Carta 9

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Mogi Guaçu, 19 de setembro de 2018

Querido G,

São 02:37 da manhã, a noite está fria e essa insônia que não me deixa dormir, enquanto a cidade dormi, você dorme, eu escrevo sobre você.

Sabe, andei pensando e como eu fico tão pequena perto de você.

É que talvez eu seja mesmo, bem pequeninha perto de você. Pois você tem uma imensidão nos seus olhos castanhos e uma profundidade de sentimentos dentro de ti como o oceano, eu estou tentando aprender nadar, G.

Eu estou mergulhando [de cabeça], nadando e explorando cada pedacinho seu e não tenho pressa para saber tudo.

Mas você deixa?

[um pouco]

Me deixa conhecer a profundeza da sua alma, através dos teus olhos, toques e sorrisos?

Eu deveria estar com medo dos seus olhos castanhos quando eles competem com meu rosto sério até eu não aguentar mais e rir.

Mas G, se sabe que eu dançaria com você enquanto todas as estrelas nos observam?

Te digo muitas coisas no papel porque olho-no-olho já não consigo.

Você já percebeu que nossos silêncios são cheios de diálogos não falados? E conversas não acabadas, e que talvez omitimos palavras e que pode causar uma tortura pra você e para mim, porque às vezes a vontade é falar tanto.

É preciso interpretar as coisas que não digo, porque sofro em silêncio, gosto em silêncio, desabo em silêncio, sinto saudade em silêncio e já me abri pra você, se quiser me decifra é só perceber.

Me desculpe, mas já comecei a me sufocar com as palavras que não te disse.  Não quero de te sufocar com o meu caos.

Queria saber se você percebeu.

Eu fico lembrando de eu deitada contra seu peito e colocando o ouvindo no seu lado esquerdo e escutando. Lembro dos seus dedos que percorrem sem pressa pelo meu corpo, aqueles sussurros no pé d'ouvido. Das pernas entrelaçadas e a mania de dormi com rosto grudado nas curvas entre as costas e o pescoço.

Um jeito tão bonito e com calmaria

Mas

Você está causando incêndio

E eu também

Não quero que isso saia do controle.

Com amor, Lu.

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