Os Amores que Vivi

Soraya

Ninguém é capaz de prever o futuro por um simples motivo: o futuro não existe! É uma invenção do ser humano que, muitas vezes inconformado com o presente, projeta no amanhã a possibilidade de prever algo, conhecer alguém, melhorar de vida. É exatamente por isso que o "hoje" se chama presente, pois é uma dádiva estar vivo e deleitar-se com o agora, mesmo que a vida, além de flores, seja feita de dores.

Nunca acreditei em pessoas que se dizem adivinhas, que veem acontecimentos em cartas ou visualizam o futuro na borra de café. Certa vez, contudo, tirei proveito de uma situação inusitada. Andava numa rua do centro da cidade, em busca de um caixa eletrônico, quando fui interpelado por uma bela jovem: morena, corpo mignon milimetricamente ajustado num vestido longo, cheio de miçangas, batom vermelho vibrante nos lábios.

- Soraya, estrela da manhã, pode ver seu futuro! - disse-me, já segurando minha mão, olhando-a minuciosamente.

Deixei minha mão nas suas, observando-a com um risinho no canto da boca, num ceticismo que saltava aos olhos. Ela, contudo, não se deixou abalar pela minha incredulidade.

- Vejo uma mulher em sua vida! - conjecturou, passando o indicador nas linhas de minha mão direita. - Ela é jovem e bela. Acredite em mim, Soraya não erra jamais!

- Eu acredito. E sairei com ela hoje à noite! - respondi, com um piscar de olho para a cigana.

Deixei em sua mão uma nota de 20 e falei, alto e bom tom, o número do meu celular. Horas depois recebia a ligação de Soraya, com quem passaria uma noite maravilhosa.

Ficamos juntos durante sua estada na cidade. Foram dois meses de encontros furtivos, compartilhando as delícias do amor. A cama tornou-se um lugar especial para nós. E minhas mãos, já tão bem conhecidas de Soraya, desbravaram as curvas do corpo moreno, banhado em suor e desejo.