Casualmente

Visita inesperada

-Eu estou aqui fora. Você pode abrir a porta pra mim?

Custo a acredita no que eu leio na tela do celular.

Corro para abrir a porta e você está lá fora, encostado no portão de grades, de costas para mim, olhando para a tela do celular.

Você escuta a porta abrir e se vira. Parece tenso.

Seus olhos percorrem o meu rosto, como se estivesse procurando por algo.

Eu não tenho reação. Apenas observo você, sem saber o que esperar dessa visita inesperada. Achei que você não viria mais me procurar.

Seus olhos percorrem o meu corpo e só então eu me lembro de que estou seminua.

Apesar disso, é a primeira vez desde que te conheci, que você me olha e não sorri daquele seu jeito safado. Estou com medo.

Corro no meu quarto e pego um short qualquer. Vou abotoando enquanto caminho até o portão. Eu o abro e você entra.

Agora nós dois estamos parados diante do portão, olhando um para o outro, sérios, tensos.

Você estende a mão e toca em uma mecha do meu cabelo, então suspira, e me olha nos olhos.

- Cada vez que eu te olho, você está mais bonita!

Meu coração parece que vai sair do meu peito e pular em suas mãos. Minha vontade é me jogar em seus braços e te beijar. Mas eu não vou fazer isso.

Abaixo os olhos, desconcertada e agradeço. Então te convido para entrar.

Desligo o som e te peço para sentar. Te ofereço uma bebida mas você declina. Sento-me na poltrona, de frente para você. Nós dois ficamos calados por alguns minutos. Eu nunca te vi assim, tão tenso, quase inseguro.

Você suspira e então começa.

- Senti sua falta.

Eu não respondo.

-Eu sinto a sua falta!

Eu não sei o que estou sentindo agora. Abaixo os meus olhos e os mantenho fixos em minhas mãos.

- E eu não quero só te comer...

Uma lágrima desce pelo meu rosto.

Você se ajoelha diante de mim, toca meu rosto, enxugando minha lágrima, então mantém sua mão descansando sobre a minha bochecha. Eu ergo meus olhos, que encontram os seus, suplicantes.

Eu só quero entender o que está acontecendo agora.

- Então o que você quer?

Você continua me fitando, seus olhos percorrendo meu rosto.

- Eu quero você!

Viro o rosto, contrariada, mas você toca o meu queixo e vira meu rosto de volta para você.

-Eu quero você inteira. Eu adoro tocar o seu corpo, mas eu também quero tocar a sua alma. Por que eu nunca te esqueci. Em todos esse anos, você sempre esteve por aqui, em algum lugar dentro de mim. Porque eu amo você.