovas, pincéis e paletas desornam o ambiente. No outro quarto, um berço clama pela ausência de um recém-nascido. Sete pacotes fechados de fralda RN descasam sobre a cômoda de quatro gavetas. O guarda-roupa trancado esconde roupinhas preservadas, algumas ainda embrulhadas de presente. No chão, como mais um órfão de deus, um envelope aberto padece ao lado de um exame e, escondido entre letrinhas miúdas, o resultado: positivo.
Na cozinha, a panela de arroz ainda cru sobre a pia reproduz o reflexo dos garfos e facas amontoados. Escuta-se somente o barulho do frezeer da geladeira. Os seis queimadores do fogão estao apagados. No chão, ensopado, ao lado da mesa de quatro lugares, um espesso líquido enraiza-se no piso avermelhado enquanto uma aliança sem mãos reflete as rugas de um rosto feminino.
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nós de sangue
Kısa HikayeContos sobre famílias, alguns pesados e outros bem pensados, mas cada um deles vai te deixar querendo mais um. Autor yan brandemburg Estou postando pois acho que todo mundo deveria ao menos uma vez na vida ler e refletir sobre esses contos.
