01 de Novembro de 1925

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01 de Novembro de 1925

Bom, eu perdi a entrada para aldeia agora. Não que isso importe muito na minha atual situação, mas parece a cereja do bolo. Meus guardas não são agressivos, mas não reagem bem quando faço algo. Estão sempre desconfiados de que eu possa tentar fugir ou agir de forma estranha. Nesse momento não estão me olhando e conversam entre si, aproveito para escrever um pouco.

Acho que estava equivocado ao chama-los de canibais. A cerimônia que presenciei ontem era aparentemente um tipo de funeral para um integrante da tribo. Estão me tratando relativamente bem para um prisioneiro, mas ninguém tenta interagir comigo ou conseguir informações de qualquer tipo. Me alimentaram com algum tipo de raiz, que sinto muito em admitir era terrível.

Os olhares que me dirigem, que ontem pareciam hostis, hoje percebo serem mais de desconfiança. Não creio que haja uma grande animosidade... Me viram.


01 de Novembro de 1925 – Parte II

Estão conversando com alguém na porta. Não tenho nada de interessante para reportar no momento. O que mais tenho aqui é tédio e inércia, pois ninguém tenta falar comigo, não tenho permissão de sair dessa oca e nada posso ver para descrever.

Perdi quase tudo que trouxe comigo para cá, ou ficou na aldeia, que não sei quando está nesse momento, ou ficou na caverna quando me capturaram. Consegui manter meu diário porque o trago sempre no bolso do casaco, mas nada mais possuo agora. Facas, ferramentas e mantimentos me foram retirados quando cheguei.

Penso em fugir quando tiver uma oportunidade, mas me pergunto se  é um curso de ação viável nesse momento. Não sei se minha aldeia estará aqui, e mesmo se estiver não estou certo de poder encontra-la agora. Alguém vem vindo.


01 de Novembro de 1925 – Parte III

Fui interrogado, de certa forma, por um xamã  e o que acredito ser o líder da aldeia. Não nos compreendemos no idioma, mas está muito claro que querem saber onde está o meu amigo inglês. Me questionaram por uma hora com o seu chapéu em mãos, o que foi a minha única pista do que queriam. Se não sabem onde ele está existe uma boa possibilidade de que ainda esteja vivo, o que me alegra, mas em contrapartida a possibilidade de que ainda esteja nesse quando não deve ser muito alta.

Minha situação não é boa, Marie. Não vejo muitas alternativas viáveis que possa seguir, e acho que o melhor que posso fazer é torcer para que meu amigo inglês esteja por aqui e possa de alguma forma me libertar. Odeio depender de outras pessoas, mas não tenho muita esperança nesse momento.

Vou dormir e considerar minhas opções. Me deseje sorte, Marie. Estou precisando.

O Diário de Igor Jankov (Pausado temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora