Eu sou um ímã para o pecado

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— Eu não estou vestida apropriadamente para um jantar, muito obrigada. — Sua voz era de cetim sobre o aço, e ela arqueou uma sobrancelha para Torres. Ela havia superado o choque inicial de ser surpreendida em sua sala de estudos e agora estava totalmente acordada e totalmente irritada com o seu tom.

Os olhos de Torres passaram sobre ela lentamente, fazendo uma pausa para considerar sua figura encantadora e depois descansou por um longo tempo em seus tênis. Ela não admitia que as mulheres usassem tênis, pois era um desperdício de uma oportunidade para a boa podologia. Limpou a garganta.

— Você me parece bem. Eu acho que a cor da sua blusa traz um rubor a sua pele e faz brilhar o azul dos seus olhos. Você está bonita, de verdade. — Callie sorriu calorosamente e desviou o olhar. —Há um pequeno lugar perto do meu prédio que eu frequento durante a semana, especialmente no final da noite. Eu vou comprar o jantar, e então poderemos conversar sobre seu projeto de Mestrado, informalmente, é claro. O que acha?

— Obrigada, Professora!

Seus olhos não se encontraram por muito tempo, mas eles se reconheceram, e quentes sorrisos foram discretamente trocados em ambos os lados.

Torres esperou pacientemente enquanto ela colocava tudo em ordem antes de sair pela porta e acenar com a mão em direção ao corredor.

— Depois de você.

Ela agradeceu, e como ela estava passando, Callie estendeu a mão e pegou a alça de sua mochila com um roçar de dedos. Arizona recuou instintivamente, deixando a bolsa cair.

Felizmente, Callie pegou.

— Esta é uma mochila muito elegante. Eu acho que poderia levá-la por enquanto. Se você não se importar. — Torres sorriu para ela, e ela corou.

—Obrigada! — Ela murmurou. — Eu realmente gosto dela. É perfeita!

Callie não fez nenhuma tentativa de se engajar na conversa até chegarem ao restaurante, Caffé Volo na Yonge Street. O lugar era tranquilo e amigável ostentando, provavelmente, a maior e melhor lista de cervejas de Toronto. Tinha um cozinheiro italiano muito bom, e sua comida era uma das mais gostosas do bairro. O restaurante em si era pequeno, com apenas dez mesas, que no verão eram alocadas num pátio. A decoração era rústica e incluía antiguidades, tais como bancos de igreja recuperados e mesas antigas. Arizona teve a impressão de algo como uma adega alemã, como o restaurante Vinum que ela havia visitado com amigos quando esteve em Frankfurt.

Callie gostava de lá, porque eles vendiam um tipo particular de cerveja Trapista que ela adorava, Chimay Première, e lhe agradava também comer uma pizza napolitana para acompanhar a cerveja. (Como sempre, ela ficava impaciente com a demora.)

Uma vez que Callie era uma frequentadora assídua do Caffé Volo, além de um pouco exigente, lhe foi oferecida a melhor mesa, num lugar tranquilo, para duas, escondido em um canto, perto da grande janela que dava para fora da loucura que era Yonge Street durante a noite.

Travestis, estudantes universitários, colegas de fraternidades, policiais, felizes casais gays, felizes casais heterossexuais, celebridades decadentes e yuppies passeando com seus pretensiosos animais de estimação, ecos-ativistas, mendigos, artistas de rua, prováveis membros de gangues da máfia russa, um professor rebelde, ou ainda, um ou outro membro do Conselho do Distrito. Era uma variedade fascinante de comportamentos humanos, ao vivo, e gratuitamente.

Arizona sentou cautelosa em seu assento, que originalmente deveria ter sido um banco de igreja e puxou o tapete de pele de cordeiro que o garçom havia deixado sobre as costas do banco, perto dela.

My Sweet RedemptionWhere stories live. Discover now