XXVII Lágrimas

1.7K 173 64
                                    

Pov's Jin

3 meses e uma semana

Com dificuldade, abri meus olhos. Vi Hoseok sentado em uma poltrona no canto do que me parecia ser um quarto de hospital. O Jung lia uma revista. Tirei a máscara de oxigênio, o que chamou sua atenção. Hoseok arregalou os olhos ao me ver.

– Jin... – Ele me chamou, com os olhos arregalados e a boca entreaberta. – v-você se sente bem? – Ele perguntou mas eu não respondi, sentia-me como se tivesse tomado um porre. Minha visão estava turva mas meus outros sentidos funcionavam bem.

– E-eu... m-me sinto embriagado. O q-que fizeram comigo?

– Você está no hospital. Ficou em coma por uma semana.

– Coma? Uma semana? Do que você está falando? – Perguntei, vendo tudo ao meu redor girar. Fechei os olhos e respirei fundo.

– Vou chamar um médico, fique quietinho. – Ele disse, acariciando minha mão. Não demorou muito e Hoseok voltou, ele falava ao celular enquanto um moço me examinava.

– Como se sente?

– Um pouco zonzo.

– Não se preocupe, isso é normal.

– Como está o meu bebê?

– Chamarei um obstetra para examiná-lo.

– Chamei Namjoon. – Hoseok disse ao médico. – Pelo que pude ouvir ele está literalmente correndo para cá. – O Jung disse, olhando para mim com um sorriso estampando sua face.

– Fizeram as pazes? – Perguntei, me referindo a ele e Namjoon.

– Mais ou menos isso.

– Pensei que não quisesse mais me ver, Hoseok. – Disse e ele desviou seu olhar.

– Espero que possa me perdoar, Jin. Reconheci que o que fiz foi errado. Me perdoe por ter me precipitado.

– Jin...! – Ouvi a voz de Namjoon, não demorou e ele se fez presente no quarto. – Jin, como você está? – Perguntou, pondo meu rosto entre suas mãos. – Meu Deus, você não imagina o quão feliz estou por ver esses olhos castanhos abertos novamente. – Ele disse, me abraçando. Namjoon estava agitado e eu praticamente embriagado.

– N-Nam... o meu bebê. Ele está bem?

– Vamos examiná-lo agora. – Ele disse e, ainda com meu rosto entre suas mãos, o acariciou com os polegares. Namjoon chamou dois enfermeiros para me transferirem para uma maca e me levarem para uma sala que tivesse o equipamento necessário para examinar o meu bebê. Os enfermeiros pegaram o lençol em baixo de mim e me ergueram, me colocaram na maca e me levaram.

– Quero você perto de mim. – Disse, segurando a mão de Namjoon. Ficamos de mãos dadas enquanto íamos para uma das salas de atendimento. Chegando na mesma, Namjoon levou minha mão até os seus lábios e nela deixou um beijinho. Eu o observa enquanto ele mexia em algumas coisas. Namjoon passou o gel sobre o meu baixo-ventre, em seguida o espalhou com um aparelho. Não demorou e vimos o pequeno Cookie no monitor. – Meu bebê está cada vez maior. – Disse, orgulhoso.

– Está sim. – Namjoon disse, sorridente. Hoseok estava na sala conosco, ele ficou maravilhado ao ver o bebê na tela.

– Ele não parece mais um cookie. – O Jung comentou.

– Em breve teremos que escolher um nome para ele. – Disse, acariciando a parte de cima da minha barriga para não interferir no exame.

– Tem algum em mente? – Namjoon perguntou e eu neguei em resposta. – Teremos que pensar em um quando chegarmos em casa.

– Como ele está, Namjoon? – Hoseok perguntou, preocupado.

– Pelo que vejo está tudo bem com o nosso Cookie que não se parece mais um cookie.

– Olha o rostinho dele! – Disse, maravilhado com o contorno que aparecia na tela.

