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|Harry Styles P.O.V|

Olhava para as paredes rabiscadas daquela cela entediado, estava acostumado a passar a maior parte dos meus dias trancafiado dentro desse lugar, mas não é como se eu tivesse outra opção. Tentava a todo momento respirar fundo, já que a minha cabeça estava em um turbilhão de pensamentos. Eu odiava isso, parar, pensar e perceber que não tive uma escolha. Daria tudo para ser como Audra ou até mesmo o idiota do Liam, seu ex namorado. É ruim, levantar todos os dias e encarar seu reflexo no espelho, olhar no fundo dos próprios olhos e não enxergar vida dentro deles, apenas uma escuridão que te consome cada vez mais. Já perdi as esperanças a muito tempo. Em que momento eu parei de sentir? Em que momento eu deixei me levar sem nem mesmo pensar nas consequências?
Bom, eu não sei, mas acho que de agora em diante talvez eu tenha uma escolha, ao menos era isso que esperava.

O som irritante da sirene indicando o horário de almoço soou afastando meus pensamentos, ergui meu corpo e caminhei até as grades da cela as segurando com minhas mãos calejadas esperando que um dos guardas liberasse a passagem para que eu pudesse sair, após alguns minutos um deles se aproximou destrancando a porta e deixando que eu desse um único passo em direção ao corredor, mas como protocolo do lugar ele me acompanhou até o refeitório.

O burburinho começou a se formar motivado com a minha presença, olhares eram direcionados a mim e só desviaram quando me sentei na mesa de costume, totalmente distante dos outros. Meus olhos percorreram o local em busca de Audra, meu corpo só relaxou quando observei a imagem da morena, mesmo que de longe. Eu me sentia confortável por tê-la aqui, era como ter a companhia de um anjo quando a sua alma está trancafiada em tártaro.

Eu notei em seus olhos algo que de longe ela não ousou pronunciar, porém estava tão evidente que não precisou utilizar palavras para isso. Era um aviso, Taylor e Kate haviam conseguido o penúltimo item e tudo o que precisávamos era das chaves, as malditas chaves. E que a partir daquele momento ela não poderia mais se aproximar de mim, pois a vigilância ao redor do local estava dobrada.  Entendi o recado, precisava agir o mais rápido possível, para que assim talvez conseguíssemos sair.

Os últimos dias haviam sido difíceis com a distância que aos poucos crescia entre eu e Audra. A morena estava evitando contato, sua desculpa era que a vigilância cada vez mais aumentava, mas eu não sentia que era somente isso. Sempre me esquivei de qualquer sentimento, por muito jurei que nem mesmo teria empatia por um outro ser, já que isso estava bem longe da minha realidade. Aos poucos aprendi sobre o amor e como ele pode machucar, mas também o quanto ele pode curar, e desde que ela entrou na minha vida eu me sinto diferente. Não era só o toque que me deixava extasiado, não era só o jeito que ela me olhava ou adentrava meus devaneios sem qualquer permissão, era bem mais que isso.  Eu me vi desejando a sua presença durante madrugadas frias, queria o alento de seus braços e talvez me ancorar ali para sempre, porque de todos os lugares do mundo, seu abraço foi o único que eu me senti completo, onde eu desejaria morar. Queria poder planejar uma vida, onde todo e qualquer mal estivessem distantes e pudéssemos ser apenas nós dois ou três, quatro... Tando faz. Mas, algum lugar na minha mente, um canto obscuro e vazio insistia em dizer que isso tudo era apenas besteira, que na primeira oportunidade que ela tivesse se veria longe de mim sem pensar duas vezes.  No fim a dependência me deixou fragilizado, eu odiava me sentir assim.

Deixei que um falso sorriso preenchesse os meus lábios, contei alguns segundos antes de desviar o olhar da figura atrativa e encarar os meus dedos. Minhas unhas agora se assemelhavam a garras, sua parte inferior estavam sujas e cobertas de meu próprio sangue por conta dos sonhos decorrentes, acabo por me arranhar por inteiro deixando marcas  meu corpo, algo que eu poderia realmente fazer uma extensa coleção.

Resolvi esquecer qualquer pensamento que rondasse a minha cabeça naquele momento, me levantei e segui em passos curtos e preguiçosos até a cantina onde esperaria na fila para pegar um prato daquela horrorosa comida. Bom, era melhor isso do que morrer de fome. Revisei por algum tempo o plano, algo que passei várias noites em claro pensando em como seria. De início seria bem fácil, só precisava criar um motim, uma briga envolvendo qualquer um dos presos naquele espaço. Eu não seria seletivo, mas de acordo com Audra precisava ser cauteloso nessa questão pois deveria visar o futuro, onde eu teria que deixar a sala da diretora antes que qualquer guarda tivesse tempo de se aproximar e isso seria bem difícil, porém eu daria o meu melhor para conseguir.

Se o objetivo era chamar a atenção eu sabia como fazer isso e da melhor forma possível. Ultrapassei a fila ouvindo reclamações dos outros que ficaram para trás, me aproximei de Alec, um dos valentões idiotas que pensava ser melhor que todos ali dentro, sendo que naquele lugar nenhum de nós tinha qualquer valor, somos apenas peças encaixadas em um tabuleiro onde nos ditam regras para uma boa convivência e assim, talvez, mas só talvez, ter a chance de liberdade. Infelizmente eu não lidava bem com regras.

Alec exibia seus músculos fruto de esteroides e anabolizantes para a mulher que distribuia as refeições, apenas aquele sorriso cínico em seus lábios me dava uma imensa vontade de esmaga-lo, naquele momento eu me segurei para não revirar os olhos, porém o meu punho direito não evitou seguir o rumo de sua face, acertando um soco certeiro em sua mandíbula. Pude sentir seus ossos se movimentando com o choque, assim como o som deles se partindo, não negaria que essa era uma sensação deliciosa.

Todos no local ficaram alarmados, como se estivessem prestes a atacar. Esperei que Alec se levantasse, para o empurrar fazendo seu corpo atingir o chão e subir sobre ele para continuar a desferir socos em seu rosto. Senti ser puxado para trás, mas não era um dos inúmeros guardas, apenas um dos amigos do idiota que me seguraram e iniciaram a agressão, com chutes e socos em meu estômago, e, principalmente, em meu rosto.

Não demorou para que guardas se aproximassem e separasse a briga, escondi o sorriso satisfeito enquanto era carregado as forças do refeitório. De relance pude notar o olhar de Audra, ela parecia horrorizada com o pequeno show, mal sabe ela que se eu quisesse realmente descontar a minha raiva, não sobraria um ser vivo naquele lugar.

Recebi uma dose do calmente que me fez relaxar durante o caminho, dessa vez não relutei porém fiz um pequeno teatro para que não desconfiassem das minhas intenções. Deixei que me carregassem, minha visão turva enxergava apenas alguns vultos antes de se entregar totalmente a escuridão.

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Hola amigos, tudo bom? Demorei bastante para atualizar essa delicinha e confesso que nem esperava voltar a escrever, porém repensei e aqui estou eu.

Espero que gostem!

Desculpa qualquer erro (isso vale para o início da fanfic também). Logo logo irei começar a editar, talvez faça isso apenas quando acabar a fanfic. Bom, é isto!

Beijos, até o próximo cap :)

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2019 ⏰

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Devil Side ||H.S||Onde histórias criam vida. Descubra agora