Carta 2

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Mogi Guaçu, 09 de maio de 2018

Querido leitor,

Eu percebi que estava na beira do precipício, da escuridão, do frio e de estar completamente sozinha, mas sozinha de verdade! Quando eu gritei por socorro e ninguém ouviu. A única solução foi deitar na cama e esperar a dor passar, eu acreditei que só a morte iria tirar essa dor. Eu queria um sonho profundo.

Sangue, calarios, aquele nervosismo que corre nas veias, sem poder controlar a respiração, visão começa embasar, o corpo treme, o coração está mil por hora, a vontade de gritar e colocar tudo para fora, vomitar sentimentos, angústias e palavras nunca ditas. Sufocada com próprio medo. Até sentir que está fora de si, tudo fica tão longe.

A criança que eu fui teria orgulho de quem eu sou hoje?

Eu não sabia o significado da morte até passar por ela. Não foi 1 vez, foram varias vezes. A primeira vez assusta mas depois você acostuma. O que é horrível.

Eu realmente não queria sentir essa dor. Eu só queria sumir, não me preocupa com as coisas ao meu redor.

Ninguém quer nunca mais poder ver a luz,  ninguém quer parar de sentir o vento gelado batendo na sua pele quente, ninguém quer morrer.

Não consigo comer. Quero tirar essa dor no estômago, um vazio dentro de mim que aumenta cada segundo, se espelhando pelo meu corpo. Tirando o meu controle.

Eu só queria sumir para não lidar com as pessoas que causam essa dor e principalmente as que não conseguem entender o que eu sinto.

Eu só queria sumir para não ver pessoas que eu amo sofrendo e não poder ajudar. Eu me sinto inútil. A frustração é único sentimento. As coisas nunca mais serão as mesmas. Tempo perdido.

Eu só queria sumir e aceitar a culpa de todo o desprezo e essa falta de carinho das pessoas ao meu redor.

Será que eu sou culpada por todas as coisas ruins que acontecem na minha vida?

Eu quero sentir algo novamente. Eu quero fazer o que sempre me fez bem. Quero amar, ser amada. Eu quero ser importante. Quero Proteção.

Eu só quero sentir motivação e algo que
me convença de que vale a pena viver.

Com amor, Lu

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