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O fim de semana pareceu passar mais lentamente que o normal, nem todo o trabalho acumulado fez o tempo passar mais rápido. Havia se tornado algo normal o sentimento de ansiedade e nervosismo próximo a segunda-feira.

Não gostava de pensar que estes sentimentos pertenciam a uma pessoa. Me negava a aceitar meu desejo por Amélia, me dava repulsa sonhar em me deitar com uma menina tão nova e inocente. Ao menos sabia se a mesma era virgem, o que me trazia uma grande culpa por cogitar desflorar uma aluna.

O dia havia chego, estacionei na garagem do colégio e, sem ao menos perceber, comecei a me arrumar olhando no retrovisor do carro. Mais um hábito criado. Todos os meus atos pareciam ser involuntários e até mesmo sem sentindo enquanto eu não encontrava com ela.

Ao entrar na sala de aula, meus olhos foram automaticamente para a quinta cadeira na fileira perto da porta, a procura da meia três quartos e dos olhos azuis. Não os encontrei, o que me causou uma grande estranheza. Logo meus olhos correram pela sala apenas para achar a menina dos cabelos castanhos ao lado de uma figura conhecida.

Senti meu coração pulsar de raiva ao ver Amélia sentada com a cadeira quase grudada a de Joseph. Ambos agindo como um casal e, caso eu não os conhecesse, poderia até achar fofo. Porém, por algum motivo eu não achava Joseph merecedor de Amélia e não me sentia bem em relação àquela situação.

-Separem as cadeiras, por favor. - disse com a voz ríspida e Amélia me olhou apreensiva.

-Mas, professor... - Joseph tentou argumentar.

-Agora. - eles rapidamente se separaram e Amélia voltou para seu costumeiro lugar. - Hoje eu não vou dar tempo pra vocês, vou começar a matéria logo.

Sentia meu sangue fervendo, queria jogar Amélia contra a parede e perguntar o porquê dela estar se envolvendo com um garoto como Joseph. Ele era o típico garoto popular, que todas as garotas querem ter e, por isso, se achava o último biscoito do pacote. Não que ele fosse uma má pessoa, mas até entre os professores ele era conhecido como "o garoto que nunca se apega". Não queria que Amélia tivesse seus sentimentos machucados por um menino que só quer sexo.

É claro que depois do acontecido a sala ficou com um clima tenso, todos os alunos ficaram em silêncio e era possível ouvir as respirações caso prestasse atenção. Odiava aulas assim, gostava quando todos participavam, a aula se tornava mais interativa e os estudantes aprendiam mais. Mas eu simplesmente não pude evitar a minha carranca pelo resto dos meus dois tempos.

Quando a aula acabou eu sai sem dizer nada, sendo seguido pelos olhares curiosos dos alunos que não estavam acostumados com um Maxon mau humorado. Com o passar do dia o estresse foi passando e eu me deixei relaxar enquanto conversava com outros professores. Preferi não comentar nada com Leo, já sabia o que ele ia falar e já havia o perturbado demais com aquele assunto.

Tive que ficar até mais tarde no colégio, preparando algumas aulas e fazendo algumas atividades extracurriculares que a coordenação pediu. Estava quase anoitecendo quando eu finalmente puder ir embora, arrumei minhas coisas e fui direto para meu carro. Quando estava chegando no estacionamento vi duas perninhas balançando no banco próximo a saída.

-Amélia? - perguntei, surpreso de ver a menina ali.

-Oi, professor. - ela sorriu e eu não consegui conter meu sorriso.

-O que você tá fazendo aqui? Por quê não foi pra casa?

-Eu tava na monitoria de matemática com a Milena. Tô esperando minha mãe mas ela ainda nem saiu do trabalho.

-Ah, quer uma carona? Eu te deixo em casa.

-Não precisa, eu espero. Daqui a pouco ela chega.

-Vamos logo, Kannenberg, até sua mãe sair do trabalho o colégio já fechou e você vai ter que esperar do lado de fora, é perigoso. - ela pareceu pensar um pouco e soltou uma risadinha, convencida.

