Capítulo 10

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Como já tinha o mandado em mãos, na manhã seguinte Scott se dirigiu até o Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Precisava confirmar as informações sobre a viagem de Thomas ao Arizona. O detetive encontrou um lugar no estacionamento e logo em seguida caminhou pelo saguão até finalmente chegar ao guichê da empresa aérea informada por Thomas. A fila estava grande e Scott poderia ter usado a sua autoridade para entrar na frente e obter aquela informação o mais rápido possível, mas preferiu aguardar para não causar tumulto. Quando chegou a sua vez, foi logo se apresentando.

— Bom dia, gostaria de comprar uma passagem? — perguntou a moça educadamente.

— Bom dia! Não estou aqui para viajar. Sou detetive Scott, departamento de polícia de Nova Iorque. Eu preciso de uma informação sobre a viagem de um passageiro pela empresa.

— Lamento! Essas informações são confidenciais, não posso fornecer.

— Sim, já sei disso. É por isso que estou com um mandado aqui — falou colocando o documento sobre o balcão.

A moça olhou incrédula para o papel acreditando que não era verdadeiro, mas após ler o documento, viu que se tratava de um mandado oficial. Ela então olhou para o detetive que aguardava em pé a sua frente e disse:

— O que exatamente o senhor precisa saber sobre as viagens realizadas pelo senhor Thomas Edward? — falou olhando no documento antes de dizer o nome.

— Quero saber se ele realizou uma viagem ao Arizona, ida e volta a pouco mais de uma semana? Ele diz que fez o voo de ida num domingo e retornou numa sexta-feira. Apenas quero confirmar se essa informação é verdadeira.

— Um momento que vou checar as informações no sistema.

A fila atrás de Scott estava ficando grande e as pessoas começavam a ficar impacientes, irritadas com a demora. Ele não deu importância, apenas olhou de soslaio para trás com cara de poucos amigos e imediatamente o murmúrio cessou.

— Senhor, já consegui encontrar a informação. Tomas Edward realmente viajou nos dois dias informados. Ele pegou um voo de Nova Iorque a Phoenix no domingo à noite e o voo de retorno para Nova Iorque na sexta-feira pela manhã.

— Isso significa que ele comprou as passagens ou que realmente esteve nos voos citados?

— Tomas Edward realmente esteve nos voos, as informações estão completas, ele fez o check-in normalmente.

— Ótimo! Obrigado pela informação e desculpe pelo incômodo.

Scott deixou o local e entrou em seu carro ainda pensativo. Afinal, tudo o que Thomas havia dito em seus depoimentos parecia ser verdadeiro. Era evidente que ele tinha motivos para querer matar a esposa por causa da traição, mas até aquele momento nada indicava que ele era o culpado pelo crime. Ainda restavam as escutas telefônicas, as trocas de e-mail, talvez alguma coisa fosse encontrada, algo que pudesse incriminar ou inocentar totalmente Thomas. E se isso acontecesse, quem seria o culpado pela morte de Christine? Richard seria o culpado? Mas por que o amante mataria a mulher que dizia amar tanto? Scott começava a acreditar que existia alguma coisa além dos casos de traição, talvez isso não fosse a única causa da morte de Christine.

Já era perto do horário do almoço, o novo depoimento de Richard teria que ficar para outra hora, talvez na manhã seguinte. Scott conversou com Alfred e o colocou a par de todas as informações que tinha sobre o caso até aquele momento. O chefe não ficou muito satisfeito por não haver provas concretas, mas aquele não era um caso de serial killer. A demora em prender o culpado não colocava em risco a vida de outras pessoas, pelo menos era isso o que o detetive imaginava. Depois de encerrar a conversa, Scott foi para casa almoçar.

— Olá querido! Ainda bem que veio almoçar em casa novamente — falou Eve logo que viu Scott entrando no apartamento.

— O caso da vez é complicado, mas não envolve uma série de mortes como estou acostumado. No entanto, está sendo difícil conseguir pistas sobre o culpado pelo crime.

— Vá se lavar, o almoço já está pronto. Depois a gente continua conversando.

Scott retornou e sentou-se à mesa. Ele deliciou-se com o cheiro delicioso da comida que sua esposa havia preparado. Eve estava ficando cada vez melhor no preparo de pratos, sempre que Scott vinha almoçar em casa tinha algo delicioso, ele até mesmo exagerava na quantidade que comia. Mas isso era compensado pelos dias em que se alimentava mal, ou ainda quando até mesmo ficava sem um almoço ou jantar descente em função de estar envolvido com o trabalho.

— Então ainda não sabem que matou aquela mulher encontrada na praia, em Coney Island?

— Ainda não! Eu suspeito do marido, como você já sabe, Christine tinha um amante. Um bom motivo para ele querer se vingar da esposa. Mas não há provas de que foi ele quem cometeu o crime ou que tenha sido o mandante. Ainda temos que levantar algumas informações, mas tudo o que o marido disse até agora foi confirmado. Ele tem um álibi muito bom. Não estava em Nova Iorque quando o crime aconteceu e isso praticamente o inocenta de ter cometido o crime com as próprias mãos.

— E ainda existem outras provas que podem incriminá-lo? — perguntou curiosa como sempre.

— Sim, ainda temos as escutas telefônicas, as ligações efetuadas antes e depois do crime, não apenas de Thomas, mas também da esposa antes de ser morta. Também quero interrogar novamente o amante de Christine. Talvez ele tenha alguma informação, algo que sirva de testemunho contra Thomas, algo que realmente seja comprometedor.

— Então o amante não é suspeito?

— Eve, não digo que ele não possa ter cometido o crime, mas até o momento é o único sem motivos aparentes. Posso estar redondamente enganado, mas acredito que depois desta conversa com Richard amanhã logo pela manhã as coisas começam a mudar. Acho que Thomas esconde alguma coisa, depois quero colocar os dois frente a frente. Thomas está muito confiante, mas se ele tem algum envolvimento com a morte da esposa, uma hora ou outra ele entrará em contradição.

— Espero que você consiga resolver isso logo, seria muito triste se o culpado nunca fosse descoberto.

Assassinato à beira-mar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora