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Eu estava parado na porta da casa de Amélia já faziam dez minutos, ainda estava incerto sobre aquelas aulas, mas pelo preço oferecido eu não pude recusar. Meu dedo fazia o caminho de ida e volta diversas vezes, inseguro sobre apertar a droga da campainha.

-Quer um convite formal, professor? - ouvi a voz da minha aluna e a vi me olhando pela janela de cima, provavelmente seu quarto. Sorriu e saiu, aparecendo menos de um minuto depois na porta. - Achei que não fosse apertar a campainha nunca, já tava ficando nervosa.

-Você estava me olhando lá de cima? - perguntei levantando uma de minhas sobrancelhas.

-Sim. - tentou imitar meu gesto, falhando e me fazendo rir. - Vem, você tem um trabalho a fazer, senhor Gallagher.

Entrei e sua casa era ainda mais bonita por dentro que por fora, um aroma amadeirado entrava por minhas narinas enquanto eu observada a sala de estar em tons de marrom e cinza com grandes móveis e um ar rústico. Senti o cheiro de bolo assim que vi a mãe de Amélia saindo da cozinha limpando as mãos.

-Maxon! - disse feliz e me deu um abraço. - Fico feliz em te ver, espero que consiga ajudar essa garota aí, se é que ela ainda tem jeito.

-Não fale assim, Sr. Kannenberg, Amélia é uma ótima aluna, só falta um empurrãozinho.

-Ai meu Deus, Maxon! Já disse pra me chamar de Marta, Sr. Kannenberg me faz parecer velha. - jogou as mãos pro alto em um sinal exagerado de desespero, chegando a bagunçar os fios dourados.

-Deve ser porquê você é velha. - Amélia disse, recebendo um tapa da mãe.

-Fica quieta e vai estudar. Eu vou estar no meu escritório, fiz um bolo e quando vocês quiserem lanchar me avisem que eu faço um cafézinho também. Fiquem bem, a porta vai estar aberta, tá, filha? Qualquer coisa grita. Tchauzinho. - disse sorrindo de orelha a orelha e foi para o seu escritório.

-Então, vamos começar? - perguntei e Amélia assentiu.

Depois de quase uma hora e meia conversando sobre bioquímica, percebi sua dificuldade em assimilar os assuntos e vi que, realmente, não era falta de estudo. Ela havia decorado praticamente todo o assunto, mas não entendia nada, se perdendo em meio a tanta informação. Quando tudo foi explicado, a coloquei para fazer exercícios na nossa última meia hora de aula.

Acho que foi nesse momento em que tudo se perdeu. Quando eu resolvei reparar na menina ao meu lado. O cabelo negro preso em um rabo de cavalo desarrumado com alguns fios caindo sobre a testa, os olhos concentrados e os lábios sendo pressionados ao ponto de ficarem vermelhos. Notei também todos os piercings que ela tinha em sua orelha e uma pequena tatuagem atrás da mesma. Me perguntei se ela já tinha idade para ter aquele desenho em sua pele. Resolvi abaixar meu olhar, vendo que ela usava uma roupa simples, um short jeans claro e uma regata cor rosa bebê. Amélia era simplesmente linda. Tudo parecia ter sido feito para estar em completa harmonia.

-Gosta do que vê? - fui acordado do meu transe pela sua voz baixa e delicada e, principalmente, pelos seus olhos azuis. Malditos olhos azuis.

-D-desculpa. - senti minhas bochechas queimarem e virei meu rosto, focando em minhas próprias anotações.

-Tudo bem, eu sei que sou irresistível. - ela fazia uma pose e, indiretamente, zombava de mim, me fazendo rir junto, apesar da sensação desconfortante que eu sentia. - Relaxa, professor, todo mundo viaja de vez em quando. Mas eu tenho uma dúvida.

-Claro, o que é?

-Qual parte do fosfato é hidrofóbica, a polar ou a apolar? - ela chegou mais perto para que eu visse a anotação que ela fazia e tivesse uma noçar da sua dúvida, mas tudo o que ela conseguiu fazer foi me deixar um tanto anestesiado pelo seu perfume.

Ao contrário de sua casa, Amélia cheirava a morangos, um cheiro doce que combinava perfeitamente com todo o resto de sua personalidade. Doce. Delicado. Errado. O que eu esatava fazendo? Deixando minha imaginação fluir em relação à uma aluna. Errado.

-A parte hidrofóbica é a parte apolar, a parte polar é hidrofílica.

-Ok, obrigada. - disse e correu para fazer suas anotações junto aos exercícios.

Por que do nada estava tão quente?

Meu relógio tocou, mostrando que estava na hora de eu ir pra casa.

-Amélia, continuamos semana que vem, ok? Fique com esses exercícios para fazer e corrigimos em sala com os outros.

-Tudo bem, eu adorei ter essa aula com você, professor.

-Eu também, Kannenberg, agora quero ver suas notas lá em cima.

-Pode deixar! - bateu continência como piada.

-Maxon, já vai? - Marta perguntou, aparecendo na sala em que estávamos.

-Sim, eu tenho algumas provas para corrigir e aulas para planej...

-Não faça isso, ao menos coma um pedaço do bolo que eu fiz com tanto amor. - pediu sorridente e pude ver os mesmos olhos pidões que via em Amélia. Tal mãe tal filha.

Nos sentamos à mesa enquanto a Amélia colocava os pratos e nos servia o bolo. Maravilhoso, por sinal, de chocolate e com bastante cobertura.

-Então, esse caso tem solução? - Sr. Kannenberg perguntou, se referindo à Amélia, que revirava o olho.

-Tem sim, como eu já disse, ela só precisa de um empurrãozinho com as dúvidas dela. Daqui em diante só nota dez!

-Não vamos nos animar tanto, não é mesmo? - Amélia disse bebendo um pouco do seu suco.

-Tô de olho em você, menina. - Marta disse apontando para a filha, que ria culpada. - Mas então, mudando de assunto rapidamente...

-Ih, lá vem. - a mais nova disse recebendo um "shi" da mãe.

-As alunas pulam muito em cima de você, Maxon? Um homem bonito desse jeito é difícil resistir. - não pude evitar de me sentir envergonhado.

-Mãe! - a repreendeu. - Ele é casado!

-Ah, você é casado? É que não usa aliança.

-Não, eu não sou casado. De onde você tirou isso, Amélia? - perguntei e a vi ficar vermelha nas bochechas.

-Eu ouvi pela escola.

-Ouviu errado, estou solteiro e não, nenhuma aluna pula em mim. - ri e Marta me deu um sorriso satisfeito.

-Você que não percebe. - ouvi Amélia sussurrar mas antes que pudesse responder, o celular da mãe tocou e rapidamente mudamos de assunto.

Ficamos batento papo até eu perceber que já era a hora de ir embora, se não eu não conseguiria dormir por ter que finalizar meus trabalhos. Recolhi minhas coisas e me direcionei até a porta, recebendo um beijo na bochecha de Marta.

-Obrigada por tudo, professor. - recebi um abraço da Amélia e pude sentir, pela última vez no dia, o seu cheiro.

E quem diria que aquele cheiro de morango seria capaz de me levar à loucura?

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oii gente, gostaram do capítulo? espero que sim, tô ficando muito animada com essa fic. pras safadinhas de plantão (como eu) podem ficar felizes que a putaria vai começar!!!

comentem aqui o que vocês acham e não se esqueçam de votar, me incentiva a escrever mais!

beijos no core e até semana que vem! <3 (ou antes, to pensando em postar duas vezes por semana, o que acham? rsrs)

Aluna ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora