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Pov's Jin

2 meses e meio

Tudo estava bem. Já fazia uma semana que eu havia voltado a trabalhar. Quando o meu expediente acabava... Hoseok, que terminava o seu mais cedo, ia à peixaria para me acompanhar de volta para casa. Estávamos tranquilos, caminhando enquanto conversávamos. De repente, senti um forte mal-estar. Me apoiei no seu ombro quando minhas pernas fraquejaram e a estranha dor no meu abdômen se intensificou bruscamente.

– Jin, o que foi? – Me perguntou, preocupado.

– Hope... eu... eu não me sinto bem.

– O que você está sentindo?

– Está doendo. – Disse, tocando em meu baixo-ventre. Estava preocupado, era visível pela minha expressão facial. – Hope... o meu bebê está bem? – Perguntei, mesmo sabendo que ele não tinha como me afirmar. Não sei por que, mas naquele momento eu só queria estar seguro de que tudo seguia bem.

– Eu não sei, Jinnie. Vamos para casa, isso deve ser só um mal-estar. Assim que chegarmos, preparo um pouco de chá para você. – Assenti, ainda me apoiando no seu ombro e com a mesma expressão de pavor estampada no meu rosto. Não dei seis passos e senti novamente a dor, agora mais forte.

– Hope, eu não estou bem. – Disse, tanto firme quanto preocupado com quem eu carregava. Ele pôs um dos meus braços a redor do seu dorso, enquanto apoiava minha cintura com uma das mãos. Hoseok acariciou de leve meu abdômen e passou a fazer uma expressão semelhante à minha. Seguimos em direção a casa dele, quando estávamos próximos... comecei a chorar.

– O que houve, Jin? – Me perguntou, com os olhos arregalados.

– Eu fui um idiota... eu bebi, prejudiquei ele. Eu não quero perdê-lo... eu não quero.

– Jinnie, se acalme. Não tire conclusões precipitadas disso. Como eu disse... pode ser só um mal-estar. – Ele disse, na tentativa de me acalmar. Não demorou muito e chegamos em casa. Me sentei no sofá e ele foi preparar um chá para mim. Hoseok se sentou ao meu lado e me entregou a xícara quentinha. O seu olhar sobre mim era de preocupação, credito que não só comigo mas com a criança também. – Eu vou chamar um táxi. Nós vamos ao médico. – Não retruquei. Apenas assenti, bebendo um gole do chá enquanto olhava fixo para o chão. Estava pensativo, me perguntava se ele estava bem. Coloquei a xícara sobre a mesinha de centro e fui ao banheiro. Não sei se o mesmo vale para mim, que sou homem, mas dizem que se há sangramento pode ser sinal de um aborto espontâneo. – Jin, o que foi? – Não o respondi, fiquei hipnotizado quando vi as manchas de sangue na minha roupa íntima. Engoli em seco, não conseguia acreditar. Aquilo era a resposta para minha pergunta... ele não estava bem. – Seokjin, me responda! Você está me deixando preocupado.

– E-eu... matei ele...

– O quê?! – Não consegui falar mais nada, meu coração estava apertado pela tamanha culpa que me atormentava. Como pude ser tão irresponsável? Um cretino. Como eu seria visto pelo meu melhor amigo depois de ter provocando a morte do meu próprio filho? Parece que a vida está contra mim, já que quando tudo está bem... de repente, algo me destrói. Mas, nesse caso, a culpa não era de Yoongi ou de Taehyung. Era toda minha. Ouvi Hoseok suspirar fundo e se escorar na porta. – Eu posso entrar? – Ele parecia calmo, mas eu não tinha certeza se realmente estava. Não me sentia preparado para receber qualquer xingamento ou ter a verdade despejada sobre mim de uma só vez. Não queria ser chamado de assassino, não aguentaria ser chamado dessa forma. – Jin... por favor.

– Você vai me xingar? – Perguntei, com a voz trêmula.

– Por que eu faria isso?

– Porque você o amava... porque eramos uma família, não é?

– Continuamos sendo uma família, Jinnie. Não é porquê ele se foi que eu não vou mais cuidar de você. Eu te amo.

– Então você não está bravo comigo?

