Capítulo 13

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Naquela noite durante o jantar...

— Como foi o seu dia, querido? — perguntou Eve servindo-se de um copo de suco de laranja.

— Nada bom, tanto que nem pude vir almoçar em casa hoje. Pensei que descobrir o culpado pela morte de Christine seria algo fácil, mas já se passaram vários dias e ainda não temos um suspeito. Hoje logo pela manhã eu interrogaria Richard, o amante dela, mas isso não foi possível. Aconteceu algo terrível com ele.

— Nossa! Não me diga que ele também foi assassinado?

— Você viu o noticiário logo pela manhã, houve um acidente?

— Não, querido! Ainda não liguei a TV, eu estava fazendo faxina no apartamento.

— Como eu disse, houve um acidente, a princípio foi isso o que aconteceu. Richard jogou o carro contra um caminhão, testemunhas disseram que ele estava em alta velocidade. Tudo indica que foi suicídio. Claro que ainda será realizada a perícia no veículo, mas infelizmente ele está morto e não poderei interrogá-lo novamente. Eu ia pressioná-lo para ver se descobria alguma coisa e em seguida colocar Thomas e ele frente a frente. Algum dos dois está mentindo, agora só tenho a palavra de Thomas. Presumo que agora as coisas estão ainda mais difíceis.

— Que horror! O rapaz deveria estar muito abalado para fazer uma loucura dessas?

— Conversei com ele por telefone ontem à tarde, Richard não parecia que estava tão mal a ponto de cometer suicídio. Quando pedi que comparecesse ao departamento pela manhã, ele concordou e disse que estaria lá sem falta. Ele disse que queria muito que o culpado pela morte de Christine fosse preso o mais rápido possível. Em momento algum disse algo que indicasse que cometeria suicídio, apesar de que estava sofrendo muito com a morte de Christine.

— Muito triste isso. Se é que realmente existe vida após a morte, ou um paraíso, os dois podem estar juntos neste momento. Muitas pessoas não suportam a perda de um ente querido, talvez tenha sido o caso dele — falou Eve.

— Pode ser, amanhã vou conversar com Thomas e ver se consigo descobrir alguma coisa. Até o momento ele é o único suspeito, mas não temos provas concretas.

**********

Na manhã seguinte...

Scott já estava impaciente com a demora de Thomas, ele havia marcado o depoimento para as nove da manhã e o relógio já apontava nove e trinta. Foi neste momento em que Thomas cruzou a porta de sua sala.

— Detetive, Scott. Me desculpe pelo atraso, mas eu estava em uma reunião e não pude vir mais cedo — falou o cumprimentando com um aperto de mão.

— Sem problemas, sente-se. Quer beber um café?

— Obrigado, mas não bebo café durante o dia, apenas durante o café da manhã.

— Certo! Então vamos começar com as perguntas.

— Pensei ter dito tudo o que eu sabia nas outras vezes que estive aqui. O senhor descobriu algum fato novo, tem algum suspeito?

— Ainda não, mas essa conversa é realmente necessária para o andamento das investigações. Sei que o senhor disse a verdade, que realmente estava no Arizona quando sua esposa foi assassinada. E que estava em um retiro para empresários no final de semana quando o corpo dela foi encontrado. No entanto, eu gostaria que me dissesse quem é Black?

Thomas ficou visivelmente incomodado com aquela pergunta, não esperava algo do tipo e isso estava estampado em seu rosto.

— Black é um de meus funcionários, ele cuida de minhas coisas. Da manutenção de automóveis, limpeza do jardim de minha casa e da empresa. Não é ele quem faz, mas sim quem garante que tudo isso esteja sempre em ordem. Como sabe, sou um homem ocupado e não posso perder o meu tempo com essas bobagens.

— Claro! Ainda sobre Black, o senhor pediu a ele que providenciasse uma limousine no dia em que a sua esposa supostamente foi morta depois de ser levada de casa. De que festa o senhor estava se referindo, sendo que não estava na cidade naquele dia?

Mais uma vez Thomas ficou bastante incomodado com a pergunta. Mesmo sem o detetive ter falado sobre o assunto, Thomas já tinha certeza de que as suas ligações telefônicas haviam sido vasculhadas. Precisava pensar rápido para não falar nenhuma coisa comprometedora.

— Isso aconteceu na quinta-feira, pedi a ele para que providenciasse uma limousine para a sexta-feira à noite. Eu tinha planejado de levar Christine a um lugar especial, mas aí então cheguei em casa e ela havia desaparecido.

Scott estava abismado com as respostas de Thomas, se eram mentiras, estavam sendo muito bem colocadas.

— Preciso que me passe o contato desse sujeito, Black. Vou chamá-lo aqui e também interrogá-lo. Também quero que me passe o nome da empresa de limousines.

— Vou passar o telefone dele, mas quanto a limousine, só ele que tem conhecimento disso. Como disse anteriormente, Black é quem cuida de tudo isso sozinho.

— Tudo bem, vou conversar com ele. Agora mudando de assunto. No depoimento anterior o senhor me disse que vivia bem com a sua esposa, que as brigas eram bobas, que não havia nada de anormal na relação.

— Sim, foi isso mesmo o que eu disse.

— Pois bem, não é isso o que ouvimos durante a última ligação que o senhor fez para a sua esposa. Ela não parecia feliz com a sua constante ausência, muitas viagens e até cogitou a separação. Mas o senhor foi enfático ao dizer que não daria a ela o divórcio. Por que o senhor mentiu no depoimento anterior?

— Eu não quis falar totalmente a verdade. Minha esposa foi assassinada e se eu falasse que não queria dar a ela o divórcio isso poderia me colocar como suspeito do crime. Claro que não fui eu, nem ao menos eu estava na cidade. Eu a amava, por isso não queria perdê-la, mas nem ao menos tinha conhecimento de que Christine me traía.

— O senhor tem razão, isso torna o senhor suspeito pela morte de Christine, mesmo que tenha um álibi comprovando que não estava em Nova Iorque naquele dia. Ainda não temos nenhuma prova concreta contra o senhor, mas digo que é melhor contratar um bom advogado. Vou interrogar o seu funcionário, espero que tudo o que o senhor acabou de dizer seja verdade.

— Evidentemente que é, não tenho motivos para mentir sobre isso.

— Ótimo, agora o senhor está liberado.

Scott sabia que Thomas poderia ligar para Black e pedir que repetisse tudo o que ele havia acabado de dizer. Se fizesse isso estaria encrencado, todas as suas ligações estavam sendo gravadas, também estava sendo seguido por todos os lados. Se desse uma bola fora seria o seu fim. O detetive não comentou sobre a morte de Richard em um acidente na manhã anterior, afinal aquilo não parecia ter nenhuma relação com o caso.

Assassinato à beira-mar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora