0.9

240 45 7
                                    

Segunda-feira. Depois de um fim de semana inteiro sem saber como pedir desculpas à Amélia e evitando ao máximo qualquer tipo de contato com a mesma, me sentia péssimo, mas não podia negar que no fundo eu estava aliviado por ter, finalmente, assumido para ela o quanto a queria, por mais errado que fosse.

Ao chegar no colégio a realidade veio a tona. Na minha cabeça eu chegaria em sala, o mundo pararia e eu a beijaria como se tudo estivesse prestes a acabar. Que ilusão. Na vida real haviam outros alunos, professores e milhares de pessoas para nos julgarem por nossas escolhas.

Entrei na sala de cabeça baixa e preferi começar logo com as anotações no quadro. Esperava que ela viesse até mim, como da última vez que nos encontramos na boate. Não aconteceu. Na verdade ela nem foi ao primeiro tempo de aula. Esperava que ela chegasse no segundo e me olhasse com aqueles olhos azuis capazes de me tirar o chão. Não aconteceu. Ela nem ao menos foi ao segundo tempo de aula.

Na hora do almoço eu já estava completamento aflito. Roía as unhas e balançava as pernas sem parar. Eu precisava falar com alguém, e eu sabia muito bem quem. Tinha que ser aquela pessoa que ao me ver, rolou os olhos e bufou, fazendo a fumaça de seu café voar para longe.

-Vai, fala sobre como você fez merda e se arrepende e blablabla. - disse Leo sentando ao meu lado na sala dos professores.

-Como você sabe que eu fiz merda?

-Como você acha que chegou em casa na sexta? - ele perguntou e então tudo fez sentido, Amélia realmente havia o chamado para me buscar.

-Enfim, o que importa aqui é que eu fiz uma merda muito grande, você nem sabe o que foi.

-Você disse que queria foder a Amélia, eu sei disso. - tapei a sua boca rápido.

-Como você sabe disso? E fala baixo.

-Bom, você ficou gritando no carro todos seus pensamentos sobre ela. Você me contou sei lá o que dos olhos, o cheiro, como você mandou várias mensagens pra ela e até mesmo me contou do seu sonho eró...

-Chega. Já entendi. - passei a mão pela testa e, pelo olhar debochado de Leo, eu sabia que ele estava esperando eu falar. - Ela não veio hoje.

-Ela tá fugindo de você, tarado. - ele disse rindo e eu lhe dei um soco.

-Para com isso. - ficamos em silêncio por um tempo. - Você realmente acha que ela tá fugindo de mim?

-Claro que não, se ela tivesse se incomodado com suas cantadas ela não teria me ligado uma da manhã preocupada com você. - não pude evitar de sorrir. - E não ri, porquê você ainda tá na merda.

-O que eu faço pra consertar isso? Eu não quero que ela pense que eu sou um tarado.

-Mas você é. Você quer transar com ela na mesa de jantar da casa dela porra! - Leo gritou, atraindo olhares de outros professores.

-Fala baixo, caralho. Eu não quero transar na mesa de jantar da casa dela.

-Não foi isso que o seu sonho disse, safadinho. - riu e bebeu um gole de seu café.

-Eu devia jogar isso em você. - ele se encolheu e escondeu o café.

-Achei que fôssemos amigos, Maxinho. - o sinal tocou sinalizando o final do nosso intervalo. - Espero que consiga resolver seu problema, Maxon. Tchau. - disse e saiu na velocidade da luz.

O resto do dia passou de uma maneira... cinza. Parecia que toda a cor da minha segunda-feira havia ido embora. Eu estava doido para chegar em casa, tomar um banho e pensar com calma em um pedido de desculpas apropriado para Amélia. Já que meu "amigo" não havia me ajudado em absolutamente nada, eu tinha que pensar tudo sozinho.

Não podia me deixar levar pelas minhas emoções, já havia feito besteiras demais. E o fato de ela não ter me procurado o fim de semana todo e ainda faltar a minha aula mostravam que sim, ela estava me evitando. Talvez estivesse com pena do professor bêbado tarado e resolveu pedir para Leo me buscar na boate. Não havia motivos para eu pensar em reciprocidade ali.

Já havia liberado os alunos da minha última aula do dia e estava arrumando as minhas coisas. Fiquei pensando em toda a mistura de sentimentos que eu estava sentindo desde que as aulas particulares começaram e em como eu me deixei levar tão fácil pelo desejo.

Pensando bem, foi bom não encontrar com Amélia hoje, pelo menos pude raciocinar todos os meus erros sem a pressão de tê-la por perto.

-Professor. - ouvi uma voz me chamando do fundo da sala. Levantei minha cabeça e encontrei diretamente com os famosos olhos azuis.

-Oi, Amélia.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

oii gente, capítulo pequeno porquê tá tudo muito corrido mas eu não posso deixar vocês sem atualização! amanhã tem mais, prometo!

comentem aqui embaixo o que acharam e não se esqueçam de votar, me incentiva a escrever mais!

beijos no core e até amanhã! <3

Aluna ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora