Assassinato à beira-mar (Degustação)

Capítulo 5

Na manhã de segunda-feira após tomar o café da manhã ao lado de sua esposa, Scott pegou o celular e verificou se não havia alguma chamada não atendida. Para sua surpresa nenhuma ligação perdida. Thomas não havia retornado às ligações.

— O marido da mulher desaparecida também está desaparecido, pelo menos é o que parece — comentou ele sarcasticamente.

— Nossa! Que coisa mais estranha, a mulher some e agora ele não dá notícias. Será que aconteceu alguma coisa com ele também? —  disse Eve.

— Estranho mesmo, se ele não aparecer logo teremos que declará-lo foragido. Além disso, será muito mais difícil identificar a mulher encontrada ontem sem nenhuma informação. Se realmente for a esposa dele isso nos pouparia tempo e trabalho. Vamos ver se a perícia já descobriu alguma coisa, vamos analisar as imagens das câmeras de segurança da casa deles. Espero que tenha alguma informação, ou que ao menos mostre quando ela saiu de casa. Não acredito que aconteceu alguma coisa com ele, a menos que ele esteja envolvido com algo muito perigoso e que ainda não temos conhecimento.

— Boa sorte, querido — disse Eve lhe dando um leve beijo nos lábios, em seguida o detetive seguiu para o trabalho.

Ao chegar no departamento Alfred já o aguardava sentado em sua cadeira olhando atentamente para a tela do computador.

— Bom dia, Alfred!

— Bom dia, Scott! Temos novidades — falou o chefe animado.

— E quais são? — perguntou ele sentando-se após servir sua xícara de café preto fumegante.

— A perícia já analisou as imagens das câmeras de segurança da casa de Christine, por sorte elas estavam funcionando a alguns dias atrás, mais precisamente no dia em que Christine supostamente desapareceu.

— Isso quer dizer que veremos Christine deixando a casa antes de desaparecer — concluiu o detetive animado.

— Infelizmente não tenho tanta certeza. Os peritos disseram que as câmeras estavam ligadas, mas foram desligadas pouco depois de um carro chegar a residência. Eles cortaram todas as partes que são úteis para nós e fizeram um vídeo compacto. Vamos assistir e você tira suas conclusões.

Assim que Alfred apertou o play, foi possível ver que um carro chega a residência dos Edward. Era um Toyota Camry modelo novo, de cor preta com vidros escuros, impossível ver quem estava em seu interior. A câmera marcava quinze horas e vinte três minutos quando é possível ver o carro desaparecendo da imagem e entrando na garagem. As câmeras flagram toda a área externa da residência, mas nada além disso. Exatamente cinco minutos depois a imagem desaparece e a tela fica totalmente escura.

— O que aconteceu? — perguntou Scott.

— Alguém desligou o sistema de monitoramento logo após entrar na residência.

— Desgraçado! Certamente que foi desligado, seria muita coincidência que o equipamento apresentasse problema neste exato momento. Isso significa que não temos nada além da imagem de um veículo chegando a residência?

— Exatamente, Scott.

— Mas quem fez isso esqueceu que existem outras câmeras nas redondezas, certamente alguma delas pegou o exato momento em que o veículo deixou a casa. Vamos providenciar para que tenhamos em mãos estas imagens o mais rápido possível.

— Perfeitamente! Mas agora mudando de assunto. Você comunicou Thomas sobre a mulher encontrada ontem na praia? — perguntou Alfred.

— Tentei, fiz isso várias vezes, inclusive fui até a residência dele. Thomas não atende ao telefone e também não estava em casa. Já acredito que ele tem culpa no desaparecimento da esposa.

— Realmente isso não é comportamento de marido preocupado, mas a perícia pode dizer que não é a esposa dele — completou seu chefe.

No mesmo instante o telefone tocou e Alfred atendeu.

— Alô! Sim, é ele. Vocês já tem alguma informação? Certo, daqui a pouco estaremos aí.

— O pessoal da perícia já tem algo para nós, acho que não precisaremos de Thomas para identificar a mulher encontrada.

— Perfeito! Vamos até lá e resolver isso de uma vez por todas — disse Scott deixando o departamento acompanhado de Alfred.

Meia hora mais tarde...

Logo que chegaram ao local Ted os recebeu em uma sala reservada.

— Muito bem! O que foi que você já descobriu? — perguntou Scott.

— Algo que não nos deixa dúvida sobre a identidade do corpo encontrado — disse ele pegando uma embalagem lacrada com uma aliança em seu interior.

— Olhem as inscrições — falou ele aproximando a aliança de uma lupa.

Era possível ver perfeitamente o nome Christine E. gravado na joia, o mesmo nome da mulher desaparecida.

— Muita coincidência, não? Impossível que a letra E. não signifique Edward — comentou Scott.

— Digo que isso é praticamente impossível — completou Alfred.

— Agora precisamos encontrar Thomas e descobrir o que aconteceu, já sabemos que a esposa dele está morta, mas ainda não sabemos se foi suicídio ou assassinato — comentou Scott.

— Já sabemos que ela morreu por asfixia, estrangulada, não foi suicídio. Já constatamos isso através da perícia, apesar de ainda não ter concluído o trabalho — emendou Ted.

— Isso sim é algo novo e acho que agora Thomas nos deve algumas explicações.

Assim que Scott terminou de falar seu telefone tocou. Ele olhou na tela e viu que era Thomas. Antes de atender o detetive ainda fez um gesto para o chefe indicando que não precisavam mais se preocupar com o desaparecimento de Thomas.

— Alô! Com quem eu falo? — perguntou Thomas do outro lado da linha.

— Detetive Scott. Eu liguei várias vezes e o senhor não me atendeu.

— Desculpe-me detetive, não reconheci o número, por isso perguntei quem era.

— E por que demorou tanto tempo para retornar a ligação sabendo que poderia ser algo urgente, afinal sua esposa está desaparecida. Ou o senhor a encontrou? — perguntou Scott mesmo sabendo que isso seria impossível.

— Eu estava em uma região onde não existe sinal de celular, por isso demorei para retornar a ligação. E não, eu não a encontrei.

— Mas nós a encontramos, preciso que vá até o departamento de polícia. Precisamos conversar com o senhor urgentemente.

— Encontraram! Como ela está? — quis saber.

— Infelizmente não temos boas notícias, mas prefiro falar pessoalmente com o senhor.

— Tudo bem. Estarei lá em poucos minutos — disse o homem desligando imediatamente.

— Então, o que me diz Scott?

— Desta vez ele aparentou um pouco mais preocupado, mas vamos ver o que ele noz diz pessoalmente. Ele disse que estará no departamento daqui a pouco.

— Ótimo! Então vamos voltar para lá, acho que este caso está muito perto de ser resolvido.