XIX - Sobre Ex's

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Zach...

- Você sabia que Jared é o único cara com quem Matt ficou? Apenas garotas antes disso.

Estávamos na cama, e ele estava deitado meio em cima de mim, com o queixo apoiado no meu peito. Eu pensei sobre o que Angelo tinha dito no Fest Folk, que Matt era o gay mais hetero que ele já conhecera. Eu nunca teria usado essas palavras, mas sabia exatamente o que queria dizer.

- Isso explica muita coisa.

Angelo olhou pensativo antes perguntar:

- Você já esteve com uma garota?

A pergunta me surpreendeu.

- Sim. Não por um longo tempo, mas no colégio e na faculdade, eu dormi com algumas.

- E você gostou?

Ele estava tão sério, e tentei não rir.

- Bem, sim. Nunca foi tão bom como com outros homens, mas era bom o suficiente, eu acho.

Ele olhou pensativo.

- Você nunca esteve com uma garota?

Ele balançou a cabeça.

- Você sempre soube que era gay?

Ele deu de ombros.

- Acho que sim. - Ele ficou em silêncio por um minuto. - Nunca pensei muito sobre isso, antes do primeiro cara. Acho que eu só tinha outra coisa que me preocupar. Ficar mudando de casas e escolas o tempo todo. Quando eu me acostumava a uma, eles me mudavam novamente. Nunca tive nenhum amigo e sempre fracassei com colegas.

Sendo um garoto adotado, os professores decidiam que eu era um problema, antes que eu tivesse a chance de não ser um. Cada escola, algum atleta babaca queria provar o quão duro era provocar briga comigo. Eu não tinha aprendido a lutar ainda ou como não lutar. E eu era pequeno. Então, eu só ouvia os xingamentos e seguia calado e de cabeça baixa.

Realmente não pensei sobre garotos ou garotas, eu acho. Não que eu me lembre. Pouco antes de completar dezesseis anos, eu fui para um novo lar. Tinha um irmão adotivo. Bobby. Ele tinha dezessete anos. Nós dividimos um quarto. Uma manhã eu acordei, e eu podia ouvi-lo... se masturbando, sabe? Acontece que eu rolei para poder vê-lo. E ele me viu assistindo.

Ele deve ter percebido que eu gostei, porque ele moveu o cobertor, para que eu pudesse ver tudo. Eu estava tão excitado. Quando ele gozou, eu gozei também, sem sequer me tocar. Então, naquela noite, quando fomos para a cama, ele começou a fazer novamente, mas disse: "Você faz também.” Então vimos um ao outro. E novamente na manhã seguinte.

Naquela noite, começamos de novo, mas então ele veio e ficou na cama comigo. No início, estávamos apenas meio que abraçados, mas ainda fazendo isso a nós mesmos. O que foi bastante quente, mas de repente eu senti sua mão me agarrar.

O rosto de Angelo tinha ficado lentamente escarlate quando ele falou, e eu podia senti-lo endurecendo contra a minha perna.

- Eu acho que durou toda a coisa dois segundos, depois que ele me tocou. - Ele piscou para mim, e fechou os olhos, como se estivesse envergonhado e não conseguia me encarar. - Foi há onze anos, e ainda me lembro exatamente, como foi a primeira vez que me tocou.

- Não tem nada por se sentir mal, Ang.

Ele abriu os olhos novamente.

- Eu me sinto culpado. Ainda me excita pensar nisso. Sinto que não deveria, agora estou com você.

Eu sorri para ele.

- Não seja bobo. Acontece comigo ao pensar sobre isso, e eu nem estava lá.

A à Z (Série Coda - 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora