Ciúme

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Capítulo 11

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"Sinto ciúme de tudo o que é meu, e de tudo o que acho que deveria ser."

(Bob Marley)

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A atenção de Oreki estava fixa no casal à sua frente, as pálpebras semicerradas não escondiam a profunda irritação. A maneira como Kayla sorria, satisfeita com a presença daquela indesejável visita, fazia seu estômago revoltar-se em contrariedade.

O sujeito entrou em seu apartamento sem sequer pedir licença, avançando com passos largos até a ruiva. Oreki grunhiu ao vê-lo tomar o rosto dela entre as mãos e inclinar-se até que os lábios tocassem a fronte em um beijo calmo. Era um cumprimento tão íntimo que o vocalista sentiu-se estupidamente deslocado em sua própria casa, como se devesse sair para deixá-los mais à vontade.

Fechando a porta com um estrondo exagerado, mandou ao inferno aquela sensação!

— Estávamos ocupados — afirmou ele, cruzando os braços em uma pose ofensiva.

— É meio-dia — respondeu Trevor sem pestanejar. — Vou levá-la para almoçar.

A forma como as palavras soaram, autoritárias e arrogantes, fez Oreki dar um passo à frente.

— Estávamos fazendo uma pausa — interferiu Kayla com um sorriso nervoso. — É um ótimo momento para vir, porque Oreki precisava sair. — O vocalista encarou-a confuso, mas ela o pressionou muito séria: — Não é, Oreki?

Ele franziu o cenho, percebendo com repulsa o olhar superior que Trevor lhe lançava. Oreki entendera que Kayla ainda estava com raiva pelo que aconteceu e, droga, por que mesmo dissera que precisava sair? Antes queria apenas se afastar para não correr o risco de tocá-la como queria, de exigir dela o que nunca poderia ter. Agora, no entanto, a ideia parecia cruel.

Deixá-la com aquele estrangeiro arrogante era a última coisa que faria se tivesse escolha.

— Sim, preciso sair — concordou, enfim, derrotado.

Trevor observou o clima estranho no curto diálogo e não escondeu sua carranca reprovadora ao notar que Kayla já não usava o sufixo formal no nome do vocalista. Sua vontade era ter alguns minutos a sós para uma conversa masculina, mas a ruiva conhecia-o o suficiente para evitar lhe dar essa oportunidade.

Era realmente uma pena que não pudesse expressar sua raiva como queria.

— Vou apenas deixar o violão no quarto. — A expressão dela revelava mais do que apenas uma informação. Ela pousou um olhar longo sobre Trevor, silenciosa, como se pedisse para não fazer nada impensado.

Oreki viu-a sair pelo corredor e seu mau humor pareceu piorar ao flagrar não ser o único observando o quadril sinuoso da ruiva. Um pigarro, e logo Trevor passou a encará-lo novamente com o comum ar de desdém.

— É melhor vocês não demorarem — afirmou o loiro num impulso. — Temos muito a fazer ainda.

Trevor sorriu despreocupado, o que fez Oreki estalar a língua em desagrado.

— Levará o tempo que ela desejar. — As palavras soaram banhadas em um escárnio frio, combinando com a face austera do estrangeiro.

— Você realmente se acha especial, não é? — questionou Oreki, sem reconhecer a si mesmo pela agressividade mal contida. Geralmente era tão controlado, tão centrado, que se tornava assustador e novo perder a compostura tão fácil dessa maneira.

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