Life goes on...

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– Clara? – Marina chamou do quarto.

– Já estou indo. – Respondi, eu estava apoiada contra a pia enquanto me encarava no espelho. Eu balancei a cabeça expulsando todos aqueles pensamentos.

Voltei para o quarto e me sentei na beirada da cama, Marina chegou um pouco mais para o lado e levantou o edredom para que eu entrasse, eu deitei de lado de costas para ela, ela nos cobriu e me abraçou. Eu sentia todo o corpo dela junto ao meu, todo mesmo. Ela deu um beijo demorado em meus cabelos e os afastou um pouco, apoiou seu rosto contra mim e relaxou o corpo. Em poucos minutos ela estava respirando uniformemente e eu supus que já estava dormindo. Eu demorei mais um pouco, lembrei do meu dia, de tudo o que aconteceu tão de repente, pensei na minha irmã e do que seria de nós nessa casa enorme sem nossos pais. E se tentassem tirar a Sophia da gente? Eu me senti nauseada com o pensamento e tentei deixar isso tudo de lado, só então eu adormeci.

Acordei da mesma forma que dormi, de lado mas quando virei Marina não estava. Depois de trocar de roupa e larvar o rosto, fui até o quarto da Sophia e Marina estava lá com ela já arrumada e ele estava a alimentando.

– Por que você colocou essa roupa nela? – Eu franzi o cenho enquanto me aproximava. Ela estava com um vestido lilás que só seria usado em uma festa.

– O advogado vem hoje e um oficial de justiça também. Ele precisa ver que sabemos cuidar dela. - Ela deu um beijo nas pequenas mãos da bebê que estavam pegando em seu rosto enquanto mamava.

– Ai meu Deus! Esse vestido não fica bem pra usar de dia Marina. – Eu fui até o armário dela e peguei uma blusa vermelha e short. – Esse é melhor. – Eu mostrei a ela.

Ela balançou a cabeça. – Não, é muito simples.

Eu bufei e desisti. Aproximei-me da bebê e dei-lhe um beijo na testa e ela colocou as mãozinhas no meu rosto. Eu fiz-lhe um carinho e depois olhei para a Marina que estava me olhando e esperando o mesmo. Eu ri pra ela e fui em direção a porta rindo.

– E eu? Nem um beijo no seu meia-irmã. – Ela ria enquanto falava. – Ta vendo Sophia, que sorte você tem.

Eu ri e olhei pra trás, mas não voltei.

Rosa estava na cozinha e assim que eu lhe dei "bom dia" ela largou tudo o que estava fazendo e veio me abraçar. Rosa sempre fora muito atenciosa e gostava de verdade da minha mãe após tanto tempo conosco.

– Minha querida, você pode me chamar sempre que quiser. Eu posso me mudar e ficar aqui por um tempo, você sabe, até tudo estar em ordem. – Ela limpou algumas lágrimas com as mãos. – Você deve ter muita coisa em sua cabeça agora. Ah, eu sinto tanto. – Ela apertou minhas mãos.

– Está sendo muito difícil Rosa, - Eu respirei fundo, - mas a filha do Ricardo irá ficar por aqui, nós vamos lidar com essa situação juntas. – Eu sorri carinhosamente para acalmá-la.

– Ela está ai? – Ela pareceu surpresa. – Ainda bem que não entrei no quarto para tirar a poeira, não sabia que a moça estaria dormindo.

Eu não disse nada, apenas assenti. Eu não saberia explicar o por que dela não ter dormido em sua cama.

Depois de conversar com Rosa eu liguei para meus avós que ficaram bem mais tranquilos ao saber que estávamos bem e que a Sophia estava reagindo normalmente até o momento. Só foi o tempo de colocar o telefone na base e a campainha tocou. Eu subi depressa para chamar a Marina, mas encontrei-a já a caminho no corredor. Nós descemos devagar e a Rosa já havia direcionado o nosso advogado e o oficial de justiça até a sala de jantar. Fomos totalmente pegas de surpresa quando nos deparamos com mais uma pessoa com eles, uma assistente social. Ela estava bem séria e nos olhava com curiosidade, mas acho que isso fazia parte do trabalho dela. Nós sentamos lado a lado de frente para eles. Depois dos cumprimentos formais, o advogado começou.

Almost FamilyWhere stories live. Discover now