Young, wild, free...

292 18 1
                                    

Era segunda-feira e a minha meia-irmã-britânica chegou às sete da manhã completamente "estou acabada, de ressaca, por favor não perturbe" e se trancou no quarto. Não que isso me importe, de jeito nenhum. Ela sempre me chama para sair com ela, mas eu evito, até fui em algumas dessas saídas mas ela é assim, festeira demais a ponto de esquecer da vida. Então parei de pensar na Marina por um momento por que minha mãe quer que eu receba o decorador que fará as mudanças no quarto da minha nova irmã e no do bebê, mas ela simplesmente desmaiou na cama. Faltam dez minutos para a hora combinada.

Me aproximei da porta dela e dei duas batidas de leve, procurei a maçaneta sem esperanças de que estivesse destrancada mas ela se abriu facilmente. Três meses depois e suas malas continuam por todo o chão. Algumas roupas estão penduradas em cabides na maçaneta de seu banheiro.

– Marina, desculpa, mas eu preciso que você deixe o quarto. – Eu sussurrei me aproximando devagar da cama dela mas ela nem se moveu.

Cheguei ao lado dela na cama e dei um tapinha em seu braço mas ela parecia morta, eu até acreditaria que sim se não fosse pela respiração uniforme e a boca entreaberta puxando levemente o ar. Um leve desespero me pegou quando lembrei que já estava na hora do decorador chegar e ela não quer acordar.

Comecei a empurrar o corpo dela ate a beirada da cama sem raciocinar muito no que daria isso e consigo fazer com que ela chegue até a beirada e dou mais um empurrãozinho, mas ela cai no chão de madeira fazendo um barulho enorme. Meu grito a assusta mais do que o próprio tombo, mas ela fica lá, sorrindo e bêbada até que ela se dá conta do que aconteceu.

– Clara? – Ela parece um pouco em choque agora, passando a mão nos cabelos desarrumados. – O que aconteceu? Por que eu estou no chão?

– Desculpa, de novo, ai meu Deus. Te machuquei né? – Desci da cama correndo e ofereci a mão pra ajuda-la a levantar. – Eu preciso que você deixe o decorador entrar aqui. – Ela ficou quieta um pouco, segurando a minha mão e seu corpo foi deitando no chão ao invés de fazer força para levantar. – Não, não Marina, vem aqui. – Puxei pelos braços dela, ela estava dormindo de novo.

Chacoalhei seu corpo até que ela abriu os olhos de novo e ela me deu outro sorriso bobo. Eu a ajudei a se levantar e a guiei até meu quarto, deitei ela na minha cama e ela ficou lá, do mesmo jeito que eu deixei.

***

Recebi o decorador e ele primeiro me apresentou os projetos pro quarto do bebê, eram uns seis mais ou menos, todos lindos. Era uma menina, como se não bastasse uma de cada dos nossos pais. Eu escolhi pelo quarto com uma floresta como tema. As paredes eram em tons de verde e branco com pinturas de árvores e muitas decoração de pelúcia, cheio de detalhes lindos. Eu realmente achei que minha irmã seria feliz ali.

Para o quarto da Marina, seria preferível que ela estivesse presente, mas ela parece mais bêbada do que de ressaca. Eu vi alguns projetos com o decorador e ele pareceu bem animado quando entrou e se deparou com o tamanho do quarto. Com isso, filtramos dois modelos. Um azul, muito comum eu achei, e um branco e roxo, não sei por que mas achei a cara dela. Decidi por esse e o arquiteto começou a medir as coisas e fazer ligações para seu escritório providenciar seu pessoal, os móveis e tintas, enquanto isso eu dei uma olhadinha pela porta do meu quarto, ela havia puxado meu edredom e estava profundamente adormecida.

O arquiteto pediu-me para assinar o contrato e fechamos o negócio. Entreguei-lhe metade antecipada do pagamento e ele começou a dividir seu pessoal entre o quarto do bebê e o da Marina. Às sete da noite em ponto os quartos estavam impecavelmente iguais aos da foto, estavam maravilhosos. No da bebê havia uma plaquinha na porta, ainda sem nome para finalizar, havia espaço para o berço e os armários, tudo já preparado apenas para quando os móveis que eu já havia ido com a minha mãe comprar, chegassem. Me despedi do decorador entre muitos elogios e agradecimentos, mal esperando para ver o que minha mãe diria.

Almost FamilyWhere stories live. Discover now