Capítulo 22

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Emma 

Uma hora e meia. É exatamente isso que falta para Adam está de volta! e meu coração está à mil.

Muita bobagem Adam dizer que conhece todos os pratos que Agnella prepara. Isso não seria possível, ou seria? Talvez Agnella cozinhe algo diferente, cozinhe algo que ela nunca preparou antes. Assim ele não conseguiria reconhecer o sabor. Essa é uma boa ideia! não custa nada tentar, e é isso mesmo que farei, pedirei ajuda.

Não posso ser demitida em hipótese alguma, tem um bebê à caminho que precisará de todo amparo possível, e eu não serei demitida, não em meu primeiro dia. Então, eu conseguirei! Isso mesmo eu vou conseguir! Com, ou sem ajuda.  

Guardo todos os utensílios domésticos que usei na hora da limpeza, e saio à procura de Agnella. Tenho 20% de certeza que Agnella irá me ajudar, sei que é pouco, mas vinte é melhor que zero.

Subo as escadas e caminho pelo longo corredor lentamente, observo cada detalhe atentamente. Há uma enorme pintura em um quadro pendurada na parede esquerda, não me recordo de ter passado por ela mais cedo, talvez eu apenas não tenha prestado atenção. Cada detalhe no quadro é surpreendentemente bem feito, as bordas parecem ser feita de ouro o que me surpreende mais ainda! e o tamanho? um pouco exagerado. Olho para o desenho e me deparo com um casal e duas crianças. Todos estão sérios, não esboçam nenhuma felicidade, parecem que estavam forçado à estarem todos juntos ali. Me aproximo mais um pouco e algo prende toda à minha atençaõ, a criança mais velha é ele, Adam. Essa é sua família, e nem um deles estão felizes. Reconheceria o seu olhar em qualquer lugar! Mas o seu olhar nessa pintura é diferente com o de agora, na pintura o seu olhar transmite apenas à tristeza, diferente do atual que transborda a raiva.

Decido deixar à figura para trás e continuo a caminhar cautelosamente, não lembro de ter passado por aqui. Estou perdida! cedo ou tarde isso iria acontecer. Eu preferia que fosse tarde.

Grito o nome de Agnella.

O local permanece em silêncio.

Estar perdida em uma mansão sem o celular não deve ser tão ruim assim. Quem sabe assim eu possa explorar cada canto desse lugar. E é isso que eu vou fazer. Olhando por um lado eu terei uma boa desculpa para não fazer o almoço. Procurar Agnella foi minha melhor ideia, estou orgulhosa de mim mesma.

Há uma porta entreaberta, meu subconsciente diz que não deve entrar, mas minha teimosia diz que sim.  Fico indecisa entre entrar ou não. Decido que vou entrar! Afinal estou sozinha e Adam não está em casa, então não corro o risco de ser pega em flagrante. Assim espero.

Entro e me deparo com uma decoração infantil, as paredes são pintadas nas cores azul e branco. Vasculho todo o ambiente com olhar, há alguns porta-retratos em cima do criado- mudo, neles Adam esbanja em uma grande felicidade. Em outro quadro Adam está abraçado com uma mulher de cabelos claros, observo todos os outros quadros e em todos eles Adam sorrir, fico abismada, já que no quadro que vi no corredor Adam pareciam muito triste. Percebo também que não tem nenhuma foto de Adam com seu pai.

Sinto uma leve tontura, minha visão fica turva. Sento-me na pequena cama de solteiro, desejo que esse enjoo passe logo, não acontece, então me deito. Passo a mão em baixo do travesseiro e sinto algo. Um papel. 

Pego o mesmo e abro ainda deitada, as letras ali escritas são as de uma criança que ainda está aprendendo a escrever. Leio cada palavra. As palavras não estavam todas corretas, mas dava para entender muito bem.

Querido papai do Céu, hoje estou muito triste porque mamãe e papai brigaram outra vez. Todas as noites é a mesma coisa! Não gosto quando eles brigam. Queria que nossa família fosse feliz de verdade, como as dos meus coleguinhas na escola. Será que isso é pedir muito papai do céu? Se não, você poderia realizar esse sonho? 

O bebê de Emma Onde histórias criam vida. Descubra agora