Capítulo 35

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Emma

Era injustiça. Eu não deveria ter simplesmente fugido dos meus problemas. Eu deveria encara-los, de cabeça erguida. Mas isso para mim não era algo tão simples e fácil. Eu desejava sumir ou desaparecer desesperadamente.
O que aconteceu não foi como em um sonho que você acorda e logo percebe que tudo aquilo não passou de um baita pesadelo. O que aconteceu foi real.

Meu pesadelo foi real.

E todos os dias durante semanas eu acreditava que uma hora iria acordar e ver que tudo não passava de um sonho ruim.

Eu poderia me mudar de cidades e países quantas vezes fosse necessárias, e nada mudaria o que aconteceu ou me faria esquecer. Então eu não podia simplesmente fugir.

Meus pais ainda estão parados no mesmo lugar suas expressões faciais variam entre:

Alegria.

Tristeza.

Raiva.

E decepção.

Não os julgo por isso, se fosse ao contrário, eu estaria bastante chateada e magoada com eles.

Caramba

Era pra eles estarem aqui daqui à uma semana, e não hoje, eu simplesmente não estava preparada para recebe-los. Imaginei que daqui a exatos sete dias eu estaria. Mas acontece que, poderia se passar meses e até mesmo anos, eu nunca estaria! Mas agora, nesse exato momento meu subconsciente me alerta: " O grande dia chegou ", " Não tem para correr ou se esconder".

Eu poderia facilmente me jogar no chão da minha sala e me fingir de morta ou fingir demência. Eu também poderia dá meia volta e fingir que havia entrado no apartamento. Mas isso era impossível, pois estou imóvel e não consigo sequer mover um músculo, meus pés parecem ter cravado no chão.

Ótimo momento para brincar de estátua viva.

Respiro fundo e tento manter a calma.

Calma?

Estou com os nervos à flor da pele, não há como manter à calma em um momento como esses.

Quero fugir e correr até não sentir mais minhas pernas.

— Você nos deve uma explicação, Emma.— mamãe ergue a voz e juro por Deus que sinto uma pitada de fúria e desespero.

Claro que dona Marta seria a primeira a se manifestar em uma situação como essas. Como eu disse: Ela é a grande fera da história, enquanto papai parece a mocinha confusa. Vejo o mesmo abrir e fechar a boca diversas vezes, sem sombras de dúvidas ele está sem palavras.

— Mantenha a calma querida, tenho certeza que Emma tem uma boa explicação para o que estamos vendo.— papai acaricia os ombros de mamãe como se fosse possível que com aquele simples gesto ela manteria a calma.

É claro que eu teria uma boa explicação, não teria? Eu não posso simplesmente jogar a bomba em cima deles, eu não teria tempo de correr e me esconder no banheiro que está apenas alguns passos de distância.

Hope parece se divertir com toda a situação que está acontecendo, pois a mesma chuta sem parar, se fosse em um outro momento eu estaria apreciando esse belo momento. Mas agora, eu só quero que ela permaneça quietinha por alguns minutinhos, só até eu resolver tudo.

Conte até dez, Emma.

Começo a contar os números mentalmente, nos filmes isso sempre dá certo! Mas por que comigo não funciona? Quando chego perto do dez começo a ficar ainda mais nervosa. Fecho os olhos com força e contínuo a contagem. Quando me dou conta, estou perto do número quarenta. Abro os olhos o quanto antes, parece loucura, mas é melhor permanecer de olhos bem abertos. Meu pai sempre me dizia: " Nunca teste a paciência de sua mãe, você não sabe o que ela é capaz de fazer com excesso de fúria. " Então esse não era o momento ideal para descobrir do que ela seria capaz de fazer.

O bebê de Emma Onde histórias criam vida. Descubra agora