No quarto ela entrou, onde olhos vermelhos a espreitavam.
Teris saltou de volta para o corredor com um guincho. À frente dela, um garoto que aparentava 12 anos saiu do quarto com um sorriso estampado na face.
— Teris, Teris... Já cedo se assustando! — o garoto debochou.
O susto da jovem passou de imediato após a provocação.
— Se estava acordado, podia pelo menos acender a luz ao invés de ficar esperando uma vítima com esses seus olhinhos endemoniados! — ela grunhiu.
— Não tô nem aí se vocês precisam de luz pra enxergar, escuro não é problema pra mim.
— Então não vai reclamar se eu te trancar no quarto pelo resto do dia. — Os olhos de Teris brilharam com crueldade.
— Arranco sua cabeça se tentar fazer isso — ele resmungou, emburrado e encarando-a com uma expressão desafiadora.
— Sem violência. Você sabe que precisa ser bonzinho se quiser ter uma chance de esticar as perninhas. — Teris puxou a coleira de aço presa ao pescoço dele. — Vamos, Ellizinho.
— Não é Ellizinho! É Elliot!
Elliot acompanhou-a pelos corredores — que os outros diziam ter paredes brancas — até sua atenção ser capturada por uma das janelas.
Lá fora, o cenário estava coberto por neve. As flores desapareceram embaixo da camada... que devia ser branca. A fonte no centro do jardim respingava com preguiça; com certeza alguém a desligara, mas era engraçado pensar na possibilidade de a água congelada emperrar o ornamento.
Elliot exibiu uma curiosidade inocente em seu sorriso. Aos seus olhos, a neve não era branca, porém a visão não deixava de maravilhá-lo.
— Nevou ontem à noite. — Veio o comentário desinteressado de Teris, que se aproximou, entediada. — Que foi? Nunca viu neve?
— Então isso é neve? — Tamanha era a emoção de Elliot, que parecia uma criança que ganhara um presente sem uma razão. — Posso sair? Só um poquinho! Só pra ver como é.
O menor nasceu em um país onde a neve era comum, no entanto, sua reação convenceu a jovem.
— Não está fingindo, não é? Você nunca viu neve, mesmo? — Teris perguntou e suspirou. — Tá bom. Verei com o doutor, mas não vá ficar animadinho.
— Obrigado! Obrigado! Brigado! — Ele deu pulinhos com os olhos vermelhos brilhando como nunca.
— Agora anda, hoje é dia de testes.
Sara usava o típico corte de cabelo curto conhecido por chanel. As madeixas eram de um loiro cor de areia, assim como seus olhos; mas para Elliot era tudo vermelho. Estava ocupada com algo na pia da cozinha quando percebeu a chegada de Teris e Elliot.
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Lua vermelha
Science FictionLiderada pelo biólogo Elias Crow, uma equipe de cientistas trabalha em uma pesquisa singular: a domesticação de harmínions, uma raça tão inteligente quanto os seres humanos, porém incompreendida e tratada como animais selvagens. Elliot, a única coba...