➷ Pequeno Coração Incessante ➷

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Atravesso as portas duplas e estranho ao me deparar com a grande sala completamente silenciosa e escura. A única luz que a invade é das cortinas que estão entreabertas, mas por ser tão cedo imagino que todos estão dormindo.

— Ana?

Viro a cabeça em direção a escada e a jogo um pouco para o lado ao ver Lilly descer. Ela está com seu pijama, seus cabelos estão bagunçados, mas ela está com um sorriso largo, talvez por me ver. Lilly corre na minha direção e me abraça. Fecho meus olhos e dou um passo para trás empurrando-a para longe de mim.

— O que você faz aqui? — Pergunta preocupada. — Onde está Christian?

— Não interessa. Onde estão nossos pais?

— Aconteceu alguma coisa?

— Responda a minha pergunta!

Lilly me olha com pavor e as lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto. Ela dá um passo para trás e se encolhe como um pequeno animal ferido, como um pequeno ponto, tão indefeso.

— Onde está? — Lilly pergunta me encarando, sua expressão se torna fria. — Onde está a minha Ana?

— Do que você está falando?

— Onde ela está? — Grita. — Você matou ela, a minha Ana. Minha... Elizabeth.

Dou um passo para trás entorpecida e com o coração acelerado, a figura distorcida de Elena começa a surgir entre a escuridão e para atrás de Lilly, repousando a mão sobre o ombro dela. Lilly levanta a cabeça e lhe encara abrindo um sorriso sem sentimentos.

— Eu encontrei minha Elizabeth. — Elena diz sorrindo e solta uma leve gargalhada.

— Lilly, não...

— Tudo bem, Ana, eu prometo ser uma boa Elizabeth.

Lilly sorri encolhendo os ombros e se aproxima parando na minha frente, seu sorriso se perde dando lugar a um olhar escuro e vazio de qualquer sentimento. Então ela crava suas mãos na minha barriga, um grito escapa da minha garganta enquanto ela enfia as mãos na minha barriga.

Não consigo me mover, apenas lhe encaro horrorizada enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto, Lilly puxa suas mãos e meu coração se quebra ao ver meu pequeno pontinho fora de mim, sangrando nas mãos da minha irmã.

— Diga adeus ao pontinho, Ana. — Lilly diz sorrindo antes de jogá-lo no chão.

— Não! — Grito com pavor.

Abro os olhos assustada e sou jogada pela frente quando o motorista freia o carro. Ele se vira e me encara com preocupação evidente. Foi apenas um sonho.

— Você está bem, senhorita?

— Sim... eu...

Olho para os lados e vejo que não estamos longe do Escala, pego todo o dinheiro que tenho e jogo para o taxista antes de correr para fora do carro. Paro na calçada e levanto a cabeça inalando com força o ar que me traz um pouco de paz. Levo minhas mãos para a minha barriga e suspiro. Apenas um sonho.

Ando pelas ruas e me esquivo de algumas pessoas, pessoas que estão tirando fotos minhas. Malditos paparazzo. Entro no Escala e corro até o elevador colocando o código da cobertura, encho-me de alívio quando ultrapasso as portas duplas e encontro a grande sala cheia de luz e com meus pais sentados no sofá.

— Ana!

O grito animado de Lilly enche meu coração, ajoelho-me quando a vejo descer as escadas correndo, e a recebo em um abraço apertado. Ela se afasta sorrindo e acaricia meu rosto.

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