10 - Uma Visita Eletrizante

43 0 0
                                    

Ele não sabia o que deveria pensar ou não.

Sempre fora objetivo com relação ao que pensava e as decisões que tomava. Mas daquela vez era diferente, pois envolvia muitas coisas que iam além dele.

Não voltaria atrás da sua palavra. Não voltaria a vestir o manto que causou a triste tragédia da qual se culparia eternamente. Porém, a conversa que teve com Peter (aquilo fora um sonho mesmo?) deixava sua cabeça com dúvidas demais.

Erik sempre teve dificuldade em aceitar elogios, quaisquer que fossem. Não gostava de sua aparência física e muito menos julgava ter a inteligência que muitos diziam que ele tinha. Ele achava que era um exagero demais das pessoas. Achava que elas criavam expectativas demais com relação a quem ele era, sendo que não passava de um simples garoto, como qualquer outro.

Talvez, por ter essa dificuldade em aceitar o que os outros o consideravam que ele não acreditou muito naquele sonho. De certa forma, a dúvida se formou por ser a opinião de um grande ídolo. Sabia que Peter não mentiria com relação ao que pensava, muito menos deixar uma pessoa qualquer assumir a responsabilidade de tomar conta de vidas inocentes daquela cidade

A dúvida surgiu nisso. Se ele dissera que Erik era capaz, será que ele realmente era? Ou seria aquele sonho mais um fruto de sua mente, ansioso para voltar a ativa?

Ele teria que pensar melhor sobre aquilo. Não era uma decisão que deveria ser tomada por reflexo de escolha. Era algo sério. Vidas humanas estavam em jogo. Se fosse a escolha certa a fazer, abriria mão de seu orgulho por isso.

***

Mais um mês havia se passado, e mesmo depois de tanto tempo ele ainda se lembrava daquele sonho estranho com Peter. Os pesadelos haviam diminuído cada vez mais e a normalidade na vida de Erik também. Vez ou outra alguns pensamentos tomavam conta dele, e quando percebia estava novamente cabisbaixo.

Leonardo, incentivado pelos projetos de lançadores de teia de Erik, se dispôs a melhorar o uniforme que Erik havia comprado pela internet e que havia chegado no último final de semana.

Erik fingiu interesse, mas disse que não poderia acompanhar as genialidade da mecânica do Leonardo. Ficaria para uma próxima oportunidade para aprender.

Leo conseguia fazer com que Erik saísse mais com ele para que a distração o tirasse daquele torpor incessante que o havia dominado desde o ataque na boate. As vezes, quando iam ao cinema juntos, aproveitavam o momento de intimidade na escuridão. Erik não fazia ideia do que estava acontecendo entre eles. Haviam os momentos de amizade, como se fizessem anos que se conheciam. Não havia frescuras, não havia mais timidez e eles se sentiam felizes na presença um do outro. Haviam os momentos românticos, mas eram poucos e isso o questionava sobre a relação que tinham.

Lucas chegou a perguntar se os dois estavam namorando, mas Erik ficou constrangido demais para responder a pergunta e se trancou no quarto por um bom tempo. Pelo menos até Lucas esquecer aquela conversa (o que seria muito difícil, já que Lucas gostava de provocar Erik).

Ultimamente ele andava pensando nesse assunto. Mas tentava ao máximo evitar tais pensamentos, pois seu maior medo era namorar alguém e esse alguém o abandonar, deixando apenas um coração aos pedaços. Afinal, já aconteceu antes, porque não aconteceria novamente?

Leonardo o chamava às vezes para jantar em restaurantes diferentes na cidade, e a cada convite seu coração disparava feito louco. Será que ele seria capaz de pedir a mão de Erik em um desses encontros? Provavelmente não. Haviam tantas outras pessoas mais bonitas e inteligentes que ele, tantas opções. Os dois ficarem algumas vezes não significava nada, certo? Ou significava?

Spider-Man: LegacyOnde histórias criam vida. Descubra agora