Scott ainda não tinha em mãos o mandado para verificar se Thomas realmente havia viajado naquele dia, mas as informações referentes aos telefonemas dele e de Richard já estavam sendo levantadas pelos peritos. Sendo assim, o detetive pediu que Thomas fosse até ao departamento para prestar um novo depoimento. Desta vez seria bem diferente, afinal Scott já sabia da existência do amante e queria ver se Thomas tinha conhecimento disso.
Era pouco depois das nove da manhã quando Thomas entrou em sua sala.
— Bom dia, detetive!
— Bom dia, sente-se, Thomas.
— O senhor tem alguma novidade sobre quem matou a minha esposa, é por isso que me chamou até aqui novamente?
— Na verdade, ainda não sabemos quem é o culpado. Ainda estamos investigando e acredito que em breve tudo será esclarecido.
— Espero que sim, quero que o culpado apodreça atrás das grades. Está sendo muito difícil para mim conviver com a perda de Christine. Jamais imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer, caso contrário eu teria contratado seguranças para vigiarem a casa permanentemente.
Scott estava confuso, quando ficou sabendo que a esposa estava desaparecida e quando o corpo foi encontrado, Thomas não parecia tão abalado. Mas agora ele agia de maneira totalmente diferente, parecia realmente estar sofrendo pela morte da esposa.
— Pedi que o senhor viesse aqui para prestar um novo depoimento. Quero saber mais detalhes da vida do casal, como era a convivência, se brigavam com frequência, se ambos eram fiéis?
— O senhor está desconfiando de mim, acha que eu tenho alguma coisa a ver com a morte de minha esposa?
— É o senhor quem está dizendo isso, apenas perguntei como era a vida do casal. Poderia me dizer? Se quiser pode começar desde o início, quando se conheceram até o final trágico de Christine — falou Scott impaciente.
— Tudo bem! Eu e Christine nos conhecemos quando eu estava participando de uma festa da minha empresa, ela foi com acompanhada de uma amiga minha que então me apresentou a Christine. Nós dois começamos a conversar e alguns dias depois já estávamos namorando.
— Há quanto tempo estavam juntos?
— Isso aconteceu a aproximadamente cinco anos, mas fazia apenas quatro anos que estávamos morando juntos.
— O senhor é um homem rico, empresário bem sucedido. Christine também veio de família nobre?
— Não! Christine veio de família pobre, quando eu a conheci ela já tinha perdido os pais e morava junto com a mesma amiga que a levou a festa em que nos conhecemos.
— Os dois se casaram de papel passado, ou apenas moravam juntos?
— Estávamos oficialmente casados.
— Como era a convivência dos dois em casa, tinham brigas ou isso nunca chegou a acontecer?
— Se eu dissesse que nunca brigamos eu estaria mentindo, se o senhor é casado sabe do que eu estou falando. As mulheres sempre encontram algum motivo para brigar, coisas bobas, ciúmes bobos, mas nada que não termine rapidamente depois de uma noite de sexo.
— Sim, sei como é. Mas já que tocou na palavra ciúmes, como era a questão da fidelidade do casal? Existia algum relacionamento extra-conjugal?
— Não vou mentir para o senhor, eu não sou de ferro e de vez em quando eu saía com outras mulheres, mas nada de amantes, só por diversão mesmo.
— Sua esposa sabia disso, ela tinha conhecimento de seus casos extra-conjugais?
— Acredito que não, mas não posso dizer isso com plena certeza. Ao menos ela nunca tocou no assunto, nunca me perguntou nada a respeito.
— Entendo! E quanto a Crhistine, ela também tinha casos fora do casamento?
Thomas pensou um pouco antes de responder.
— Não que eu saiba. Não consigo imaginar Christine me traindo, acho pouco provável que ela tenha feito isso comigo.
— E se eu lhe dissesse que isso de fato aconteceu, que sua esposa tinha um amante?
— Não posso acreditar, isso não é verdade.
— Lamento informar que sim, sua esposa também tinha um relacionamento extra-conjugal, mas diferente do senhor que não tinha parceira fixa, sua esposa tinha um amante de verdade.
— Então é por isso que Christine não se incomodava quando eu tinha que viajar e ficar alguns dias fora, ou quando eu saía a negócios e chegava de madrugada em casa? Ela nunca reclamou de nada.
— Talvez, mas isso é algo que nunca saberemos. A verdade é que ela tinha um amante e até o momento não temos nenhum suspeito da morte de sua esposa. Analisamos todas as imagens que conseguimos e identificamos um carro chegando a residência e saindo alguns minutos depois. Dentro do carro havia dois homens que não conseguimos identificar. Não estou dizendo que um dos dois é o culpado, mas até o momento são os únicos suspeitos pelo crime.
— O senhor só pode estar de brincadeira. Que motivos eu teria para querer me livrar da minha esposa? Isso é ridículo.
— Não sei, mas o fato dela ter um amante é um bom motivo, não acha?
— Eu já disse que não sabia disso, nunca imaginei uma coisa dessas. E eu aqui triste por causa da morte daquela vadia.
— O senhor está liberado, por enquanto. Vou conversar com o amante, quero saber de tudo. Como eles se conheceram, onde se encontravam, o que conversavam. Depois desta conversa quero colocar os dois frente a frente. Prefiro acreditar que nenhum dos dois é o culpado, mas isso é o que vamos ver depois de concluirmos as investigações.
— Posso saber o que é que está sendo feito neste momento pela polícia?
— São informações sigilosas, quando chegar a hora certa o senhor vai ficar por dentro de tudo.
— Tudo bem! Com licença, agora eu preciso ir porque tenho um almoço de negócios.
Scott estava quase certo de que Thomas tinha culpa na morte da esposa, mas ainda não fazia ideia de qual motivo poderia ter levado ele a cometer o crime. Se Thomas havia descoberto a traição, coisa que ele negava, bastaria ter pedido o divórcio e acabado com o casamento. O que ele ganharia com isso? Certamente que só se complicaria se a verdade viesse a tona, passaria o resto da vida na prisão e deixaria tudo o que tinha para trás. Por outro lado, por que Richard mataria a amante? Isso também não fazia sentido, por isso mesmo que Scott conversaria com ela na manhã seguinte e tentaria entender o que aconteceu.
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Assassinato à beira-mar (Degustação)
Mistério / SuspenseUma mulher é encontrada morta nas areias de Coney Island em New York. Seu marido é o principal suspeito, mas ele tem um álibi que o inocenta. As investigações colocam um novo suspeito na cena do crime. Quem foi o responsável pela morte de Christine...