16

499 53 3
                                    

Kiara Soares

Após duas horas ás voltas pela zona à volta do hotel, ganhei coragem e voltei para o mesmo. O facto de ter que o encarar...

Sentia-me dividida, apesar de ter a certeza que jamais iria separá-lo da sua família. Já cometi, várias vezes, o erro de me envolver com ele, os familiares não mereciam. Sentia-me horrível e suja, até, pelo que fiz.

Nunca antes me deixei levar ou cai na tentação de ter alguém que não me pertencia.

O sentimento de culpa estava a matar-me por dentro, um pouco mais todos os dias. Não era o arrependimento, mas o gostar.

Ter gostado de cada troca de sorrisos e de cada vez que nos deitávamos sob a cama. Era muito errado, mas sabia tão bem. Tentei conter todas as lágrimas e adentrei no quarto.

Ali estava ele.

Com a mala quase feita, sentando na cama com as mãos no próprio rosto triste.

- Rui?

O moreno olhou para mim.

Os seus olhos brilhantes, mais que nunca. Senti uma pontada no peito, ao perceber a tristeza no seu olhar. Era transparente.

- Diz que não me queres e volto para Portugal, esqueço tudo o que aconteceu.

- Não me obrigues a fazer isso.

- Kiara, estás a dar comigo em louco! - Elevou o tom de voz, caminhando na minha direção. - Já chega de jogos! Foda-se.

- Não é jogo nenhum! O que raio esperas de mim? Que feche os olhos ao que fiz ao teu filho e à tua mulher? Será que não consegues meter-te no meu lugar e imaginar como me estou a sentir? Porra!

Levei as mãos aos cabelos, sentindo novamente lágrimas a inundar os olhos.

- Claro que me sinto bem contigo! Mas um de nós tem que ser racional e odeio que seja eu. A miúda que se meteu com um homem casado e destruiu a família dele.

- Não fizeste nada sozinho. Era eu quem devia ter impedido isto, visto que era eu quem estava comprometido.

- Isso é suposto fazer com que me sinta melhor?

- É para te fazer perceber que não tens culpa. O erro foi unicamente meu. - Alcançou-me. - Não te culpes. - Passou a mão pelo meu rosto. - Fui eu que cai na tentação.

Suspirei, impedindo o contacto visual.

- Fui eu quem confundiu as coisas. Apareceste no momento certo Kiara e não resisti em amar a pessoa que és por breves semanas.

Arregalei os olhos, sendo obrigada a olhar para o moreno, após as suas palavras.

- É tão fácil gostar de ti.

- Rui...

- Por mais errado que seja. Estou obcecado por ti e não quero que me deixes. Não assim. Quero tanto estar contigo Kiara, diz que me queres. O que posso fazer?

- Nada, não podes fazer nada! Desculpa, mas é melhor ficarmos por aqui. Quis fazer com que te sentisses bem...

- E fizeste! Porque não o queres fazer mais? - O homem interrompeu-me.

- Porque é errado!

Percebi que lágrimas inundavam os olhos do moreno. Sento-me horrível, mais do que já me estava a sentir há umas horas.

Deixei escapar todas as lágrimas, levando as mãos ao rosto do moreno. Não era suposto ser tão difícil para nós. Era apenas uma forma de escaparmos à realidade.

Apenas deixamos que durasse demasiado.

- Por favor Rui, não tornes isto mais difícil. És uma pessoa impecável. - Sussurrei.

- Então não me deixes ir.

Fechei os olhos, acabando por colar os meus lábios ao rosto dele. Era um vazio ainda maior, que ao que sentia antes dele.

BATTLEFIELD  ➛  RUI PATRÍCIO  Onde histórias criam vida. Descubra agora