The days feel like years...

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 Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
(William Shakespeare)

  Chegamos ao Jardim Botânico e já passava das 10 da manhã. O dia estava tão bonito que muitas outras pessoas encheram o campo gramado e todo o parque. Também trouxeram suas crianças e animais. As quadras estavam lotadas, as vielas cheias de pessoas em patins, bicicletas ou correndo. Sozinhas ou acompanhadas, havia todo o tipo de gente fazendo todo o tipo de coisa que se pode fazer num dia bonito ao ar livre.

Isso tudo nós vimos de onde estacionamos o carro. Julia e Mari davam pulinhos de alegria enquanto olhavam já de pé esperando por nós. Eu peguei uma cesta e Pedro a outra. Estávamos começando a andar quando Marina abriu o porta malas e as crianças gritaram eufóricas. Eu olhei para o motivo da gritaria e dentro estavam pares de patins, patinetes e um skate. Havia uma bola também e capacetes, joelheiras e cotoveleiras nas cores rosa e azul. Eu sorri diante da festa que estavam fazendo, quase derrubando Marina entre abraços e gritos. As pessoas olhavam curiosas e riam quando viam o motivo.

Eu peguei a outra cesta da mão do Pedro que foi correndo pegar os itens de proteção, o Skate e a bola.

– Vocês podem escolher entre os patins e o patinete, não podemos levar ambos para vocês duas. – Marina disse carinhosamente para Julia e Mari.

– Mas tia, eu vou andar um pouco com um e depois com o outro. – Mari disse pegando os patins.

– Então, que tal assim, sua irmã leva o patinete e quando vocês enjoarem, vocês trocam. Na casa de vocês, terão um para cada. – Ela sorriu gentilmente.

Julia toda sorridente pegou o patinete ainda desarmado. Marina colocou os itens de proteção nas meninas e quando estavam prontas, ela pegou uma das cestas da minha mão e trocamos sorrisos. Andamos de mãos dadas com as crianças por um trecho até que lhe mostrei-lhe uma área no gramado que não estava tão cheia e as crianças não pensaram duas vezes antes de correr até lá. Perto dali havia um espaço cimentado que daria para eles brincarem com a gente de olho neles. Eu estendi a toalha e colocamos as cestas. Marina segurou a bola enquanto Pedro correu para experimentar seu skate.

Tivemos que dedicar um bom tempo ás duas menores enquanto pegavam a manha dos patins e do patinete mas logo estavam se equilibrando sozinhas e andavam para lá e para cá.

Nós voltamos ate a toalha forrada e sentamos viradas para elas que sorriam alegremente, dando gargalhadas quando caiam ou desequilibravam.

– Uau, - eu finalmente disse. – Você realmente pensou em algo para distrair elas.

– Eu te disse que poderia ser bastante criativa. – Ela riu.

Ela se aproximou lentamente do meu rosto e me beijou, nossas mãos para nos apoiando. O sol esquentava levemente a nossa pele e a sensação era boa. Marina desceu os lábios molhados até o meu pescoço e roçou o nariz pela área, seus lábios entreabertos fazendo com que seu hálito quente arrepiasse minha pele, eu sorri com a provocação e coloquei a mão em seu rosto afastando-o. Ela riu e o som era delicioso.

Eu olhei para as crianças ainda sorrindo, elas continuavam brincando.

– Sabe, antes de você vir morar conosco eu nunca havia dado uma chance a eles. – Eu olhei pra ela e ela estava olhando para as meninas. Continuei, - Tinha na minha cabeça de que eu não gostava de crianças e ai vi você toda carinhosa no primeiro dia em que os conheceu. Não sei, me faz tão bem ver como você é com meus primos e com a nossa irmã. – Meu olhar agora estava nelas novamente. - Eu me arrependo de ter perdido tanto tempo com eles.

– Se nós não conseguirmos agradar uma criança, que fica feliz com pouco, não acho que sejamos capazes de agradar mais alguém. Adultos sempre esperam mais, sempre pensam em dinheiro, em coisas materiais. Crianças às vezes só precisam de atenção.

Almost FamilyWhere stories live. Discover now