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Quando o fim de semana chegou, eu não sabia como me portar. Não sabia se saia em uma busca silenciosa por Amélia ou se focava em meu trabalho e adiantava algumas aulas. Nem um, nem outro. Passei meus dois dias de folga olhando fotos da minha aluna em suas redes sociais.

Na segunda-feira eu mal conseguia me concentrar, mais uma vez o corpo de Amélia me distraia, os olhares que ela me dava clamavam para que eu a agarrasse ali. O clima entre nós estava estranho, uma mistura de medo e desejo que só nós dois entendíamos.

Evitamos trocar minhas palavras, mas os olhares bastavam para que entendêssemos o que o outro queria dizer. isso ficou claro quando, na hora da saída, Amélia me olhou, sorriu, e eu soube que ela queria dizer que estava tudo bem entre nós.

Fiquei até mais tarde no colégio por culpa do trabalho, quando consegui sair os portões já estavam fechados e a chuva caia de maneira desesperadora. No caminho para casa, passando de carro pela porta de um supermercado, vejo uma silhueta usando uma regata branca e um short jeans claro correndo com algumas sacolas na mão e uma mão em cima da cabeça numa tentativa falha de se proteger da chuva.

-Amélia? - perguntei para mim mesmo.

Parei o carro ao seu lado, abaixei a janela e chamei por seu nome. Amélia me olhou e abaixou próximo ao carro com um sorriso.

-Oi, professor. - disse com algumas gotas escorrendo por seu rosto.

-O que você tá fazendo aqui? - ela riu pela minha pergunta rotineira.

-Vim comprar um sorvete.

-Mas a sua casa é do outro lado da cidade.

-Eu sei, vou pegar um ônibus agora.

-Não. Entra ai que eu te dou uma carona. - destravei o carro para que ela entrasse.

-Mas eu tô molhada. - disse com a voz mansa, merda de imaginação.

-Não tem problema, pode entrar.

Ela entrou com suas sacolas e eu dei partida no carro, procurando rápido um casaco para esquenta-la. A tempestade aumentou, deixando a pista escorregadia e perigosa. Nosso carro deslizou um pouco e eu percebi que não deveria continuar.

-Vou te levar para meu apartamento, quando a chuva diminuir eu te levo pra casa. - Amélia concordou com a cabeça e eu nos guiei para meu prédio.

Meu apartamento era um tanto chato, alguns livros de biologia espalhados pelo chão, algumas louças na pia e paredes em tons avermelhados e um tanto sujas. Reparei em Amélia que, mesmo com meu casaco, tremia de frio. Fui até seu corpo, parei em sua frente, tirei gentilmente o que a esquentava e vi sua blusa branca encharcada e grudada em seu corpo, me causando a sensação de formigamento que eu já conhecia.

-A-acho melhor você tirar essa blusa, ou vai pegar um resfriado. - eu disse desviando o meu olhar e saindo de perto dela.

-Quer que eu tire aqui, agora? - ela perguntou suavemente, fazendo minhas bochechas queimarem.

-Não! Vou te dar uma blusa minha e te mostro onde é o banheiro. - ela riu do meu nervosismo.

Escolhi uma camisa que não ficasse tão bonita em seu corpo e nem me deixasse com vontade de tira-la totalmente. O que não deu certo, pois assim que Amélia saiu do banheiro secando os cabelos e com a blusa batendo no meio de suas coxas, eu senti meu mundo parar e o ar sumir completamente.

-V-vou fazer um mingau pra te esquentar, j-já volto. - corri para a cozinha e deixei Amélia sozinha na sala de estar. Era impossível resistir àquela menina.

Aluna ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora