XX Acolhimento

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Eu estava com dor, mas ver os seus olhinhos negros e um pouco grandes parecia ser o meu remédio. Ele era pequeno... e o seu narizinho era menor ainda. De repente, o vi ser tirado de mim. O seu choro fino ficou ainda mais alto. Eu não conseguia me levantar pela tamanha dor que sentia. Entrei em pânico, fiquei desesperado como nunca antes. Partia meu coração vê-lo se afastar de tal forma. Enquanto o via, chorava, assim como ele. Me perguntava o que fariam com o meu filho. Meu coração ficou no mesmo estado que naquela manhã. Era um aperto tão grande que parecia que eu morreria. Eu estava preso a uma cama e via o meu filho ser levado para longe de mim pelas mesmas pessoas que me machucaram muito, porém me deram ele. Era revoltante, não conseguia entender por que Yoongi e Taehyung eram tão ruins comigo a ponto de tirarem o meu bebê de mim em um momento que estou tão vulnerável... tão frágil. Só tive tempo de ver o seu rostinho e... vê-lo ser levado para longe. Eu gritava e tentava me levantar a todo custo, o que resultou em uma queda. Eu não tinha força em minhas pernas, por mais que eu tentasse ficar de pé e correr atrás deles... não conseguia. Eu gritava o seu nome, enquanto chorava. Sentia que nunca mais veria o meu próprio filho, mesmo que contra a minha vontade. Estava cansado, o esforço feito para dar a luz a uma criança é inimaginável. Minha visão ficou turva com o passar do tempo, e o motivo não era apenas as tantas lágrimas nos meus olhos. O cansaço tomou conta de mim. Aos poucos, cerrei meus olhos; mas não parei de repetir seu nome até perder todos os sentidos. A última coisa que vi, foi Yoongi, com o meu filho nos seus braços, se distanciando cada vez mais de mim. A última coisa que ouvi, além da minha própria voz, foi o seu choro fino... e, por fim, a última coisa que senti, foi uma forte dor no peito, um aperto indescritível.

Me acordei num susto. Eu estava ofegante, perturbado pelo pesadelo que eu acabara de ter. Tudo me parecia tão real... quando acordei, fiquei olhando ao meu redor, procurando aqueles dois com o meu filho. Não entendia por que eles me atormentam até mesmo quando estava descansando. Me levantei do sofá, para tomar um copo d'água. Eu seguia assustado e com medo, então decidi ir até o quarto de Namjoon. Queria dormir em paz, mas seguia com medo de ficar sozinho. Eu soluçava, mas não chorava. Me surpreendi por Namjoon nem Jimin terem despertado com o barulho que eu, sem querer, fazia.

– N-Namjoon... Namjoon, por favor, acorde. Eu estou com medo. – Disse, parado frente a porta de seu quarto. Ele parecia ter o sono pesado, então tomei liberdade para entrar no seu quarto e encostar no seu ombro, para então tentar acordá-lo mais uma vez. – Nam... Nam, acorde, por favor. – Implorei, agora chorando. Ele então abriu os olhos e os esfregou.

– O que foi, Jin?

– E-eu estou com medo.

– Medo de que? – Ele perguntou, me olhando confuso. Namjoon sentou-se na cama, ligou o abajur sobre o criado-mudo e seguiu me olhando de mesmo modo.

– Medo deles, Namjoon. Eu tive um pesadelo onde eles levavam o meu bebê para longe de mim, eu não quero que isso realmente aconteça, Nam. Eu estou com muito medo.

– Jin, não fique assim, foi só um pesadelo.

– M-mas... e se eles tirarem o meu bebê de mim quando ele nascer? E se eu nunca mais vê-lo? E se eles machucarem o meu cookie?

– Jin, ninguém vai tirar ele de você, ok? Eu prometo. – Ele Disse, mas eu segui chorando e soluçando baixinho. Namjoon ajeitou-se melhor na cama e deu algumas batidinhas nela, como se indicasse para eu me sentar ali, ao seu lado. Me sentei e ele me abraçou. Fiquei com a cabeça sobre o seu peito e meus braços envolta do seu abdômen. Me permiti chorar mais, ter Namjoon ali, comigo, era como se eu tivesse chegado ao meu porto seguro. – Shh... está tudo bem agora. – Ele disse, dando um beijinho na minha testa. – Quer me contar esse pesadelo maluco que você teve? As vezes é bom desabafar, Jin.

– Lembra que te contei que eles deixaram um bilhete?

– Sim. Que dizia que fariam pior caso você contasse para alguém, não é? – Assenti, repetidas vezes.

– Eu estava pensando... o que seria pior do que o que já fizeram comigo? Então... acho que o meu inconsciente me mostrou a resposta. O meu coração ficou tão apertado, Nam. Eu não quero que tirem o meu bebê de mim. Sei que nem o vi ainda, mas eu já o amo de mais e não aguentaria me separar dele.

– Mas por que você acha que esse pesadelo pode se tornar real algum dia?

– Eu não os subestimo, Namjoon. Se eles fizeram tudo aquilo comigo, quem garante que não podem fazer algo ainda pior, como tirar o meu filho de mim, por exemplo.

– Por que eles iriam querer o seu bebê?

– Para acabar com a minha vida. Afinal, esse é o objetivo deles desde o início.

– Por quê? – Ele perguntou, intonando a voz de forma melancólica. – O que você fez para eles terem tanto remoço? – Perguntou, de forma que demonstrou sua convicção de que não sabia o motivo de tando ódio.

– Eles foram reprovados na minha matéria...

– O quê?! Foi por isso? – Assenti em resposta, com a cabeça ainda sobre o seu peito. Pudia ouvir seu coração acelerar um pouco, ele realmente se revoltou com o fato. Namjoon olhava fixamente para um ponto aleatório do quarto, estava pensativo, era evidente. Ele negava com a cabeça, parecia incrédulo. Passado alguns instantes, ele voltou seu olhar para mim e, além de afagar meus cabelos, deu um beijinho na minha testa. Abracei-o mais forte, queria ficar ainda mais próximo dele, mesmo sabendo que isso era impossível. – Você quer dormir aqui comigo hoje? – Perguntou, logo assenti repetidas vezes em resposta. Fechei meus olhos e me concentrei em ouvir as batidas do seu coração. Ele estava calmo, seus batimentos não estavam acelerados. Digamos que... ele me transmitiu essa calma, logo consegui dormir. Quando já estava anestesiado pelo sono, senti Namjoon se remexer um pouco. Ele se deitou, mas não me afastou. Eu ainda ouvia as batidas do seu coração e sentia o calor dos seus braços me envolvendo. Eu só enxergava o breu, mas em compensação sentia o seu cheiro, que parecia ser um calmante para mim.

Mero Professor (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora