Até que os dois dias em repouso na cama passaram rápido. Dylan me fazia companhia sempre que podia, e me levava sem falta o remédio. Ele conseguiu enganar meus pais, dizendo que eu estava meio mal-humorada e que não queria ver ninguém (claro que eu fiquei brava, mas não tinha escolha). Finalmente, hoje, me levantei daquela cama para ir ao jardim. Me arrumei rapidamente (já tinha ficado tempo demais no quarto) e saí do meu quarto rapidamente, para ninguém me impedir. Me senti como um preso saindo pela primeira vez da cadeia. Eu sei que é exagero: não sou uma criminosa, não estou em uma cadeia (só se for a cadeia mais luxuosa do mundo) e só fiquei dois dias na cama macia. Mas...
- Ui!- me choquei com algo forte.
- Lily?
- Oi...
- Você já acordou? São sete da manhã!- a voz de Dylan estava repreensiva.
- Eu... estava desesperada para ir ao jardim.
- Ah. Eu... posso ir com você?- ele pareceu nervoso com a resposta.
- Sim.- para falar a verdade, estava ansiosa para ele me perguntar.
Estávamos caminhando num silêncio desconcertante.
- Então...?
- Eu...- falamos na mesma hora.
- Pode falar primeiro.- ele riu.
- Ah. Eu só ia dizer que queria que você me perguntasse. Se pode ir junto. Eu quero companhia. E você?
- Sabe o seu ex?
Fiz que sim com a cabeça.
- Você acha que você vai voltar com ele?
- Não. Quer dizer, por um tempo, era tudo que eu mais queria. Ele. Mas... isso mudou.
- Ah.
Chegamos no jardim depois de algum tempo. O dia estava ensolarado, mas com algumas nuvens. Talvez mais tarde chova.
- Eu quero te mostrar uma coisa. Mas só você vai saber então...
- Não vou contar pra ninguém, Dylan.
Ele pegou na minha mão e me levou a um campo aberto.
- Rex!
- O quê...?!
Um vulto saiu correndo em nossa direção.
- Um...um ca...cachorro.- fiquei paralisada.
- Você tem medo?
- AH!!!!
Sai correndo. Ele saiu correndo atrás de mim.
- LILY! É só um cachorro.
Dylan segurou o cachorro em seu colo. Eu estava trêmula.
- Meu...Deus! - falei, recuperando o fôlego.
- Lily? Por que você tem medo?
- Quando eu era pequena, um cão de guarda me seguiu pela minha casa. E me abocanhou. Acho que é trauma.
- Te abocanhou?
- Sim...
Levantei um pouco a saia para mostrar a cicatriz.
- Nossa. Isso é...
- Ridículo, eu sei.
- Não! É normal que você tenha medo de cachorros.
Ele já tinha soltado o cachorro e ele estava fuçando em alguma coisa na grama. Ele foi indo em minha direção.
- Ah!
Me joguei no colo de Dylan. Ele pareceu surpreso.
- Lily...
De repente, esqueci da existência do cachorro. Só consegui olhar o homem em minha frente, seu jeito gentil e sua voz fofa. Tudo começou a ficar quente, e acho que ele também percebeu, pelas batidas rápidas em seu coração. Abri levemente os lábios para tomar ar e isso chamou a atenção dele. Meu corpo começou a ir sem comando em sua direção e seus olhos estavam voltados para minha boca. Fomos chegando perto de mais, até que pude sentir o calor de sua respiração.
- Príncipe Dylan?- alguém chamou. Me virei atordoada para a voz. Um homem vinha vindo. Me levantei e ajeitei meu vestido.
- Sim?- Dylan tentava parecer calmo, mas até eu, que o conhecia a tão pouco tempo, sabia que estava ofegante.
- Vocês estão bem? Ouvi uma gritaria.
- Ah. Sim.- lembrei do motivo de ter pulado no colo dele. O cachorro.
- Desculpe interromper.- o guarda saiu a passos largos. Olhei para Dylan. Ele passou as mãos rapidamente por seus cabelos, meio nervoso.
- Desculpa.- minha voz parecia tão baixa como eu estava me sentindo.
Ele apenas anuiu com a cabeça.
- Eu... vou indo.
- Lily... você não foi a única a...
Ele não completou a frase. Meu celular tocou. Atendi com as mãos trêmulas.
- Alô?
Eu não tinha me dado o trabalho ver quem me ligava. Senão não teria atendido.
- Lily?- a voz de Ethan me deixou mais nervosa.
- Oi...?
- Eu cheguei na cidade que você está.
- A Gabi está com você?
- Não. Nós terminamos.
- Ah.
- Eu te liguei para saber se... se você quer ver um cinema comigo. Está passando um filme que...
- Ethan. Eu não posso. Você sabe disso.
- Mas...
- Sinto muito, mas estou aqui para outro. E isso tudo... terminou. Terminou quando você terminou comigo.
- Eu estou arrependido, Lily! Me dê mais uma chance. Podemos dizer a todos do nosso namoro e não manter em segredo.
- Eu... não.
Ele entendeu o meu silêncio.
- Você começou a gostar do safado esnobe?
- Ele não é safado e nem esnobe!
- Eu vi na internet , Lily. Você vai sofrer com esse canalha!
- Eu confio e acredito nele.
- Mas...
- Tchau, Ethan.
Desliguei o telefone. Como homens são complicados!
- Era seu namorado?- a voz de Dylan parecia magoada.
- Sim. Mas ele não é mais meu namorado.
- E ele me chamou de safado e esnobe?
Somente fiz que sim com a cabeça.
- O que ele queria com você?- a voz dele estava com raiva e... ciúme?
- Ele chegou aqui. Queria ir ao cinema.
- E você vai?- sua voz ficou tão baixa e magoada que me fez querer chorar.
- Não. Eu não gosto mais dele! Dylan...
Um mordomo se aproximou.
- Príncipe Dylan, licença. Uma moça, Srta.T, quer falar a sós com você.- ele franziu a sobrancelha. Dylan automaticamente respondeu.
- Eu já vou. Peça que ela me espere.
- Sim, senhor.
O mordomo saiu. Não consegui esconder minha irritação.
- Sinceramente! Você me julga pelo meu ex me ligar e eu ainda cortei ele, mas se acha certo de ficar recebendo visitas de mulheres?
Ele saiu e foi em direção ao castelo, me deixando só.
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Casamento Arranjado
DragosteLily tem apenas dezenove anos e já tem que arcar com as imposições que é recebida por ser princesa. Seus pais andam forçando a barra para ela se casar com o príncipe Dylan (o lindo!) mas ele parece ser mulherengo, safado... Para convencer a filha a...