Capítulo 11: Tudo perdido

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Tália nunca poderia explicar como chegou a sua casa tal era o seu desespero. Parecia que estava em uma bolha, não prestava atenção a nada a sua volta, apenas queria chegar à  casa, abraçar a sua tia e descobrir o quê havia acontecido com a irmã. Achava que desde que sua mãe e sua prima haviam morrido nunca mais se sentiria tão desamparada, mas novamente o sentimento de está desprotegida a infrigiu desde que tio Bira deu a notícia sobre Tula.

(...)

Tália estava sentada na sala com apenas a luz da cozinha dando um tom nebuloso ao ambiente. O silêncio a acompanhava e sentia seu corpo um pouco trêmulo com tudo que ouviu, que viu e sentiu naquela noite: Tula estava presa! O advogado e amigo de Henrique, doutor Tony, não dava muitas esperanças para o caso afinal ela fora presa em flagrante. Tula era uma assassina! Tula era sua irmã! O desespero do cunhado ao escutar todas as orientações dadas pelo o advogado era de cortar o coração. O sofrimento de tia Dolores destruiu ainda mais Tália.  E o pior era que mesmo sentindo a mesma dor que todos eles, a jovem precisava ser forte para que a tia pudesse se apoiar nela. Todos choraram, Tália deixou suas lágrimas escorrerem timidamente, mas tinha vontade de gritar sua dor e preocupação. Não podia pela sua tia e sua filha. Thauanne não poderia ver a mãe sofrendo!

Tia Dolores dormia a base de remédios, mas fora difícil fazer com que tomasse um tranquilizante, mas depois de toda a insistência de Tália a senhora aceitou. Thauanne dormia sem imaginar todo o problema que a família passava, era uma menina... Tio Bira estava deitado com a esposa, mas Tália não sabia se ele conseguiria dormir; já ela estava ali sem conseguir se acalmar, apenas pensando na irmã e em tudo que possivelmente ela estaria passando em uma delegacia.

-Filha, fiz um chá pra você! - Disse tio Bira tirando a sobrinha de seus pensamentos.

Tália olhou para o senhor e aceitou o chá que pelo aroma era de cidreira:

-Obrigada tio!- Recebeu a xícara com o chá. -Eu ainda não estou acreditando...

-Nem eu, filha!- Disse o senhor se sentando à frente dela.

Ele também tomava o chá e a olhava triste:

-Temos que ser fortes por Dodô e Henri. Sei que é difícil pedir isso pra você, mas viu o descontrole deles. Eles vão precisar muito da gente.

O tio tinha razão e ela precisava ser forte o suficiente para não deixar transparecer seu sofrimento na frente deles.

-Eu sei, tio... E como o senhor está?- Perguntou ela se inclinando pra frente, olhando para o senhor detidamente. Precisava  cuidar dele também, fora ele que assumiu o lugar de seu pai.

Tio Bira era um senhor forte, negro com seus poucos cabelos brancos. Havia trabalhado por toda a vida, marido fiel e dedicado, pai carinhoso e avô babão. Tanto Tália quanto Tula foram criadas por ele como se fossem suas filhas. O que ele comprava para Joana, comprava pra elas; o que exigia  da filha, exigia das sobrinhas. Nunca existiu diferença na criação delas... Um homem extremamente educado e tranquilo. E quando Tália ficou grávida, o senhor, longe da tia apenas, disse "Conte comigo para o que precisar, filha!". Sabia que ele havia conversado com ela em particular porque não queria causar nenhum constrangimento. Nunca perguntou quem era o pai da filha de Tália. E assumiu a função de avô com tanta alegria que seria impossível a menina ter um avô mais amoroso.

-Tio, o senhor está realmente bem? Porque fiquei tão preocupada com a tia que não perguntei... Está tomando direitinho os remédios da pressão?

-Estou! Não se preocupe com a minha saúde. No momento, precisamos cuidar da Dodô.

-Tem certeza?-Perguntou desconfiada.

-Tenho!- Sorriu triste.

Era possível ver que ele queria tranquilizar a sobrinha.

Tália (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora