➷ Tentando Esquecer a Dor ➷

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Aperto a mão de Christian e encaro Flynn a nossa frente sentado em sua cadeira de couro, e nós dois estamos no sofá ouvindo tudo o que ele fala. Hipnose. A palavra ecoa e ecoa na minha mente e quase não parece ter sentindo, mas parece ser uma das formas mais eficientes de me ajudar.

Flynn acha que ir até o passado e contar o que aconteceu é uma forma de colocar tudo para fora. Algumas lembranças se apagaram com o tempo e, talvez sejam essas lembranças das quais não consigo me desprender. Falar sobre elas pode me ajudar.

Ele está nos explicando como funciona todo o procedimento agora, mas é quase impossível ouvi-lo... eu me sinto completamente acuada. Acho que estou fazendo isso por Christian, porque eu quero que ele saiba, mas não tenho a menor ideia de como contar.

É tão assustador e sufocante me sentir dessa forma.

— Nós podemos começar agora, Anastásia?

— Acho que sim.

— Certo, eu quero que você se deite agora.

Encaro Christian e ele me dá um pequeno sorriso confortador antes de se levantar. Deito-me no sofá e encaro o teto prestando atenção no efeito que os cristais da luminária causam. São como pequenas estrelas coloridas.

— Anastásia. — Flynn cama e eu lhe encaro. — A partir de agora eu quero que você relaxe.

— Certo.

— Nós vamos apenas deixar você à vontade, tudo bem?

— Sim.

— Você consegue esvaziar sua mente?

— Eu não sei...

— Pense em coisas calmas.

— Tudo bem.

— Feche os olhos.

Respiro fundo e fecho meus olhos tentando esvaziar toda a minha cabeça enquanto Flynn continua falando comigo:

— Você consegue imaginar o mar?

— Eu nunca fui ao mar. — Sussurro baixinho.

— Oh... — Ele tenta esconder sua surpresa. — O que costuma te acalmar?

— A voz de Christian.

— Christian, você pode cantar algo?

— Claro.

A voz suave de Christian começa a invadir todo a sala e meus pensamentos começam a sumir, minha cabeça fica distante e eu me sinto absolutamente leve. Leve como uma pequena pena caindo do céu ao chão, escorregando pelo ar com leveza até tocar o solo.

— Anastásia, abra os olhos devagar e encare o relógio a sua frente, os ponteiros dele.

Abro meus olhos devagar e encaro o grande relógio a minha frente, o ponto vai de um lado para o outro de forma lenta.

Aconchego-me mais ao sofá com a cabeça vazia e encaro o pequeno ponteiro a minha frente, fazendo um leve som enquanto bate de um lado para o outro. Meus olhos pesam e minha mente começa a se distanciar dando apenas espaço para o som do tic-tac.

— Anastásia, você pode me ouvir?

A voz de Flynn soa em algum lugar da minha mente, mas não o sinto perto, ele parece tão... distante.

— Sim. — Sussurro baixinho.

Eu estou num lugar escuro, somente eu e o som do tic-tac. Estou ajoelhada no meio do lugar escuro e ele parece ser distante de qualquer lugar onde já estive. Eu gosto daqui, é tão calmo, tão diferente da confusão que eu estive, aqui é um pontinho seguro no meio do mar turbulento, aqui é como Christian.

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