– Não... nenhum pouco. – Destranquei a porta e a abri um pouco. Olhei Hoseok pela fresta que deixei, ele se aproximou e encostou sua testa na minha. – Posso entrar? – Me afastei, dando espaço para ele entrar. – O táxi está vindo.

– Eu não quero ir.

– Jin, talvez o bebê não tenha...

– Eu estou sangrando.

– Por favor... vamos. Pelo menos pra ter certeza. – Pediu, segurando uma das minhas mãos. Suspirei fundo; cabisbaixo, assenti em resposta.

~*~*~

Assim que chegamos ao hospital: sentei em uma das cadeiras da sala de espera, enquanto Hoseok conversava com a recepcionista. Cerca de uma hora se passou e eu fui chamado. Não larguei da mão dele enquanto não entramos juntos na sala em que o médico me atenderia. A última coisa que eu queria naquele momento era ficar sozinho com um estranho. Assim que o médico chegou: pediu para que eu me sentasse na maca próxima aos aparelhos. Faríamos um ultrassom para conferir se o meu bebê seguia vivo. Me apertava o coração pensar nisso, era estranho imaginar que um dia quis abortá-lo.

– Levante sua camisa e abaixe um pouco as suas calças. – Assim como peço, fiz. Logo ele espalhou o gel pelo meu baixo-ventre, já usando o aparelho que era conectado à máquina. Não demorou e olhamos para o monitor, esse que mostrava um pequeno serzinho, ainda em desenvolvimento. Meu coração acelerou bruscamente quando vi a imagem, o que eu via naquele monitor era como se fosse uma luz no fundo do túnel.

– É ele?! O meu bebê está bem? – Perguntei ao médico, com um sorriso estampado no rosto.

– Sim. -Respondeu. Olhei para Hoseok, com um sorriso que ia de orelha a orelha; mas ele não olhava para mim, parecia hipnotizado pelo que via na tela.

– Ele está tão encolhidinho... parece um biscoitinho. Podemos chamá-lo de cookie, Jinnie. – Sugeriu, me fazendo rir.

– Se eu fosse vocês, não ficaria tão animado. – O médico disse, logo deixei de sorrir.

– Por quê? – Perguntei, franzindo o cenho.

– O que aconteceu com o outro feto pode acontecer com este também.

– O quê?!

– Eram gêmeos. Pensei que soubesse.

– Gêmeos? – Eu e Hoseok falamos, em uníssono, arregalando os olhos.

– Como assim... "pode acontecer com esse também"? – Hoseok perguntou ao homem.

– Vocês não sabem de nada, não é? – Perguntou ele, massageando suas pálpebras. – Vou explicar. Na maioria das vezes, durante uma gravidez masculina, o feto não passa dos três meses. Aparentemente, esse é mais um caso. Não quero parecer pessimista, mas tenho que lhes informar dos reais fatos.

– Então... este bebê vai... morrer? – Perguntei, abalado.

– Provavelmente sim. – Me respondeu. Olhei para Hoseok, que estava com um semblante tristonho no rosto, assim como eu.

– Não há nada que possamos fazer? – Hoseok perguntou e o médico negou.

– Eu sinto muito. – O homem disse. Engoli em seco, não conseguia acreditar que o meu cookie não viria ao mundo. Saímos da sala, inconformados com a notícia. Não consegui segurar minhas lágrimas e soluços, estava chamando a atenção dos demais pacientes, mas eu realmente não conseguia me conter. Hoseok me abraçou, disse que tudo ficaria bem... mas eu sabia que nada ficaria. Esperamos o táxi chegar. Como já era noite e o sereno caía, resolvemos esperar dentro do hospital. Um homem jovem, que usava um jaleco branco se aproximou de mim. Eu estava sentado em uma das cadeiras, ele então se ajoelhou ao meu lado para ficar da minha altura.

– Você está bem? – Perguntou, limpando os meus olhos com os polegares. Ele parecia realmente preocupado comigo, mesmo sendo um estranho... esse homem olhava para mim como Hoseok, preocupado.

– E-eu estou bem... Namjoon. – Respondi, lendo o seu nome no crachá que ele usava.

Mero Professor (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora