➷ Alguém Real ➷

1.5K 165 68
                                    

Todos os meus pensamentos estão em Christian, a forma como brigamos... tudo o que eu disse, isso não sai da minha cabeça desde o momento que aceitei vir com a minha mãe. Eu não poderia arriscar. Não poderia deixar que ela descobrisse Christian, ela o mataria e se ele morrer, eu morro junto.

Nós estamos há algumas horas no helicóptero, minha cabeça está tão distante que mal posso ouvir qualquer ruído. Eu não posso acreditar que estou voltando para lá, minha vida está acabada. Eu sou tão burra! Eu deveria ter ouvido Christian, ter ficado em casa, então ele chegaria e nós faríamos amor pelo resto da noite, mas eu estou aqui, voltando ao meu passado e meus piores pesadelos.

Agarro-me ao banco quando sinto que pousamos e olho em volta, estamos em cima do prédio, em cima do império da minha mãe. O medo me toma, eu não quero ficar, eu quero fugir, quero correr e voltar para os braços de Christian, pedir desculpa por ser tão boba.

Mas eu não posso demonstrar isso, eu não posso ter medo, eu preciso ser forte por Christian e, dar um jeito de sair daqui.

— Vamos, Elizabeth?

— Sim... — Digo com a voz firme.

Eu não posso abaixar a cabeça para ela nem ninguém aqui, não posso deixar a voz fraca. Tenho sempre que manter o queixo levantado, ter a voz forte, nada de fraqueza, Anastásia... você agora precisa ser a Elizabeth, apenas por algum tempo... por Christian.

Seguro a mão de um dos capangas e desço do helicóptero olhando tudo em volta. Já faz anos desde que Ray me tirou daqui... e eu o culpei, agora me sinto culpada, ele me livrou de um inferno e, novamente, tenho que sair daqui.

Sigo para o elevador ignorando o vento forte, logo estamos descendo e a cada andar sou tomada por mais medo, mas eu sei que ela está de olho em mim, mas dessa vez eu não vou deixar que ela fique por cima, eu não sou mais uma garotinha.

— Esses anos sem você foram horríveis. — Ela diz e eu lhe encaro sem demonstrar emoções.

— Não seja sentimentalista. — Digo revirando os olhos e cruzo os braços. — Você está sendo ridícula.

— Minha garotinha. Eu quero te mostrar tudo.

— Eu já conheço tudo.

— As novas garotas.

— Agora não, Elena, eu posso apenas descansar? — Paro no grande salão e olho em volta. — Eu estou em casa agora.

Um arrepio me percorre e eu lembro cada pessoa que morreu bem aqui nesse salão, na minha frente... lembro-me dos sorrisos que eu soltava enquanto eles agonizavam de dor, isso me apavora e me angustia agora, mas eu preciso me manter concentrada.

— Tudo bem, apenas me explique onde esteve nesses anos. — Pede e eu suspiro.

— Várias casas, eu nunca soube o nome de nenhum deles, eles tinham medo de mim.

— Que orgulho.

Ela está acreditando em mim e isso é bom, se eu tiver a sua confiança tudo será melhor, mas eu sei que a tenho. Elena não deixaria de confiar em mim, ela acha que papai me arrancou daqui... mal sabe que eu fugi após roubar vários documentos que a incriminavam.

— Eu quero apresentar alguém a você.

— Não pode ser depois?

— Não, eu esperei por muito tempo, Elizabeth.

— Tudo bem, Elena!

Elena sorri e bate palmas, as portas se abrem logo em seguida e seus homens começam a entrar formando uma fila, um ao lado do outro. Consigo me lembrar de alguns e, outros não cheguei a conhecer. Respiro fundo e encaro os homens, eles começam a se afastar e uma mulher entra com passos desconfiados. Primeiro noto sua roupa, um lindo vestido com Chiffon na cor azul, então meu olhar para em seu rosto... não, não demonstre, Anastásia. Não demonstre. Não chore. Não chore, por Christian, por Lilly, não chore.

Afogue-se no AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora