Estava um dia nublado enquanto via da janela do meu novo quarto minha mãe comandando o descarregamento dos móveis do caminhão de mudanças.
- Cuidado! - disse ela ao jovem ajudante que carregava seu precioso vaso de porcelana.
- Filha? - Chamou meu pai na porta do quarto.
- Posso entrar? - perguntou ele.
- Claro pai - ele caminhou até mim, sentou-se no banco almofadado colado a janela. Um dos únicos motivos que me fazia gostar daquele cômodo.
- Não está feliz não é mesmo? - perguntou ele ao me ver pra baixo.
- Eu queria estar lá com eles, com os meus amigos, queria continuar vivendo minha vida tediosa, mas boa. Não estou pronta pra começar do zero. Pai eu... - minha voz falhou por causa das lágrimas.
- Filha eu entendo. - disse ele passando o braço a minha volta.
Volto a olhar para fora do quarto.
- Entendo que você queria estar com seus avós agora, como todo domingo e com seus amigos, como toda semana. Mas as coisas não são sempre como queremos. - tentava me consolar enquanto enchugava as lágrimas que escorriam com a manga da blusa de frio cinza. - Não estava preparado para isso também, mas não podemos nos esconder atrás das coisas habituais e nunca experimentar coisas novas. - falou ele com a voz terna
- Pai, mas e se não gostarem de mim? E se eu for motivo de gozação? E se... - ele me interrompeu tirando-me de seus braços e me encarando.
- Se isso fosse a metade dos nossos problemas filha. - repreendeu-me. - Nada disso irá acontecer sabe por que?
Balancei a cabeça em um "não"
- Porque todos irão saber o quão especial você é no momento em que te verem filha
Eu sorri
- Obrigada pai - eu o abracei
- Eu te amo - beijou minha testa
- Também te amo papai. - ele se levantou
- Bom, melhor voltar lá pra baixo antes que sua mãe venha me buscar. - se levantou e foi até a porta - Você vai ficar bem?
- Vou. - disse com as mãos no joelho
- Então tá bom - ele olhou em volta - Acho que você também tem bastante coisa pra por no lugar.
Eu sorri desanimada
- Tenho.
- Então vai, comece arrumar pra que a noite já esteja quase tudo pronto.
- Tudo bem. - sorrio
Ele saiu do quarto depois de olhar em meus olhos, sorri e dizer "minha princesinha" e então sumiu pelo corredor
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Quando O Sol Se Pôr
EspiritualEu sempre soube que a vida não seria um mar de rosas, mas ela poderia ser pelo menos um jardim, não? Também não é novidade que quando tudo está calmo demais é sinal de que vem encrenca grande pela frente. E bom, depois do que aconteceu com Kel eu...