– Quer ouvir os batimentos dele? – Namjoon perguntou, logo assenti repetidas vezes em resposta. Não demorou e ouvimos os batimentos do seu coraçãozinho. Por alguns instantes, ficamos os três escutando aquele som que era tão agradável para nós. Um som tão simples mas que significava uma vida a caminho. Chorei ao pensar que poderia ter perdido ele. Chorei ao pensar que um dia não o quis. Chorei ao pensar que para o seu coraçãozinho bater agora, algo terrível teve que acontecer comigo. Apesar de ser fruto de um estupro, eu o amava. Eu o amava mais que minha própria vida. Ele era o meu bebê e não um monstro como o pai. Queria poder voltar no tempo e dizer a mim mesmo que essa criança é o meu filho e que isso já basta para amá-lo.

– Jin... não chore. – Ouvi a voz de Hoseok.

– Obrigado, Hope... obrigado por me impedir de tomar a pior atitude da minha vida.

– Você não precisa me agradecer por isso. – Ele disse, afagando minha cabeça. Namjoon encerrou o exame, se pôs ao meu lado e beijou cada lágrima que caia dos meus olhos. Abracei-o e fui correspondido. Ele, vendo que Hoseok estava excluído, estendeu o braço na direção do Jung. Hoseok se juntou a nós e assim ficamos durante um tempo, em um abraço triplo.

– E-Eu agradeço por tê-los comigo. Obrigado por me apoiarem nos momentos mais difíceis. – Agradeci a eles que, em seguida, intensificaram o abraço.

Três dias mais tarde...

Tive que ficar por mais três dias no hospital, em observação. Os médicos optaram por me manter no hospital porque, segundo eles, o que aconteceu comigo foi grave. Namjoon me contou que estavam apreensivos, já que quando eu acordasse poderia ter ficado com sequelas. Estava arrumando a mala de Namjoon, haviam pertences dele espalhados pelo quarto e, como ele estava trabalhando, resolvi ajudá-lo guardando suas coisas. Dobrei os cobertores que ele trouxe, estava tudo organizadinho só faltava irmos embora. Esperei seu expediente acabar, fiquei falando com Jimin enquanto isso. Ele me fez algumas perguntas sobre Hoseok e me contou que, possivelmente, está apaixonado por ele. Achei esse sentimento precoce, já que eles se conheceram não faz muito tempo pelo que sei. Contei a ele que Hoseok é uma boa pessoa, trabalhador e um bom amigo quando quer. Contei também que ele tem um cachorrinho muito fofo e que eu estou com saudades. Jimin interrompeu nossa conversa quando Namjoon entrou no quarto.

– Do que falavam? – Ele perguntou, olhado para Jimin com o queixo erguido.

– Nada, tio. – Jimin respondeu, sorridente. Ele estava contente em saber que Hoseok era realmente uma boa pessoa.

– Huhum, sei...

– Vamos para casa, Nam?

– Vamos sim. Mas antes eu queria te perguntar uma coisa. – Ele disse, sem jeito.

– Pergunte. – Disse, me levantando da cama para pegar a mala pela alça e levá-la até o carro.

– Jin... – Me chamou, tomando a mala para si e largando a mesma no chão. – o que vou falar é importante para mim, gostaria que você prestasse atenção.

– Oh... desculpe.

– Bem... quando você estava desacordado eu te disse uma coisa, mas você certamente não lembra.

– O que você disse? – Perguntei, curioso.

– Você é muito importante para mim, Seokjin. E depois do que aconteceu contigo eu passei a ter noção da falta que você me faz. Sinceramente, eu já havia reconhecido esse sentimento. – O meu coração batia forte. Me perguntava se ele realmente pediria o que eu pensava que pediria. – Mas só passei a ter certeza dele depois que você me fez falta.

– Diga logo, tio. – Jimin pediu, mais ansioso que eu.

– Kim Seokjin... você quer namorar comigo? – Ele perguntou, com as bochechas coradas.

Mero Professor (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora