•25➼ Uma parte de mim regurgitou-se, literalmente•

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  ♔Noel

23/01/2010

03:00 horas

Fico sério, olhando Alison, pálido. A garota à minha frente estava branca como um papel, exceto pelo nariz colorido pelo frio, e tremula como nunca. Minha garota era forte e obstinada, mas não o suficiente para não ser abalada com problemas mundanos.

Me repreendo, nada daquilo era mundano. Era uma vida a partir do nosso amor. E isso se transforma em algo completamente apavorante. 

Pois, nem nossa vida estava segura e não fazíamos ideia de como proteger mais um. Cuidar. Porra.

—Alison... Você..Meu deus. —fico sem reação, apenas a puxo para um abraço quando seu rosto desmorona. Pela primeira vez, vejo Alison como alguém precisando de cuidados, de ajuda. Ela parecia frágil. Torno minha voz a mais calma que meu coração retumbante deixaria.—Você devia ter me contado...antes.

— Eu não sabia qual seria sua reação e... droga... eu não podia beber. —soluça fragilizada e, apenas com isso, eu conseguia polpar o quanto ela estava afetada. Eu necessitava cuidar dela e... da criança. Da nossa criança.

Isso fica claro em minha cabeça, mesmo com os inúmeros questionamentos de como faria tal grandeza.

—Eu.. te amo, Ali...eu não esperava por isso,  —começo sinceramente beijando sua cabeça em seguida e complementando.—mas eu... nos dois vamos cuidar desse bebê —aperto-a em meus braços e pesquiso em meu HD interno qual deveria ser o próximo passo. —eu vou te levar pro hospital.

Faço mais algumas perguntas —descobrindo como ela, redundância, descobriu— e mesmo ela recusando ir ao hospital, paro em um no meio do caminho de volta para Rosewood, a obrigando a fazer bateria de exames. Me recuso a deixa-la ir até o médico velhinho nos dizer que ambos estavam bem. E, enquanto pago —optei por um hospital particular para não nos inibirem de fazer por ser menores de idade e comunicarem nossos pais— vejo Alison, pelo reflexo do espelho na parede atrás do balcão, digitar algumas mensagens no celular.

Lembro-me da que ela recebeu em nosso passeio de barco e me pergunto se era o motivo dela  ter bebido todas as bebidas possíveis mesmo sabendo de nosso... bebê. Alison não era irresponsável e eu não poderia culpar por extravagar, mas eu queria descobrir o motivo daquilo. Afinal, nossa vida estava literalmente unida. 

XX

Rosewood

10:00 horas

Com isso voltamos para Rosewood, longas horas de carro, metade deixando o silencio tomar conta ou os pensamentos gritarem alto demais. Estaciono em frente da casa de Alison, eu já estava feliz apesar do susto —tomara a realidade como algo bom, apesar de não ser meu sonho de vida. Porém, Alison tripudiava ainda, não querendo contar aos seus pais até ter 3 meses —e ainda estávamos em quase 3 semanas. 

—Sua mãe não irá te matar, Alison. —pego sua mão a segurando firme.

—Noel, minha mãe espera que eu seja perfeita. Ter um filho agora estraga todos os seus planos. —suspira com a voz embargada, ela parecia estar com ódio da mãe.

—Ela terá que saber uma hora ou outra. —estendo a mão e acaricio sua bochecha.—Assim como terá que saber do nosso namoro.

—Ela vai amar nosso namoro até contarmos sobre o... bebê —ela vira o rosto e beija a palma da minha mão, então olhando para fora, em direção a sua casa azulada de dois andares. —Ou talvez fique feliz, um criança significa que vamos estar juntos. Ela só pensa em dinheiro e status, realmente.

—Não seja pessimista, querida. Não somos insolentes, eu me sinto preparado se você estiver. —beijo a têmpora de Alison e rodo o anel em seu dedo.—Não é simplesmente uma joia.

Ela olha em direção ao seu dedo e então retira o anel, o levando a mira dos olhos. Parece que algo a ilumina e ela se vira para me olhar diretamente nos olhos. 

