Carta 6

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Mogi Guaçu, 04 de julho de 2018

Querido P,

Era uma quarta-feira nublada e fria, minhas mãos geladas e meus pés estavam ficando dormentes por conta do frio. Meu cachorro estava ao meu lado, eu sentia seu pequeno corpo tremendo. Nós dois debaixo das cobertas e eu não tinha vontade de levantar.

Eu estava sozinha.

Sim, você deve estar se perguntando "e o seu cachorro?". É diferente, querido. Eu me sentia sozinha, como se nada nesse mundo fosse suficiente para me causar alguma coisa.

Qualquer coisa.

Em dias assim, que me falta perspectiva, eu só preciso de sorrisos e abraços sinceros. Eu gostaria de explicar, tentaria dizer o que passa aqui dentro, mas eu falharia. Mais uma vez. Eu sinto vontade de chorar porque eu não consigo expressar, elas só acontecem.. Eu sinto uma absurda vontade de pôr pra fora todas as coisas ruins, coisas que desgastam uma grande parte de mim.

Era uma quarta feira, eu também acordei nublada, carregada de sentimentos nostálgicos e memórias que ainda me atormentam e apavoram. Chovi você o dia inteiro.

Eu estava vivendo com a sensação de perda constante, como se todas as minhas partes tivessem sido fragmentadas e deixadas por aí. Mas, quer ouvir uma coisa feliz disso tudo?

Eu aprendi.

Sei que as coisas não foram fáceis e ainda não são, e agora eu vou me reconstruindo e aceitando ser meu próprio abrigo, escapando de tudo que me faça olhar para trás. Menino, você me fez enxergar o quanto eu estava errada em continuar olhando para trás, te agradeço por me fazer olhar para dentro.

Não estou me bastando de amores vazios e alugados.

(desejo o mesmo para você)

Com amor, Lu.

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