Capítulo 12

40 3 0
                                    

Scott pegou seu carro e saiu em direção ao local do acidente, o lugar ficava a poucos minutos do departamento e logo ele pôde avistar a movimentação que ainda existia no local. Parte da pista já estava liberada, mas as equipes ainda trabalhavam para retirar o corpo preso às ferragens.

O detetive parou o carro a uma distância considerável para não atrapalhar ainda mais e caminhou lentamente até se aproximar do veículo.

— O senhor não pode ultrapassar este ponto, apenas o pessoal da equipe de resgate — falou um dos homens que estavam ali.

— Detetive Scott, departamento de polícia de Nova Iorque — falou mostrando o distintivo. Não quero atrapalhar, só quero saber quem é a vítima.

— Tudo bem, mas acho bem difícil que consiga identificá-lo. O acidente foi bastante feio.

Neste momento os outros membros da equipe de resgate finalmente conseguiram retirar o corpo e o colocaram sobre a maca para que fosse retirado dali.

— Pessoal! O detetive quer ver se conhece o sujeito, deixem ele olhar antes de ensacarem o corpo — falou o mesmo homem que quis barrar Scott.

— Você tinha razão, está bastante ruim, mas mesmo assim tenho quase certeza de que é Richard. Encontraram algum documento junto dele?

— Ainda não, mas pedi que checassem o número da placa do veículo, descobriremos quem é se o carro estiver no nome dele — falou outro dos homens que estavam ali.

Neste exato momento um outro homem chegou com a confirmação.

— O veículo está no nome de Richard Lewis. Agora vamos entrar em contato com a família e ver se é ele mesmo.

— Não precisa nada disso. Eu conheço o sujeito, é ele mesmo. A aparência não está ajudando muito, mas agora com o nome tenho certeza de que se trata de Richard Lewis. Eu estava o aguardando para um depoimento e ele não apareceu. Também tentei entrar em contato por telefone e não consegui, acho que nesta hora o acidente já havia ocorrido. Por falar nisso, como foi que o acidente ocorreu?

— Ouvimos algumas testemunhas que disseram que ele veio em alta velocidade e jogou o carro contra o caminhão. Pelo visto o cara queria acabar com a própria vida, mas poderia ter feito isso de outra maneira, não causando prejuízos e colocando em risco a vida de outras pessoas.

— Pode ser, essa é uma hipótese válida, Richard estava desolado com a perda da mulher que amava. No entanto, quem vai apontar as verdadeiras causas e talvez confirmar isso é a perícia.

Não havendo mais nada a se fazer ali, Scott retornou para o departamento. A morte de Richard não era algo que o detetive esperava, ainda mais quando ele estava prestes a dar um novo depoimento. As investigações poderiam ficar ainda mais difíceis sem a ajuda dele, se Richard tinha alguma informação que poderia incriminar Thomas, isso era algo que Scott nunca saberia.

— Tenho más noticias, Alfred — falou logo que entrou em sua sala.

— Não me diga que você estava certo? Que realmente era Richard naquele carro?

— Sim, infelizmente era. Já conseguiram identificar o corpo, de certa forma com a minha ajuda. Ao que tudo indica ele jogou o carro contra o caminhão, foi suicídio. Vamos esperar o resultado da perícia, mas se o resultado for outro aí então teremos fortes motivos para mudar os rumos da investigação.

— Está querendo dizer que pode não ter sido um suicídio, mas sim algo que poderia ser confundido facilmente com um acidente?

— Isso mesmo, Alfred. Você não acha estranho que o cara resolva se matar justamente no horário que estava indo para a polícia para prestar um depoimento?

— Sim, bastante estranho. Mas é melhor não tirar conclusões precipitadas, aguarde o resultado da perícia. Enquanto isso veja se descobre alguma coisa nas escutas telefônicas e troca de mensagens. Fred avisou que ainda hoje concluirá o relatório.

— Ótimo! Espero que ele tenha encontrado alguma coisa útil para nós.

Era pouco depois das quinze horas quando Fred entrou na sala de Scott trazendo nas mãos um grande envelope. Ali poderiam estar as informações que o detetive precisava para incriminar de vez Thomas, ou até mesmo inocentá-lo.

— Foi bastante trabalhoso, mas finalmente terminamos o relatório — falou Fred colocando os papéis sobre a mesa.

— E então, alguma mensagem comprometedora, ou alguma ligação suspeita de Thomas?

— Foram horas e horas de escutas, muitas conferências de e-mail e em meio a tudo isso só encontramos duas conversas que parecem suspeitas.

— Interessante! Diga então o que diz a conversa e com quem Thomas falava?

— A primeira conversa suspeita ocorreu na segunda-feira, um dia após Thomas viajar para o Arizona. Ele liga para um cara chamado Black, provavelmente é um apelido, eles falam sobre um serviço que tem que ser realizado e Thomas pergunta se está tudo certo. Black responde que sim, mas em nenhum momento eles falam do que se trata o tal serviço.

— Poderia ser a encomenda da morte de Christine? — conjecturou Scott coçando o queixo.

— Talvez, mas antes de tirar suas conclusões escute o restante. Na quarta-feira Thomas ligou para Christine, eles ficaram por vários minutos conversando e ela perguntou quando o marido retornaria. Ele confirmou que a viagem de volta seria na sexta-feira conforme o previsto. Christine disse que estava cansada daquela vida, de ficar sozinha por vários dias seguidos e que queria o divórcio. Thomas foi enfático ao dizer que não daria a ela o divórcio e que não adiantava chorar. De fato Christine começou a chorar ao telefone e logo em seguida Thomas se despediu e encerrou a ligação.

— Veja só! Então toda aquela história de que eles se davam bem não passava de mentira?

— É o que parece, Scott. Mas o mais surpreendente é a última ligação. Thomas ligou novamente para o tal Black na quinta-feira pela manhã, dia em que Christine supostamente foi morta de acordo com as imagens que conseguimos. Thomas mais uma vez pede para Black confirmar se está tudo certo e o sujeito responde que sim. Também pergunta se a limousine já está pronta para a festa. Black responde que sim e em seguida desliga.

— É isso, Scott! Acho que precisa interrogar Thomas e descobrir quem é esse Black e de qual festa ele está falando. Conseguimos descobrir que o sujeito estava aqui na cidade quando recebeu as ligações, mas não foi possível identificar sua localização e muito menos seu nome completo. Algo que já é bastante suspeito, não acha?

— Mais do que suspeito, Fred. Eu diria que esse Black está envolvido na morte de Christine, que a limousine é o carro que foi roubado para cometer o crime e que a festa é a invasão da casa e morte de Christine. Pode parecer meio absurdo, mas cada vez mais estou desconfiado de que Thomas é o verdadeiro culpado pela morte da esposa. Amanhã mesmo vou pedir que ele venha até aqui. Também quero que ele continue sendo monitorado, tanto nas ligações telefônicas como nos lugares que anda frequentando ultimamente.

— Pode deixar comigo, Scott. Se realmente foi ele, uma hora ou outra ele irá cair em sua própria armadilha.

Assassinato à beira-mar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora