Floresta Negra

Capítulo 3 - O ACAMPAMENTO

Havia uma espécie de tensão no ar. Antes da saída de campo, todos pensavam ser nada além de lendas alimentadas em torno de algum cão do mato faminto, atacando galinhas em um celeiro. Mas as coisas que vivenciaram pareciam mais assustadoras do que o imaginado. Aquilo tudo era estranhamente real.

- Lucas, mostre seu talento e vá buscar lenha pra acender o fogo. - ordenou Professor Rodrigo. - Os demais, me ajudem a limpar o terreno e a montar as barracas.

"Por que sempre tem que ser o estagiário a fazer o trabalho pesado?" Pensou o jovem, mas não teve coragem de dizer em voz alta. Ele estava com medo de desbravar a mata sozinho.

- O que foi? - interrogou o líder. - Está com medo do Lobo Mau?

Todos começaram a rir.

- Vá duma vez e deixe de enrolar. Precisamos de fogo pra nos aquecer nesta noite.

Lucas detestava o modo como os outros o tratavam. Entendia o fato de ser o menos experiente, o estagiário aprendiz. Mas isso não justificava toda a chacota que recebia dos demais membros do grupo. Eles eram uma equipe e seu trabalho de apoio era fundamental para o sucesso da pesquisa.

Ele tentou não se afastar muito da área do acampamento. Era difícil achar lenha seca numa mata tão úmida. Precisaria de uma isca de fogo e alguns musgos secos poderiam ajudar. Procurou de uma árvore a outra, até encontrar um chumaço no alto de um caule velho e tortuoso. Ele teria que subir nos primeiros galhos para alcançá-lo.

Sem muito jeito para escalar a árvore, subiu um pouco bambo e tentou se esticar ao máximo para pegar o tufo de musgo seco. Havia um buraco oco no tronco e estava com medo de ser surpreendido por alguma cobra ou lacraia venenosa. Estudar Biologia poderia ser divertido, porém, as saídas de campo exigiam coragem e uma certa tolerância a animais nojentos e peçonhentos.

Barulhos estranhos ressoavam pela floresta. O farfalhar das folhas ao vento dava a impressão de que a mata estava sempre se mexendo.

Uma coisa preta caiu no seu ombro e correu pelo braço, fazendo-o soltar um grito de pavor. Ele saltou dos galhos até o chão e ficou se batendo, até derrubar um inseto grande, parecido com uma barata.

- Porcaria!

Desistiu do musgo e foi catar a lenha. Poderia raspar lascas finas de cascas para conseguir acender o fogo.

Já havia juntado um feixe suficiente de madeira quando viu algo se mexer no meio dos arbustos. A visão era difícil, pois já anoitecia há algum tempo. Teve a impressão de ver um vulto se esconder por trás de uma árvore.

- Quem está aí? - perguntou, achando-se um idiota por pensar que alguma criatura da floresta o responderia.

Mas o fato era que estava com muito medo. Tanto medo que poderia urinar nas próprias calças.

Ouviu galhos se partindo no chão, como passadas. Não conseguia enxergar e apesar do frio, sentiu um suor escorrer pela testa. Ele sabia que o cheiro do medo exalava pelos seus poros. Isso não era bom.

Assustado, olhou ao redor e começou a andar pra trás, em direção às vozes no acampamento. Seus membros tremiam a ponto de quase derrubar a lenha no chão.

Para seu extremo horror, sentiu um braço forte e peludo agarrá-lo pelo pescoço.

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Quem atacou Lucas na escuridão da floresta?

O que vai acontecer com o jovem estagiário nos próximos capítulos?

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