Não me deixe!

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[...]


Ela suspirou. Era tarde demais para pedir ao taxista para virar agora, elas estavam se dirigindo na direção oposta. Ela ia ter que deixar Callie em segurança, antes que pudesse voltar para casa. Ela balançou a cabeça e tomou um longo gole de sua vitamina.

— Você estava me espionando? — Os olhos de Callie se voltaram para os dela, desconfiados. — Para April?

— Claro que não! Eu estava no meu caminho para casa, depois de sair da biblioteca, quando eu te vi pela janela.

— Você me viu e decidiu entrar e conversar comigo? — Ela pareceu surpresa.

— Sim. — Arizona mentiu.

— Por quê?

— Eu só conheço duas pessoas em Toronto, Professora. Você é uma delas.

— Isso é uma vergonha. Suponho que Eliza seja a outra.

Arizona olhou para ela com cautela, mas não disse nada.

Fodedora de anjo.

Ela franziu a testa.

— Por que você continua lhe chamando disso?

— Porque é isso que ela é, Srta. Robbins. Ou melhor, o que ela espera se tornar. Só sobre o meu cadáver! Diga-lhe isso, diga-lhe que se ela foder com um anjo, ela estará pondo sua própria vida em risco.

Arizona arqueou uma sobrancelha para a sua profanação excêntrica, e obviamente medieval. Ela a tinha visto bêbada antes, é claro, e sabia que a sua embriaguez oscilava entre momentos de lucidez absoluta e loucura completa.

Como funciona exatamente uma foda com um anjo? Os anjos são imateriais, criaturas espirituais. Eles não têm genitália. Calliope, você é uma doente especialista em Dante!

Elas chegaram logo em seu prédio, e as duas saíram do táxi. Não era tão longe para Arizona ir a pé para casa, apenas cerca de quatro quarteirões. E ela não tinha nenhum dinheiro de sobra para um táxi, de qualquer maneira. Então, ela sorriu para Callie, deu-lhe boa noite, e deu a si mesma os parabéns, por fazer um favor e tanto a April. Em seguida, ela e sua vitamina começaram uma longa e solitária caminhada para a sua casa.

— Eu perdi minhas chaves. — Callie a chamou, vasculhando sua bolsa de couro preta e inclinando-se precariamente contra uma palmeira falsa em um vaso. —Mas eu encontrei os meus óculos! — Ela segurou a armação Prada preta no ar.

Arizona fechou os olhos e respirou fundo. Ela queria deixá-la lá. Ela queria repassar a responsabilidade por seu bem estar para algum outro Bom Samaritano, de preferência, uma pessoa desabrigada que estivesse passando. Mas quando ela olhou para o rosto confuso de Callie e a viu começando a se inclinar para um lado como se fosse cair e levar o pobre vaso de palmeira com ela (uma palmeira que nunca tinha feito mal a ninguém), ela sabia que Callie precisava de sua ajuda. Ela era a garotinha de Karen, e ela não poderia simplesmente abandoná-la. Ela sabia no fundo de seu coração, que a bondade, não importa quão pequena, nunca poderia ser desperdiçada.

Callie não pôde mesmo encontrar as chaves, pelo amor de Dante! Ela jogou a sua vitamina meio vazia em uma lata de lixo com um suspiro.

— Vamos. — Ela colocou o braço em volta de sua cintura, vacilando um pouco quando Callie passou o braço em torno de seu ombro e lhe deu um apertão amigável até demais.

Elas se dirigiram para o hall de entrada acenando para o porteiro, que reconheceu Callie e apertou o botão para abrir a porta do prédio.

Uma vez que elas conseguiram chegar ao elevador, o whisky parecia atingir Callie ainda mais. Ela ficou com os olhos fechados, pendendo a cabeça para trás, gemendo por vezes. Arizona aproveitou a oportunidade para procurar pelas chaves em sua bolsa, encontrando rápida e facilmente.

My Sweet RedemptionWhere stories live. Discover now