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Kiara Soares

Cantarolava a música que passava na rádio, até que, subitamente, o Rui decide desligar o rádio e a minha voz ouve-se demasiado.

Olhei para ele, que continuava atento à estrada, visto que se apoderou do meu carro.

- E então, conta-me coisas.

- O que queres saber? - Arqueei a sobrancelha e ele encarou-me, um tanto pensativo. - Sim.... O que quiseres, pergunta.

- Trabalhas?

- A sério? - Soltei uma breve gargalhada. - Uma pergunta dessas a caminho do Algarve?

Encolheu os ombros.

- Trabalho num restaurante em Lisboa, nada emocionante. - Disse-lhe. - Dá para tirar estes dias, sabes? Para gastar dinheiro.

- Vives sozinha?

- Com os meus tios. - Expliquei. - Pensei que tivesses perguntas mais emocionantes. - Disse, num tom desanimado.

Revirou-me os olhos, apontando para a placa que nos dava as boas-vindas ao Algarve. Sento-me aliviada, visto que estava um calor imenso e estava farta daquele banco.

- Tens namorado?

- É complicado. - Deixei escapar. - Mas não, não se pode considerar namorado. Então e tu? Quando começam os treinos da seleção?

Tentei desviar o assunto. Não era boa ideia falar de família ou de assuntos como namoros e casamentos. O guarda-redes começou a falar e a contar-me alguns coisas sobre o que lhe tinha perguntado, tocando no Euro.

O ambiente tornou-se tão mais leve e desde esse assunto, só paramos de partilhar coisas ao chegarmos à rua do Hotel.

Havia uma entrada subterrânea, essa que o moreno escolheu. Era mais seguro, pois nunca se sabia onde encontrar paparazzis. Tudo o que não precisávamos, era disso.

Queria que esta loucura durasse, pelo menos, o fim de semana completo.

Após tratar da reserva de uma suite, com dois quartos, segui-o pelo corredor. Os meus olhos e a minha atenção estavam no andar nele.

Braços musculosos, uma figura alta e atraente.

E eu era só... Eu.

O homem parou de andar de repente, por momentos não choquei contra ele. Passou um dos dois cartões pelo leitor, destrancando num ápice a nossa suite.

Cedeu-me passagem, dando-me vista para todo o espaço. Estava bastante animada e deliciada, a vista era fantástica também.

Pousei a mala no sofá, admirando a vista.

Senti uma presença atrás de mim. Muito perto, deixando-me um tanto nervosa.

- Não me sais da cabeça.

Murmurou baixo, desviando os meus cabelos para um dos lados. Senti o seu peito contra as minhas costas.

Perdi-me, deixei de saber respirar. Não esperava de todo, que fosse tão intenso comigo, não tão rápido. Pouco ou nada sabíamos um do outro, mas não importava. Havia muito mais e era isso que, naquele momento, falava mais alto que a razão.

Senti ambas as suas mãos nos meus ombros, a descer pelos meus braços. A sua respiração leve contra o meu pescoço desnudo e os lábios cada vez mais próximos.

Senti um pequeno beijo.

Mordisquei os meus lábios, saboreando tudo o que podia absorver daquele momento.

- Estou completamente rendido a ti. Desde que me tocaste, desde que falaste comigo. Não tens noção do que despertaste em mim.

Murmurou novamente, virando-me para si.

- Há anos que não me sinto assim. - Admitiu, levando a mão ao meu rosto. - Diz-me se estou a ser evasivo, se tencionavas que fosse apenas a tal saída entre amigos.

Não me consegui pronunciava. A cada palavra que invadia os meus ouvidos, era um passo em falso para cair na tentação.

- Diz-me que entendi tudo errado.

- Mesmo que dissesse, não estava a ser sincera ao que estou a sentir neste momento.

Lambi os meus lábios, ganhando finalmente coragem para tocar no rosto do iluminado pelo sol daquele homem.

Deslizei os dedos pela barba bem desenhada e aparada dele, olhando-o nos olhos.

- Isto nunca me tinha acontecido.

- Nem a mim. - Admiti, descendo as mãos para os seus braços. Reparava nas veias salientadas e que estava tenso.

- Atraíste-me de uma forma inexplicável.

Encostou-me à janela, subindo as mãos pelos meus braços, até ao meu pescoço e rosto. Sabia o que estava prestes a acontecer e nenhum osso ou músculo do meu corpo quis impedir.

- É tão errado querer-te tanto quanto te quero neste exato momento, Kiara?

...

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