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Na quarta-feira eu não sabia como me portar, achava que faltar ao meu trabalho era covardia demais mas ao mesmo tempo não sabia se teria coragem de olhar nos olhos de Amélia novamente. Resolvi que seria melhor encarar meus problemas e corta-los antes que ficassem maiores do que já estavam. Fui à casa de Amélia decidido sobre o que iria fazer.

Ao tocar a campainha, Marta me recepcionou calorosamente como sempre, fazendo-me sentir ainda mais culpado por ter tocado erroneamente sua filha. Me direcionei à sala onde Amélia me esperava com um vestido parecido com o que estava segunda-feira, os cabelos soltos e o perfume exalando de longe. Tive que respirar fundo para conseguir prosseguir com o que deveria falar.

-Amélia, eu não vou mais dar aulas para você. - eu disse, atraindo os olhos azuis e confusos da menina ao meu lado.

-Você vai sair do colégio? - ela perguntou.

-Não. Eu vou parar com as aulas particulares. O que está acontecendo não é certo, é totalmente antiético e eu não quero que nem eu nem você saiamos prejudicados.

-Professor, me desculpe, de verdade. Eu confundi as coisas e não deveria ter feito o que fiz, mas você sabe o quanto tá me ajudando e o quanto eu preciso de você. - ela segurou em minha mão e olhou em meus olhos. - Eu prometo pra você que nada mais vai acontecer, só, por favor, não me abandone agora.

-Eu jamais iria te abandonar, Amélia, antes de qualquer coisa você é minha aluna e eu sempre irei prezar pelo seu bem estar. Mas é o certo a se fazer.

-É o que você julga certo. - ela disse arqueando as sobrancelhas.

-Vamos estudar. - eu digo me levantando, sendo seguido por Amélia que manteve sua cabeça baixa durante toda a aula.

O seu olhar triste me fez repensar mil vezes sobre a decisão que há uma hora já estava concreta em minha cabeça. Talvez eu pudesse lidar com ela por mais alguns meses, pelo menos até a formatura. Talvez se eu passasse mais um dia com ela eu não aguentaria mais e a agarraria pelos cabelos tentando suprir todos os meus desejos. A verdade é que eu estava com medo, medo de larga-la e medo de tê-la comigo. Mas apesar das minhas incertezas, eu resolvi tomar uma decisão que nunca tomei em minha vida, deixei meu coração me guiar, invés da minha mente.

-Tudo bem. - eu disse, enquanto Amélia anotava algo em seu caderno. - Eu vou continuar com as aulas.

Ela sorriu e me abraçou em um ato espontâneo de felicidade.

-Professor, eu garanto que nunca mais faço nada que te deixe chateado. - ela disse e me soltou levemente, deixando nossos rostos a centímetros de distância, tão próximos que as respirações se misturavam.

Minhas mãos cercavam sua cintura e nossos olhos não quebravam o contato em nenhum momento. Senti meus lábios umedecendo e a vontade de puxa-la para perto era enorme, mas ela mesma me afastou.

-Então, qual a matéria de hoje? - disse se sentando em sua cadeira e ajeitando os cabelos, disfarçando a situação ocorrida.

-Sistema reprodutor. - eu disse e Amélia deu uma risadinha. - O que foi?

-Nada. - fez sinal para que eu continuasse, apenas assenti e segui com a matéria. No fundo eu sabia o porquê de sua risada e também sabia que aquilo seria quase que uma prova de fogo.

Prossegui com a aula, em alguns momentos trocávamos olhares mas nada que fosse problemático. Até o momento que entramos no assunto sexo e auto prazer.

-Eu acho o autoconhecimento muito importante, principalmente para as mulheres, já que vivemos em uma sociedade onde até mesmo o sexo é controlado pelo homem, saber os seus pontos de prazer é essencial. - naquele momento me perguntei se ela estava conseguindo ouvir o meu coração derreter.

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