—Fico com isso. Me devolve em um jantar na minha casa. Com um pedido de namoro com permissão dos meus pais e todas essas pompas. —estendo a palma da mão sorrindo, animado para pedi-la em namoro mais uma vez e ouvir sua voz me dizer "sim" novamente.

—Então te vejo depois do seu encontro com suas amigas. —Sorrio e fecho a mão envolta do anel. 

Alison pega sua bolsa e mala, abrindo a porta e colocando-as para fora. Então, antes de sair, segura meu queixo e me beija com ternura e necessidade. Seu beijo parecia doloroso, hospitaleiro e quente. Ela para o beijo e leva os lábios a minha bochecha estalando um beijo.

Eu queria mais um tempo para debatermos sobre o que deveria ser feito, para conversamos. Aceitarmos a ideia, mas Alison parecia cansada e o médico pediu repouso absoluto —apesar da festa que teria com suas amigas e eu preferi ela repousar por um tempo.

—Eu te amo e... apenas mais um tempo para eu entender o que fizemos. —ela abaixa a cabeça, com um pequeno sorriso apesar, e pula do carro batendo a porta.

Ligo o carro, me endireitando no banco, e observo Alison sorridente e pensativa diminuir no retrovisor à medida que me distancio até estacionar na garagem da casa do outro lado da rua. Quando volto o olhar para frente, pesco um brilho no porta-copos.

Abaixo o olhar, encontrando o celular de Alison, ao lado de sua correntinha, piscando. O pego e vejo que havia uma nova mensagem. Olho par ao espelho de fora do carro, mas não encontro Alison em frente a sua casa. Volto-me para o celular e o desbloqueio, já me penalizando por aquilo, encontro uma mensagem duvidosa.

"Noel, é a Alison, estou enviando essa mensagem automática e agendada do seu celular (pode conferir)  apenas saiba que eu te amo e me perdoe que tenha que ser assim. Olha as mensagens anteriores e não faça nada, por nós dois. Ps: deixe o celular em minha caixa de correio.  com amor, A.D"

Volto para a pagina de mensagens e começo por uma endereçada a Byron. 

"Byron, compareça ao meu quintal às 22:30. É melhor aparecer, é sobre sua aluna preferida, à qual eu e Aria vimos em seu escritório. xoxo, A.D"

Alison me contara a história de ter pego Byron com uma aluna aos beijos quando Aria fora fazer uma surpresa de aniversário para ele, antes de sua última aula. Confuso, abro a segunda e meu sangue fervilha.

"Ezra, é sua Lolita. Estou te esperando 22:40 no quintal de minha casa. É sobre nosso pequeno caso e o quanto a policia adoraria saber sobre nossa diferença de idade. xoxo, A.D"

O próximo era para Ian Thomas, namorado de Melissa Hasting, falando sobre ele ter beijado Spencer no verão passado. Os seguintes era para suas amigas as chamando para beber no celeiro. 

Alison não poderia beber, então deduzo que a bebida estaria alterada. Ela estava montando uma teia de investigações baseadas nas pessoas que ela supõe estará atrás dela por causa do que ela sabe. Alison queria descartar um por um, até que só sobrasse sua irmã —ou pegasse o perseguidor. 

Eu não ficaria em casa essa noite, esperando Alison se encontrar com seus desafetos carregando nosso filho. Eu poderia não estar adequado a ideia de ser pai, mas ela era minha namorada gravida. Eu estaria a observando e caso seu plano desse errado, eu teria o meu de fugir. 

Pulo do carro e atravesso a rua deixando o celular de Alison na sua caixa de correio. Então, volto para casa e não perco tempo com comprimentos, organizo uma mochila e roubo umas roupas de minha mãe —para caso eu precisasse fugir com Alison. 

Algo se junta dentro de mim, e por segundos imagino se Alison estivesse certa e hoje tudo acabasse. Eu teria apenas que lidar com o rancor de sua mãe —e isso me parecia o céu perto de perder minha garota.

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