Pandora

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Capítulo 6

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"A Caixa de Pandora é o próprio coração do homem."

(Oseias Avelar Costa)

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Kayla inspirou profundamente antes de pressionar o indicador na campainha. Aquela situação era tão estranha e constrangedora!

Desde que assinou o contrato, há cinco dias, não imaginava que sua vida mudaria tão radicalmente. E agora, com uma mochila nas costas e o violão protegido pela capa preta em suas mãos, aguardava Oreki atender à porta.

"O que estou fazendo?", questionou-se mais uma vez, obrigando-se a recordar como aquilo aconteceu.

Ah, claro... Ela e Sumire começaram a compor alguns arranjos juntos na MacKen, até o momento em que Jaoki expressou uma ideia brilhante com um largo sorriso na cara:

Seria interessante que a Kayla-san e o Oreki primeiro trabalhassem melhor a ideia da composição para, depois, incluirmos os demais instrumentos.

Suspirou, derrotada. Ela própria ficara animada com a proposta, mas Oreki deixou-a tensa ao dizer que concordava desde que ensaiassem ao ritmo dele, em sua casa.

Essas manias de pessoas famosas eram tão irritantes algumas vezes.

— Kayla-san, seja bem-vinda — saudou o vocalista ao abrir a porta do apartamento, dando-lhe espaço para entrar.

Ela sorriu nervosa e adentrou o hall com passos cautelosos, retirando os sapatos azuis ao notar que seu anfitrião usava chinelos de tecido específicos para o interior da casa. Oreki indicou um par semelhante ao dele, para visitas, e a esperou que o calçasse.

Uma vez pronta, o vocalista estendeu-lhe a mão para que entregasse sua bagagem. Ela decidiu não o contrariar enquanto lhe dava sua mochila e mantinha o violão consigo. Agradeceu-o com um sorriso tímido, rapidamente observando alguns detalhes diferentes quando alcançaram a sala de estar. 

O ambiente era singular. O longo sofá fazia uma curva ao redor da mesa de centro, perfeito para reunir todos os membros da banda de um jeito confortável. A cor do tecido, de um vibrante vermelho, dava-lhe mais destaque. Havia uma grandiosa foto do Sumire, em preto e branco, emoldurada com vidro polido em uma das paredes. Na extremidade da sala, a escultura de troncos retorcidos tingidos de branco chamou sua atenção. Para onde quer que olhasse, existia harmonia entre arte e modernidade. Os equipamentos eletrônicos eram de última geração.

— O apartamento não é muito grande, mas acho que você não irá se importar — falou Oreki com uma impressionante naturalidade, adiantando-se enquanto a jovem o seguia. — Vou mostrar onde ficará.

Kayla notou que ao lado da sala de estar havia a entrada para a cozinha, espaçosa e iluminada. Acompanhou-o por um corredor no qual Oreki indicou o banheiro social, seu quarto, uma sala acústica, uma sala onde — admiravelmente — existia uma coleção diversificada de chapéus e, então, o quarto de hóspedes com um banheiro conjugado.

A ruiva precisou conter a surpresa com o tamanho generoso de cada peça que o apartamento possuía, especialmente porque todas eram mobiliadas e organizadas com perfeição, o que não combinava com a imagem que Oreki transmitia no palco. Durante os shows, ele parecia rebelde.

— Posso deixá-la organizar suas coisas, se preferir — comentou distraído, encarando a tarde cinzenta pela janela do quarto.

— Não, obrigada! — A resposta fluiu rápida, e os olhos verdes prenderam-se no piso de madeira em constrangimento. Ela estava tão nervosa que só queria terminar logo e voltar para a sua própria casa. — Quero dizer... se você não se importar, gostaria de começar a compor.

A Garota DelesOnde histórias criam vida. Descubra agora