Ângela

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O primeiro amor é tatuagem feita pelas mãos habilidosas da emoção na pele invisível da alma. Nada consegue apagá-lo. Nem o tempo, que tem o poder de consumir a vida, pode arrancá-lo dali.

Conheci Ângela no ensino fundamental. Era a garota mais bonita (e mais inteligente) da minha sala. Tinha os olhos pretos e tristes, mas havia uma luz naquele sorriso que iluminava tudo ao redor.

Tínhamos 12 anos de idade e estávamos na sexta série. Passávamos a metade do tempo um olhando para o outro. E quando nossos olhares se cruzavam havia fogo e gelo dentro de nós, uma mistura de sentimentos que deixava todas as outras coisas em segundo plano, inclusive os estudos.

Mesmo quando eu não estava na escola, Ângela permanecia comigo: nos meus pensamentos mais puros, mais singelos. Era a musa inalcançável, amada da forma mais sublime que alguém é capaz de amar.

Quando o amor se basta, não havendo a necessidade de beijos, abraços, declarações apaixonadas ou o simples toque de duas mãos, ele se eterniza. Torna-se divino. É isso mesmo: eu a amava divinamente.

Foram quatro anos de convivência, de olhares furtivos, de sorrisos velados e desejos contidos. Até que um dia, um triste dia, Ângela se foi por outros caminhos, deixando para trás a perfume inextinguível da saudade.

Segui meu caminho, amei e fui amado. Aprendi que a vida é a arte de encontro e desencontro, de chegada e partida... um caminho só de ida.

Mas o amor por Ângela, gravado dentro de mim feito tatuagem, continua lá, em estado de adormecimento, tantos anos depois. E nem o tempo, que tem o poder de degradar a vida, pode arrancá-lo da pele invisível de minha alma.

Os Amores que ViviOnde histórias criam vida. Descubra agora