-Tudo bem, vamos.

O caminho até a casa de Amélia não era longo, tinha a distância suficiente para ficar um silêncio estranho entre nós. Eu não sabia se falava sobre o ocorrido mais cedo e optei por não falar, mas ela não quis deixar passar em branco.

-Por que você agiu daquele jeito de manhã? - ela perguntou, me olhando.

-Escola não é lugar de namorar. - não queria estender aquele assunto e muito menos olhar para ela. Ela deu uma risada anasalada.

-Tem outros casais na turma e você nunca fez nada, por quê logo comigo e Joseph? - meu coração já estava desparado e eu sentia a raiva subir por me lembrar dos dois se beijando.

-Porque eu não acho que ele seja o garoto certo pra você. - ela riu.

-Agradeço a preocupação, professor, mas a gente não namora e eu não pretendo namorar com ele.

-Então o que era aquela cena toda no bebedouro e hoje?- ela riu de novo.

-Nossa, Maxon, nem minha mãe é tão voada assim. - a olhei e ela me olhava sorrindo, debochada. - Eu nunca falei com ele, mas no dia que eu te encontrei naquela boate, logo depois de eu te colocar no táxi, a gente se encontrou. Ele veio com aquele papo de que sempre me olhava no colégio mas eu sabia que era tudo ladainha dele, acabou que nós ficamos conversando e acabamos virando amigos.

-Amigos não se beijam na boca. - ela riu de novo equanto eu continuava confuso e com raiva.

-Tudo bem, a gente se beijou aquela noite mas nada mais. Foi só um selinho no bebedouro da escola porquê ele é idiota, nada mais também, mesmo se você não tivesse aparecido. Não quero nenhum repeteco com ele.

-E hoje? - meu coração lentamente desacelerava, aliviado.

-Hoje eu não entendi nada. Do nada você chegou mandando a gente separar as cadeiras e eu nem tinha sentado lá por ele, e sim pela Milena. Tanto que eu estava conversando com ela na hora que você chegou.

Repassei a cena em minha cabeça. Amélia havia sentado ao lado de Joseph mas conversava com Milena enquanto o próprio mexia em seu telefone e nem olhava para as meninas. Eu realmente havia sido um babaca, vi somente o que eu queria ver.

-Desculpe, então. - disse baixo, estava envergonhado com as minhas atitudes infantis.

-Tudo bem, é normal sentir ciúmes. - ela disse e eu gelei.

-C-ciúmes? - merda. Gaguejei.

Ela colocou a mão na minha perna e eu senti meu corpo todo acender, como um choque que subia pela minha espinha. Seus olhos azuis pareciam brilhar com a luz ambiente e seus lábios rosados eram lentamente mordidos. Os seios subiam e desciam pelo uniforme, tornando a cena ainda mais excitante. Ela se inclinou e fechou os olhos, automaticamente também fechei os meus e aguardei pela sensação que há tanto tempo eu esperava. Senti o molhado de seus lábios no canto dos meus por alguns breves segundos.

-Até quarta, professor. - disse e saiu do carro.

Eu nem ao menos havia percebido que já estávamos na porta de sua casa. Soltei todo o ar que havia contido e limpei o suor que descia pela minha testa. Meu coração simplesmente não parava, me fazendo questionar se o que eu sentia era somente uma atração física ou algo a mais. Tudo que eu sabia era que eu estava ferrado.

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oii gente, tudo bem? mais um capítulo pra vocês!

um pequeno recadinho/propaganda minha: eu vou postar em breve outra história chamada "Como Conquistar Essa Garota" e acho que vocês vão gostar. se quiserem saber mais sobre é só dar uma olhadinha no meu perfil que ela já tá lá!

enfim, comentem o que acharam e não se esqueçam se votar, me incentiva a escrever mais!

beijos no core e até semana que vem! <3

Aluna ExemplarOnde histórias criam vida. Descubra agora