Assassinato à beira-mar (Degustação)

Capítulo 8

Scott continuou as ligações a fim de confirmar que Thomas realmente esteve no Arizona, durante os dias em que a sua esposa desapareceu e foi morta. Thomas informou que estava no Arizona à trabalho, participando de várias reuniões em diferentes locais da cidade. O detetive precisou ligar em cada um dos locais e a resposta foi sempre a mesma. Thomas esteve lá participando das reuniões. É verdade que ele poderia ter pedido que dissessem isso, afinal ele teve tempo o suficiente para fazer isso. No entanto, Scott acreditava ser pouco provável.

Em seguida Scott ligou no acampamento onde Thomas disse que estava no fim de semana, quando não pôde atender ao telefone. Thomas disse que estava participando de um encontro de empresários, onde o uso de celulares era proibido e também não havia sinal no local. Era uma espécie de retiro espiritual para ricos. Scott ligou e em seguida uma moça o atendeu.

— Alô! Acampamento São Bento. Em que posso ajudar?

— Aqui quem fala é detetive Scott, do departamento de polícia de Nova Iorque. Eu gostaria de uma informação, se possível.

— Depende que tipo de informação o senhor precisa?

— Preciso do nome dos participantes do último retiro de empresários, na verdade, preciso saber se entre eles consta um Thomas Edward?

— Não posso fornecer esta informação — falou a moça rapidamente.

— Olha, eu posso conseguir um mandado e se preciso vou até aí para conseguir esta informação. Não queira complicar as coisas, a esposa de Thomas foi assassinada e ele disse que estava aí quando nós ainda nem tínhamos encontrado o corpo. Preciso saber se o que ele diz é realmente verdade.

— Nossa! Eu não sabia disso. Isso é contra as nossas regras, mas vou fazer isso. Aguarde um momento que vou conferir a lista de participantes no computador.

Scott não estava brincando, seria fácil conseguir um mandado, mas isso só atrapalharia ainda mais as investigações. Depois de alguns minutos a moça finalmente lhe chamou.

— Senhor detetive, pode falar o nome novamente?

— Claro! O nome dele é Thomas Edward.

— Sim, temos o nome dele na lista. No entanto, isso não significa que ele participou de todo o retiro, mas que apenas pagou a inscrição. Não fazemos este tipo de controle.

— Ótimo! Obrigado pela informação.

Scott não ficou feliz com aquela resposta, poderia ser verdade, mas também poderia ser apenas enrolação. Não era possível que não soubessem quem participava das palestras. Depois de pensar por alguns minutos sobre aquilo, Scott voltou para o ponto inicial, ainda precisava investigar mais uma coisa.

O detetive olhou em suas anotações e em seguida ligou na companhia aérea, precisava checar as informações de que Thomas havia viajado de avião no domingo e só retornado na sexta-feira, quando não encontrou a esposa em casa e ligou para a polícia. No entanto, Scott não conseguiu aquela informação por telefone, a atendente lhe disse que era uma informação sigilosa e que só seria repassada se fosse apresentada uma ordem judicial. Isso atrasaria ainda mais as investigações, mas não havia outro jeito.

Scott pediu o mandado no mesmo dia, assim como outro para que o sigilo telefônico de Thomas e de Richard fossem quebrados. Alguma coisa naquela história toda não se encaixava e Scott precisava descobrir o que era.

Ainda durante a tarde, Fred veio conversar com o detetive.

— Olá, Scott! Já finalizei a analise das câmeras de segurança — falou depois de sentar a sua frente.

— Então me diga logo se conseguiu descobrir mais alguma coisa.

— Ao todo encontramos cinco câmeras de segurança que flagraram o veículo preto chegando a residência enquanto passava pela rua. Conseguimos identificar a placa do veículo, é um veículo roubado. Já chequei e descobri que foi roubado na manhã daquele mesmo dia. O veículo ainda não foi localizado, talvez ainda esteja com o assassino. Apesar do carro ter os vidros escuros, aproximando bem a imagem é possível ver que quando o veículo passou pela rua em direção à residência, existiam duas pessoas em seu interior, o motorista e um passageiro no banco do carona. Quando o carro retorna menos de dez minutos depois, não é possível ver se existe uma terceira pessoa no interior do veículo, mas são dois homens que estão nos bancos da frente. Christine estava no banco traseiro, ou já estava morta dentro do porta-malas.

— Interessante! Precisamos descobrir o paradeiro deste carro. Ele pode ser a peça que falta para que consigamos desvendar este mistério. Melhor ainda seria se encontrássemos ao menos um dos dois que estão no interior do veículo — falou Scott coçando o queixo.

— Acredito que este crime foi muito bem planejado, talvez nunca encontremos este carro, ou uma hora dessas ele esteja por aí, carbonizado para apagar todas as possíveis provas. E quanto as suas investigações, algum fato novo?

— Não muita coisa, confirmei a informação de que o marido esteve no Arizona durante os dias que falou em depoimento, agora falta apenas a confirmação de que ele realmente viajou de avião nos horários informados. A princípio, Thomas não estava em Nova Iorque e isso descartaria sua participação como autor do crime, mas não quer dizer que ele não possa ter ordenado a morte da esposa. É por isso que pedi para analisar todas as ligações telefônicas de Thomas e da esposa nos dias que antecedem ao crime e até mesmo depois.

— Sim, isso é muito importante mesmo. Claro que seria coisa de principiante utilizar um telefone que depois seria periciado, mas é bom conferir. E quanto ao amante, ele não lhe parece culpado?

— Sinceramente, não. Mas as aparências enganam e não podemos desconsiderar está hipótese. Vou interrogar os dois novamente, quero saber o grau de conhecimento de Thomas sobre a esposa estar o traindo. Até o momento ainda não toquei no assunto, quero pegar ele desprevenido e ver se dá alguma bola fora. Também quero saber como eram os encontros de Richard com a amante, onde e como eles se encontravam as escondidas.

— Ótimo! No entanto, pode ser que eles não tenham nada a ver com o crime.

— Tem razão, Fred. Neste caso aí as coisas ficarão bem mais complicadas.