Casualmente

Como isso começou

Como foi que isso tudo começou?

Foi há alguns anos, quando ainda estávamos na faculdade. Eu fui à lanchonete no intervalo de aula, sentei-me no balcão e pedi algo para comer.

Alguma coisa me incomodou, eu sentia que estava sendo observada. Virei-me de lado e você estava lá, me comendo com os olhos enquanto bebia seu café. Um sorrisinho de lado, meio safado, como se estivesse gostando do que estava vendo.

Eu fiquei com raiva, te achei atrevido, indiscreto. Mas não consegui desviar meus olhos de você.

Você se levantou e caminhou lentamente em minha direção, sem tirar os olhos de mim. Sentou-se ao meu lado, colocou a xícara sobre o balcão e virou-se para mim, com um sorriso que me deixou sem fôlego.

- Você é linda!

Daquele dia em diante, eu só pensava em você. Eu nunca fui o tipo que se apaixona fácil, mas a química entre nós foi imediata.

Eu estava namorando um colega de turma desde o início da faculdade. Eu gostava dele. Mas desde que eu te conheci, o beijo dele ficou sem sabor. O toque dele ficou leve demais. E eu fique insensível a tudo nele.

Você disse que me queria, eu disse que não podia. Mas eu te queria também.

Então, eu decidi que seria sua.

Peguei o meu celular e te mandei uma mensagem.

Estou livre. Vem me ver.

E você veio.

Você chegou e não disse nada. Apenas me olhou daquele jeito, faminto e sorriu. Agarrou meus cabelos soltos, entrelaçando seus dedos neles. Com a outra mão, você segurou as minhas costas, firmando o meu corpo e apertando-o junto ao seu. E me beijou daquele jeito, que nenhum outro homem beijaria novamente. Ali eu soube que te amava.

Mas eu nunca te disse.

Um mês.

Foi o quanto durou nossa relação.

- Estou indo fazer doutorado na Europa.

- Quando você vai?

-Na próxima semana.

Naquela semana, eu não atendi sua ligações, nem respondi suas mensagens. Você me magoou e eu precisava te esquecer, e tinha que fazer isso de uma vez.

Alguns anos (e relacionamentos) depois, você voltou.

Eu achei que tivesse te superado completamente.

Nunca me esqueci do gosto do seu beijo e nunca deixei de estremecer quando me lembrava dele.

Mas me lembrava raramente.

Nós não frequentávamos os mesmos lugares, nem tínhamos os mesmos amigos, morávamos em cidades diferentes, não tínhamos mais os telefones um do outro e eu não esperava te ver nunca mais.

Mas nós dois fomos a uma festa. E você não estava sozinho.

" Casado?"

-Nossa, há quanto tempo! você está linda!

- Obrigada. Você também está muito bem.

-Deixe-me apresentá-la à minha esposa...

Vocês pareciam tão apaixonados.

Resolvi te ignorar.

Mas eu não conseguia deixar de olhar para você de vez em quando.

E de vez em quando eu notava você me olhando.

Você sorria de lado e não desviava os olhos de mim.

Eu sentia o meu sangue ferver de desejo por você. E desviava os olhos, sem graça.

Você parecia estar me seguindo. Estava em todos os lugares que eu frequentava. E nunca estava sozinho. Ela sempre estava com você.

Resolvi não ficar sozinha.

Comecei a namorar.

Sexta a noite, depois do trabalho, vamos a um bar perto dali.

Após alguns minutos você chega. Com ela.

Eu estou bem. Ignoro você quase completamente. Mas percebo que você está inquieto, sentado na mesa ao lado.

Não me importo.

Ele me beija com doçura e delicadeza, e eu adoro.

Ele me pede para sairmos dali e eu concordo.

Eu me levanto para ir ao banheiro, mas antes de chegar lá, sinto uma mão segurar meu braço.

Sua mão.

Eu me viro de repente e você me puxa pra você, levando-me até a parede mais próxima. Eu não tenho tempo de dizer nada.

Você me beija com urgência, com força, com autoridade. Um beijo quente, sensual e possessivo, rápido e intenso.

Você olha para mim, seus olhos percorrendo todo o meu rosto. Eu respiro rápido, tentando recuperar o fôlego, meu peito subindo e descendo.

Você me lança aquele sorriso que me desarma totalmente.

- Você é minha!

E sai, deixando-me atordoada.

Isso foi há seis meses.

Eu soube que você se separou da sua esposa. Meu namoro, por outro lado, continua firme.

Se você ao menos me pedisse, se me dissesse o que quer de mim.

Mas você não diz nada.

Apenas me olha daquele jeito, quando dos nossos encontros casuais, e eu não consigo me negar a você. E nem quero.

Nosso lance é esse. É só sexo!

Não é?