Tensão

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Capítulo 4

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"Sem tensão, não existem possibilidades."

(Rivalcir)

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Quarenta e cinco minutos.

E cada um deles repleto de movimentos e murmúrios tensos.

Kayla teria muito a explicar, porque os membros do Sumire já manifestavam ansiedade e claras expressões de dúvida.

— O que diabos tanto conversam? — questionou Kyohei, perdendo um pouco a compostura. Oreki fitou-o muito consciente de que suas palavras descreviam o que também pensava neste momento.

Um longo silêncio se instalou em resposta, e Soji sentia-se frustrado por não ser capaz de oferecer uma justificativa decente para o comportamento de sua cliente. Ele não sabia a razão para tal particular conversa, porque Kayla — como tantas vezes fizera — não esclareceu suas intenções. Ela estava alheia às consequências de suas atitudes? Antes, apavorou-o ao assumir que não conhecia o Sumire. Agora, apavorava-o com seus comportamentos suspeitos em relação ao empresário da banda! A essa altura, Soji apenas não a abandonava à própria sorte pela promessa que ela fizera, e pelo modo como se provava cada vez mais capaz de cumpri-la com a veloz ascensão de sua carreira.

— Talvez Kayla-san não seja confiável — afirmou Satoshi categórico, levando as mãos aos fios pretos e bagunçando-os em frustração.

— Concordo — assentiu Jaoki, levantando-se da cadeira improvisada no estúdio. — Quero saber o que Kayla-san tinha a dizer ao nosso empresário.

Pela primeira vez, Soji se aproximou com a melhor postura confiante que foi capaz de transparecer. Secou o suor do rosto enrugado com um lenço e encarou cada um dos membros do Sumire.

— Vocês têm o direito de exigir o que quiserem — a voz calma possuía a autoridade adquirida após longos anos de profissão —, mas é um direito da Kayla preservar para si o que considerar particular.

Daisuke bufou com tédio, levantando-se para que seus olhos estivessem à altura de Soji. A resposta soou fria:

— É comum as pessoas usarem quaisquer meios para se destacarem. — As mãos grandes esconderam-se nos bolsos da calça. — Kayla-san seria diferente?

Soji cerrou os punhos sentindo uma raiva crescente pela insinuação. Desconfiarem da credibilidade de Kayla colocava à prova seu próprio trabalho. O franzino empresário inflou o peito quase expressando uma grosseria merecida, mas a porta do estúdio se abriu e Kayla adentrou o recinto com o olhar baixo, fixo sobre os próprios tênis.

Ela inclinou o corpo e desculpou-se pela demora. Antes que pudessem reagir, o empresário apareceu atrás da jovem, deixando os músicos atônitos com a compaixão que sua expressão carregava.

Fukushima era um senhor tradicional e reservado, conhecido por ser austero e pouco emotivo. A testa vincada em preocupação e o cuidado que demonstrava em relação à modelo, portanto, formavam um conjunto contrastante a tudo o que Sumire estivera acostumado.

— Vamos prosseguir com o contrato. — A voz do empresário ressoou nas paredes do estúdio, antes que ele caminhasse a passos largos até a porta.

Quando Kayla elevou o rosto, a tensão anterior entre os rapazes cedeu espaço a uma incômoda conclusão... Seus belos olhos esverdeados definitivamente não combinavam com o brilho melancólico que emanavam.

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Kayla sentiu-se em um dèjá-vu ao sentar-se mais uma vez na confortável cadeira comercial no 23º andar. A sala continuava iluminada pelo sol alto, e a ruiva constatou que certamente já passava do meio-dia.

A Garota DelesOnde histórias criam vida. Descubra agora