O velho Sr. Lewis olhou o corredor em seu olho mágico e não viu nada fora do comum. Ele ouviu vozes, duas mulheres discutindo, mas não podia ver ninguém. Ele tinha ouvido falar em um nome - Beatrice. Mas ele não tinha conhecimento de qualquer inquilina chamada Beatrice na cobertura. E agora, o corredor parecia estar vazio.
Ele já tinha saído de casa naquela manhã; ele teve que devolver o jornal a sua vizinha anônima, que tinha sido entregue à sua porta por engano. Os Lewis não tinham pegado o jornal de sábado, mas a Sra. Lewis sofria de demência, pegou-o e escondeu no apartamento no dia anterior.
Um pouco chateado por ter sua manhã de domingo interrompida por uma terrível discussão no corredor, o Sr. Lewis abriu a porta e enfiou sua cabeça velha para fora. A menos de cinquenta metros de distância, ele viu uma mulher encostada na porta do elevador fechada. Seus ombros estavam tremendo.
O Sr. Lewis ficou imediatamente envergonhado com a visão patética diante dele, mas foi momentaneamente hipnotizado.
Ele não reconheceu a mulher e ele não estava disposto a se apresentar. Certamente uma mulher adulta, que conseguiu subir trinta andares de um condomínio descalça e vestida casualmente e... fazendo o que estivesse fazendo, não era o tipo de pessoa que ele queria conhecer.
O Sr. Lewis recuou rapidamente, fechou a porta e a trancou, e chamou o porteiro lá embaixo para relatar que uma mulher descalça estava chorando no corredor.
*
Era final de outubro e o tempo em Toronto já estava frio. Arizona estava sem algo quente sob o casaco, enquanto ela caminhava devagar e miseravelmente para casa, porque ela tinha deixado o suéter sujo da Professora Torres para trás. Ela abraçou os braços firmemente sobre o peito, enxugando as lágrimas de raiva e resignação.
As pessoas passavam por ela na rua e deram-lhe olhares simpáticos. Canadenses podiam ser assim: silenciosamente simpáticos, mas educadamente distantes.
Arizona ficou grata por sua simpatia e ainda mais agradecida que ninguém parou para perguntar por que ela estava chorando. Sua história era tão demasiadamente longa e completamente fodida para contar.
Arizona nunca se perguntou por que coisas ruins acontecem a pessoas boas, pois ela já sabia a resposta: coisas ruins acontecem a todos. Não que isso fosse uma desculpa ou uma justificativa para ofender outro ser humano. Ainda assim, todos os seres humanos tinham essa experiência compartilhada – o sofrimento. Nenhum ser humano deixou este mundo sem derramar uma lágrima, ou sentir dor, ou velejar no mar de tristeza. Por que sua vida seria diferente? Por que ela deveria esperar um tratamento especial e privilegiado? Mesmo Madre Teresa sofreu, e ela era uma santa.
Arizona não se arrependeu de cuidar de sua Professora enquanto ela estava bêbada, apesar de sua boa ação não ter saído impune. Porque, se você realmente acredita que a bondade nunca é um desperdício, você tem que se agarrar a essa crença, mesmo quando a bondade é descartada em sua cara.
Ela tinha vergonha por ter sido tão estúpida, tão tola, tão ingênua a ponto de pensar que Callie iria se lembrar dela depois de uma bebedeira e que elas poderiam retornar de onde elas haviam parado (mas elas nunca começaram, na verdade) naquela noite no pomar. Arizona sabia que ela tinha criado fantasias românticas, um conto de fadas, sem qualquer conexão com o mundo real, e a Callie real, como ela era.
"Mas era real – o fogo estava lá. Quando ela me beijou, quando ela me tocou, a eletricidade ainda estava lá. Ela tinha de ter sentido isso - não era minha imaginação." Arizona rapidamente empurrou esses pensamentos de lado, desejando enterrar essas lembranças dentro dela, uma dieta sem-Torres. "É hora de crescer. Sem mais contos de fadas. Ela não se importava o suficiente para lembrar de você naquele setembro, e ela tem Erica, agora."
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My Sweet Redemption
RomanceEnigmática e sexy, a Professora Callie Torres é um especialista muito respeitada em Dante, mas à noite ela se dedica a uma vida desinibida na busca do prazer. Ela usa sua notória boa aparência e charme sofisticado para satisfazer seus caprichos, mas...