Limite

127 12 3
                                    

Capítulo 10

.

"Você apenas me agita até machucar,

Profundo e doloroso, até que não posso respirar."

(Toguro – the GazettE)

.

Remexeu-se sonolenta sob o lençol e, antes mesmo de abrir as pálpebras, sentiu uma irritante dor nas têmporas. Soltou um gemido reclamante, então franziu o cenho e levou as mãos à testa como se pudesse interromper o desconforto.

Exigiu coragem de si mesma e lentamente revelou as esferas esverdeadas, piscando três vezes. O teto com detalhes em gesso foi a primeira coisa que viu, e Kayla demorou um pouco para reconhecer onde estava. Afastou o lençol do corpo, mantendo-se apenas com a curta camisola branca, e virou o rosto para o lado.

Sua próxima atitude, no entanto, foi um sonoro grito assustado.

— Scheiße! — O palavrão em alemão saltou de seus lábios, antes de perguntar de modo quase atropelado: — O que está fazendo aqui? 

As mãos se atrapalharam apanhando o lençol para amassá-lo em frente ao corpo. Kayla tratou de arrumar a alça teimosa da camisola, sentindo-se vergonhosamente exposta.

Era constrangedor demais que Oreki se mantivesse tão silencioso, observando-a com certa tensão em uma postura inclinada ao lado da cama. Os lábios dele riscavam uma linha fina, inexpressiva. E os castanhos pareciam brilhar intimidadores contra os verdes assustados.

A ruiva manteve o lençol enrolado ao peito, segurando-o com força. O coração descompassado pela surpresa e a boca entreaberta em uma clara expressão incrédula. 

Oreki apenas ergueu o copo de água em uma mão e uma embalagem de comprimidos na outra. Deixando o conteúdo no móvel ao lado da cama, ele se endireitou e passeou o olhar lentamente pelos ombros nus de Kayla. Ser alvo de seu olhar selvagem a fez ofegar.

— Imaginei que acordaria de ressaca — explicou com a voz rouca. Ele não pretendia acordá-la, mas também não podia dizer que não queria isso.  

Oreki parecia um pouco irritado, na percepção dela. Embora seu olhar ainda a observasse como se acariciasse cada pedaço de sua pele exposta. Lento e imponente, ele caminhou até a porta.

— O café está servido, não me faça esperar mais. 

O próximo som foi o da porta se fechando e da respiração agitada de Kayla, que só pôde murmurar confusa:

— O que foi isso?

.

Ela realmente não queria dar novas razões para que seu anfitrião a tratasse de maneira tão fria, mas o odor de álcool e a terrível ressaca a obrigaram a tomar um rápido banho. E mesmo que somente quinze minutos tivessem se passado, Kayla achou que Oreki parecia ainda mais mal-humorado.

Infelizmente, nada lhe indicava o por quê.

— Desculpe a demora — pediu cautelosa ao chegar à cozinha espaçosa, olhando o piso lustroso como algo muito interessante.

O rapaz encarou-a silencioso e limitou-se a soltar um grunhido de consentimento. A verdade é que aquela mulher exercia nele uma atração difícil de conter, e Oreki não conseguia evitar pensar no que provavelmente aconteceu naquele quarto quando Satoshi a levou em seus braços. Só de imaginá-la aos beijos com o amigo já sentia seu sangue ferver!

A Garota DelesOnde histórias criam vida. Descubra agora